terça-feira, 30 de abril de 2024

Resenha: "Fernando Pessoa: Poesias"

abril 30, 2024 2 Comments
FERNANDO PESSOA: POESIAS
Autor:
 Fernando Pessoa
Número de páginas: 144
Editora: L&PM
Nota: 4,7/5 ⭐


Oi, pessoal! Faz tempo que não apareço por aqui... é porque agora estou no terceiro ano do Ensino Médio, então minha vida está bem corrida e meu tempo, consequentemente, um tanto escasso. De qualquer forma, cá estou eu novamente! :) 

Hoje irei falar sobre uma coletânea de poesias de Fernando Pessoa que peguei emprestada da minha mãe. Em apenas 144 páginas, o livro reúne vários poemas, incluindo os lançados sob alguns dos heterônimos do autor português. 


Já havia lido alguns poemas de Fernando Pessoa ao longo da vida, mas  nunca havia parado para lê-los com mais afinco. Interessei-me mais quando vi este livro no consultório da minha médica e li alguns textos, que chamaram a minha atenção pela maneira como Fernando Pessoa fala sobre os sentimentos, sobre vivências e sobre a morte, com certo pessimismo e com bastante honestidade. Passado um tempinho, notei que a minha mãe tinha o mesmo livro que vi no consultório da minha médica, então peguei emprestado e, durante 1 mês, as poesias me fizeram companhia - mas algumas, sei bem, continuarão a ressoar dentro de mim. 


Além dos temas já citados, Pessoa também fala bastante sobre as navegações portuguesas, como em um de seus poemas mais famosos, "Mar Português". Outros famosos poemas também estão presentes na coletânea, como "Tabacaria" (um de meus favoritos) e "Poema em Linha Reta" (que também se enquadra nessa categoria). Mas gostei de vários, como "O Menino Da Sua Mãe", "Apontamento" e outros sem título! Ficava sempre relendo meus versos favoritos, e alguns ainda ecoam em minha mente, de tão bonitos que são. Também é fácil se identificar com as palavras de Fernando Pessoa, pois são bastante sinceras, e acho muito bonita essa sinceridade e essa ousadia em expor a própria alma.


Enfim! Gostei bastante da experiência. Se você for ler, vai lendo aos pouquinhos, pra apreciar. Recomendo muito a leitura! ❤ 


🌸 ALGUMAS CITAÇÕES FAVORITAS 🌸


"Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto" - Página 29

"Tenho a alma feita pequena, livre de mágoa e de dó;
Sonho sem quase ser, perco sem nunca ter tido,
E comecei a morrer muito antes de ter vivido" - Página 35

"E é sempre melhor o impreciso que embala do que o certo que basta, 
porque o que basta acaba onde basta, e onde acaba não basta" - A Casa Branca Nau Preta, página 58

"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?" - Tabacaria, página 64

"Tenho sonhado mais do que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais
humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre 'o que não nasceu pra isso' " - Tabacaria, página 65

"Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu" - Apontamento, página 76

"Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida" - Aniversário, Página 78

"Houve um dia em que subi esta rua pensando alegremente no futuro,
Pois Deus dá licença que o que não existe seja fortemente iluminado" - Realidade, página 82

"E os meus pensamentos são todos sensações" - Página 93


"Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão - 
Porque não tinha que ser.

Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados 
Como para os que não o são.
Sentir é estar distraído" - Página 101

"Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim. 
[...]
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
[...]
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é" - Página 102

"Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo,
E ao beber nem recorda
Que já bebeu na vida,
Para quem tudo é novo
E imarcescível sempre" - Página 105

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui. Põe quanto és
No mínimo que fazes
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive." - Página 117