EU NASCI PRA ISSO Autora: Alice Oseman Editora: Seguinte Número de páginas: 368 Nota: 4/5 ⭐ |
Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de "Eu nasci pra isso", de Alice Oseman (mesma autora de Heartstopper)! Li em 1 semana (terminei ontem) e foi uma experiência agradável :)
O livro acompanha Angel Rahimi e Jimmy Kaga-Ricci, sendo narrado em primeira pessoa e alternando entre o ponto de vista dos dois. Angel é super fã do Ark, banda de rock que está dominando o mundo, e a acompanha desde que o Ark tinha começado a postar vídeos tocando no YouTube, quando os membros tinham acabado de entrar na adolescência. Assim, Angel viaja a Londres para assistir ao show da banda e passar a semana na cidade, ficando hospedada na casa da avó de sua amiga virtual, Juliet, que conhece graças ao interesse em comum pelo Ark. Angel fica super animada para passar a semana se dedicando ao Ark ao lado de Juliet, além de ficar feliz porque estava finalmente conhecendo a amiga com quem falava há anos na internet. No entanto, seus planos são frustrados quando ela descobre que Juliet chamou Mac para passar a semana com elas também. Mac é um amigo virtual de Juliet, e também estava indo ao show do Ark.
Em vários momentos me identifiquei com Angel e sua paixão pelo Ark, pois sou super fã do Arctic Monkeys e do Coldplay e adoro acompanhá-los! Entretanto, devo admitir que em certas passagens da narrativa eu achei a personagem um tanto chatinha e implicante, mas dá pra relevar. Algo perceptível em Angel é a forma como ela usa a banda para se distrair de seus problemas pessoais. Ela se agarra a essa paixão com todas as suas forças pois é por causa da banda que Angel acredita que ainda há algo de bom no mundo. Para ela, o Ark é perfeito, e a vida de seus integrantes é perfeita. Então, enquanto tudo estiver bem com o Ark, tudo ficará bem com ela. Eu creio que muitas pessoas podem acabar se identificando com Angel nesse aspecto também, pois nossas paixões realmente nos ajudam a atravessar a vida, mas precisamos entender que ela não se resume a nossas paixões, e essa é uma das lições da obra.
Do outro lado da moeda temos Jimmy Kaga-Ricci, um dos membros da famosa boyband, junto de seus amigos Lister Bird e Rowan Omondi. Através de seu ponto de vista, conhecemos a loucura dos bastidores da vida pessoal da banda e o cotidiano frenético que levam. Além disso, Jimmy sofre seriamente de ansiedade, e toda a fama e a vida corrida apenas pioram o quadro. Para ser sincera, gostei mais de acompanhar o ponto de vista de Jimmy porque me permitiu refletir melhor sobre a vida que os famosos levam, e nem sempre eles passam por situações agradáveis em decorrência da fama: a falta de privacidade, o assédio constante, a saudade de casa, a vida desassossegada e de aparências... Essa questão faz Jimmy refletir sobre a própria carreira e sobre os caminhos que a banda está levando. Afinal, o Ark é um verdadeiro sonho para ele, mas a fama está custando a sua saúde mental, a sua felicidade. É muito interessante ver que para os fãs tudo parece perfeito, mas a realidade muitas vezes é completamente diferente. Além de Jimmy, Lister e Rowan também precisavam lidar com seus problemas pessoais, como o fato de que Lister é alcóolatra e Rowan está em um relacionamento fadado ao fim.
- Todo mundo é normal, não acham? - Bliss comenta. - Tipo, todo mundo é normal, todo mundo é esquisito, todo mundo só está tentando tocar a própria vida, manter a calma, seguir em frente. E se agarrar a qualquer coisa que lhes permita continuar.
- É - digo.
- É por isso que as pessoas entram em fandoms, formam bandas e tal. Só querem se agarrar ao que faz com que se sintam bem. Mesmo que seja tudo uma grande mentira.
Gostei muito de ver como Alice Oseman contrasta a visão de Jimmy com a visão de Angel, pois nos permite ver o lado do famoso e o lado do fã. Mas eles não se resumem a isso: os dois tem as suas questões, as suas personalidades. Em determinado momento, os caminhos de ambos se cruzam, porém eu não irei dizer como, obviamente. Ah, e quando eu comprei o livro eu pensei que seria um romance, mas não é nada disso (isso não me decepcionou, é claro). Enfim! Outra coisa que gostei muito foi a forte representatividade presente na história. Angel, por exemplo, é mulçumana e Jimmy é um homem trans (inclusive, acho que esse é o primeiro livro que leio protagonizado por uma pessoa trans). Todavia, essas coisas são apenas detalhes de quem eles são, uma pequena parte de um enorme universo. Não é tudo. Alice Oseman retrata seus personagens de forma muito natural, como de fato é. Angel não se limita a ser mulçumana e Jimmy não se limita a ser trans, eles são muito mais do que uma parte de suas características. "Eu nasci pra isso" também faz várias referências bacanas, como ao Radiohead e ao The Killers, entre outras. O livro foi escrito em 2018 (embora tenha sido lançado no Brasil somente esse ano), mas poderia facilmente ter sido escrito em 2023 mesmo.
O livro vem com um marcador de páginas e eu também ganhei um pôster bem bonito (porque comprei a versão com brinde), que possui o desenho da capa. Já pendurei inclusive! Olha aqui 👇🏼
Enfim, recomendo! Foi uma leitura bem interessante e agradável ;)
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