Minha opinião sobre o "The Car", novo álbum do Arctic Monkeys
THE CAR Banda: Arctic Monkeys Duração: 37 minutos Data de lançamento: 21 de outubro de 2022 Nota: 4,5 ⭐ Ouça aqui: Spotify * YouTube * Apple Music * Amazon Music |
Oi, galerinha! Sei que andei sumida, mas é por causa da escola. Tenho algumas resenhas pra fazer, de livros que li recentemente, mas, como essas semanas serão mais tranquilas, vou escrever em breve ;) Nunca fiz a resenha de um álbum, mas pra tudo tem uma primeira vez, não é mesmo? Hoje, portanto, vamos ao que achei do "The Car", sétimo e mais novo álbum de estúdio do Arctic Monkeys! <3 Foi lançado ontem, dia 21 de outubro, e já dei várias escutadas!
Ah, já adianto que gostei do álbum, que segue a linha do "Tranquility Base Hotel & Cassino", mas, como Alex Turner bem disse, o "The Car" seria um retorno à Terra, se distanciando da sonoridade de ficção científica e espacial de seu antecessor. Talvez por isso seja mais fácil gostar dele "de cara" do que do Tranquility Base (pelo menos foi assim pra mim), embora eu acredite que ambos valham a pena. Isso não significa que eu goste mais do "The Car", até porque eu acho que ainda tá cedo pra eu sair definindo isso. Enfim.
Primeiramente, eu gostaria que as pessoas entendessem que o Arctic Monkeys está tomando novos rumos e que é bom que eles se aventurem em experimentações e saiam da zona de conforto que insistem em inseri-los. Ok, os primeiros álbuns realmente são maravilhosos e eu amo, e tá tudo bem não gostar do novo som deles, mas eles não são mais os meninos de 20 anos que eram quando o álbum de estreia deles foi lançado. As músicas deles atualmente refletem quem eles são hoje, e prender-se ao passado é injusto com os caras. Reclamar das mudanças deles e desmerecer toda a trajetória da banda em prol de um passado que não existe mais é realmente injusto. O importante é que eles seguem fazendo o que gostam, e, pelo que falaram em entrevistas, eles realmente se divertiram no processo de gravação do "The Car". E essa é uma das coisas que mais gosto no Arctic Monkeys: eles se mantêm fiéis à própria essência, ao que eles gostam de fazer, e buscam sempre experimentar e inovar dentro de seu próprio som, mesmo que isso acabe desagradando alguns. Se o interesse deles fosse puramente comercial, eles já teriam feito um "AM parte 2" há muito tempo. E bem que eles tentaram "retornar às origens", mas os resultados não estavam agradando, e, como afirmou Alex Turner, eles estavam soando como uma paródia de si mesmos. Eu, sinceramente, acho incrível que eles fujam desse conceito de se repetirem. Como disse, está tudo bem não gostar e dizer que não gosta. Afinal, gosto é gosto e não se discute, mas desmerecê-los pelo álbum é claramente incompreensão da trajetória deles.
Dito isso, vamos ao que eu achei. Quando eles estrearam "I Ain't Quite Where I Think I Am" em um dos primeiros shows dessa nova era, bem antes do lançamento do álbum, eu admito que não curti muito e fiquei com um forte pé atrás. Mas então, um tempinho depois, eles lançam o primeiro single: "There'd Better Be a Mirrorball", e, como falei em um post daqui, eu chorei um pouquinho com a música, porque eles realmente estavam de volta e porque eu achei a música linda. Pronto, já estava mais animada! E, tendo escutado todas as 10 músicas, posso dizer que é a minha favorita! Aliás, todas as canções parecem ter saído da trilha sonora de algum filme, o que eu achei bem massa e me faz ficar imaginando cenas que combinariam com elas :)
Mas vamos falar faixa por faixa, pela ordem que aparece no álbum.
There'd Better Be a Mirrorball é melancólica, tanto em sua letra ( que, na minha opinião, fala sobre término) como em sua sonoridade, e eu amo músicas nesse estilo, então foi bem fácil gostar dela. O clipe também está bem massa, e foi dirigido por Alex Turner! Gostei muito da abertura, que mostra o Alex tocando piano com uma luz refletindo em seus cabelos, o que deixa o vídeo ainda mais bonito. Além disso, gostei bastante da fonte usada para anunciar o nome da canção, pois combinou bastante. É um clipe bonito, em vemos vários takes da banda e que e combinou muito com a melancolia da música.
I Ain't Quite Where I Think I Am foi o terceiro single, lançado pouco antes do álbum. Achei chatinha nas primeiras vezes em que escutei (antes do lançamento oficial), mas, à medida que eu ia ouvindo, eu ia me acostumando ao som e achando mais legalzinha. Quando eu descrevi a canção na postagem que eu fiz sobre o anúncio do álbum, eu usei exatamente esse termo (legalzinha) como um eufemismo, porque eu não sabia se aquela seria a sonoridade do álbum todo e porque eu também queria ouvir a versão de estúdio pra formular melhor minha opinião. De qualquer forma, estou dando mais chances a ela, pois sempre tem alguma música que não gosto de primeira e que depois de um tempo passo a gostar. Ainda não acho tudo isso, mas tem umas partes interessantes (o começo, antes de Alex começar a cantar, por exemplo). Apesar disso, essa bendita ficou na minha cabeça durante uma manhã inteira, feito chiclete. Vai entender. De qualquer forma, é bacana que o Arctic Monkeys esteja se propondo a explorar novos sons, mesmo que, nesse caso em específico, não tenha me agradado tanto.
Sculptures of Anything Goes era a canção que eu estava mais animada pra ouvir. Antes de sair aqui no Brasil, o álbum já tinha sido lançado em vários lugares por causa da diferença de fuso-horário, e a maioria das pessoas estavam dizendo que essa era a melhor do álbum. Bom, eu humildemente discordo. Eu gostei, mas está longe de ser uma das minhas favoritas. O som bastante cinematográfico é bem massa e faz com que eu me sinta em um filme, mas não achei isso tudo que estavam falando.
Quando eu ouvi Jet Skis on The Moat pela primeira vez me veio logo a cena de um casal dançando lentamente pela sala. Ok, bastante específico, mas foi exatamente isso. Eu adorei! Bem calminha, tranquila, bonita. Me passa a sensação de poesia, de olhar para o céu em uma noite estrelada e apreciar. Na verdade, não é a única música no álbum que me passa essa sensação. Falando de uma forma geral, creio que o "The Car" como um todo tenha essa energia.
Body Paint foi o segundo single, e ouvi pela primeira vez em um vídeo com o áudio vazado de um show que eles fizeram, antes mesmo do lançamento oficial. Depois, eles também tocaram naquele talk show famoso dos Estados Unidos, o programa de Jimmy Fallon. E, sério, a versão ao vivo é ainda melhor, vale super a pena conferir. Enfim. Eu gostei muito! Na minha visão, a letra fala sobre o fim de um relacionamento (talvez eu esteja enganada, mas é dessa forma que eu interpreto). Há um trecho que, particularmente, achei interessante e melancólico (tendo em vista a minha interpretação da música como um todo é claro), que é: "And if you're thinking of me, I'm probably thinking of you" ("E se você está pensando em mim, eu provavelmente estou pensando em você"). Outro trecho que eu gostei, é um que se repete bastante: "There's still a trace of body paint on your legs and on your arms, and on your face" ("Ainda há um rastro de pintura corporal, nas suas pernas e nos seus braços e no seu rosto"). Eu interpreto essa parte sobre as marcas desse relacionamento, que foram deixadas na outra pessoa. Talvez eu esteja viajando? Provavelmente, mas pra mim sentido. Ah, e o clipe é bem top, vale a pena conferir. Achei melhor do que o de There'd Better Be a Mirrorball, tendo estilo de filme mesmo!
The Car (a música) tem um começo muito bonito, que passa sensação de infinito, sabe? Depois, a canção prossegue com um som instigante, cinematográfico e melancólico, palavras que, vocês já devem ter percebido, descrevem bem o álbum como um todo. Merece um clipe, ia ficar bem massa!
Big Ideas soa autobiográfica, como vi algumas pessoas apontando e como fica notório no seguinte trecho (vou colocar logo a tradução porque é longuinho): "Eu tive grandes ideias, a banda estava tão animada/ O tipo que você prefere não compartilhar por telefone / Mas agora a orquestra tem todos nós cercados". O som do The Car é certamente mais orquestral do que o dos álbuns anteriores, algo que fica evidente em praticamente todas as faixas e pela presença constante de violinos, então eu realmente acredito que Big Ideas seja sobre a própria banda. No entanto, meu trecho favorito é: "The ballad of what could have been" ("A balada do que poderia ter sido"), porque se aplica a outras situações fora, inclusive, do contexto da banda. Eu achei uma frase bem legal!
O começo de Hello You me lembrou bastante o AM, especificamente Knee Socks. Mas de uma forma diferente, realmente mais orquestrada. É como se Knee Socks e o Everything You've Come To Expect (segundo álbum do The Last Shadow Puppets, banda paralela de Alex Turner) tivessem tido um filho, e esse filho é Hello You. Pra ser sincera, esse é o álbum do Arctic Monkeys que mais lembra o TLSP, e esta poderia ser facilmente uma música lançada pelo projeto paralelo do Alex, que vale muito a pena ser conferido. Gostei!
Mr. Schawartz é linda. Tem uma sonoridade romântica, e, assim como Jet Skis on The Moat, é o tipo de música que é fácil imaginar um casal dançando ao som dela. É o tipo de música pra se sentir, pra parar para apreciar. Sério, me pergunto o porquê de as pessoas não estarem falando tanto dela. É incrível!
O álbum fecha com chave de ouro. Perfect Sense é linda, contagiante, tristinha, lenta. Do jeitinho que eu gosto. Tem um trecho que eu achei bem interessante: "Continue me lembrando que não é uma corrida/ Quando minha sequência invencível se transforma na reta final" e na hora que eu vi essa parte da música eu pensei em questões sobre comparação. Provavelmente nem é sobre isso, mas foi o que me veio à cabeça. Acho muito legal essas interpretações diversas que podemos ter sobre as coisas (quando elas permitem isso, é claro).
Em ordem de preferência, fica assim (provavelmente vai mudar, porque é o que sempre acontece, mas, nessas primeiras ouvidas, deu nisso):
1. There'd Better Be a Mirrorball
2. Body Paint
3. Mr. Schwartz
4. Perfect Sense
5. The Car
6. Jet Skis On The Moat
7. Hello You
8. Big Ideas
9. Sculptures of Anything Goes
10. I Ain't Quite Where I Think I Am
Se vocês forem no site do Letras (Letras.mus.br), pesquisarem por There'd Better Be a Mirrorball e descerem a página, vocês vão encontrar meu nome e perfil lá, porque a canção foi enviada por mim hehehe ;) também enviei a tradução de The Car e a legenda de algumas músicas, como Body Paint. É realmente divertido contribuir por lá :) Enfimm
Vale a pena escutar o álbum, com a mente e com o coração abertos. "The Car" é um convite à introspecção, tão presente nas músicas, então, por que não? As mudanças são bem-vindas, e é interessante acompanhar a evolução do Arctic como banda. Recomendo! <3