MOXIE: QUANDO AS GAROTAS VÃO À LUTA Autora: Jennifer Mathieu Editora: Verus Editora Número de páginas: 288 Nota: 5/5 ⭐ |
Olá, pessoal! Hoje trago a resenha de "Moxie: Quando as garotas vão à luta", minha última leitura do mês de abril. Li o livro por influência do filme ("Dica de filme: Moxie - quando as garotas vão à luta"), que assisti no mês de março, e gostaria de dizer o óbvio: o livro é mil vezes melhor!! Mas irei falar mais sobre isso no decorrer da resenha.
A história gira em torno de Vivian Carter, uma adolescente que está cansada do machismo fortemente presente no Colégio East Rockport, no interior do Texas. Decidida a conscientizar as outras meninas sobre os absurdos que ocorrem no colégio e despertar o desejo de lutar contra as opressões, Vivian cria e distribui os zines (espécies de revistinhas) da "Moxie" de forma anônima, inspirada no movimento das Riot Grrrls, do qual sua mãe fez parte. Com o passar do tempo, mais e mais garotas se juntam à Moxie, o que faz com que o movimento cresça no colégio, causando um verdadeiro rebuliço. Apesar disso, as garotas não desistiram e lutaram para que suas vozes fossem ouvidas.
Era isso que o movimento Riot Grrrl tentava fazer. Elas [as meninas do movimento] tentavam criar caminhos para que as garotas se encontrassem. Garotas que se preocupavam com as mesmas questões e viviam as mesmas lutas e gostavam das mesmas coisas. Mas, como a internet não existia, elas faziam zines, bandas, folhetos em letra de música, shows e fita cassete que vendiam por cinco dólares.
Foi uma leitura excelente e gratificante! O machismo presente nas atitudes dos garotos e homens do colégio me causaram muita raiva, e é muito triste que isso ainda aconteça em pleno século XXI. Assim, a obra veio para conscientizar a gente, adolescente, sobre o feminismo e algumas de suas pautas, fazendo isso com maestria! Com uma linguagem simples e fácil de ser compreendida, "Moxie" é um livro que todas (e todos) deveriam ler, não importa qual seja a idade de quem faz a leitura. Um ótimo livro para realizar uma introdução ao feminismo, contextualizando pautas importantes e mostrando que nossa luta é diária.
Além de apresentar o movimento feminista de forma didática e lúdica, "Moxie" também possui outros pontos positivos bem legais. A relação de Vivian com suas amigas é algo que merece ser destacado, pois podemos ver a presença de sororidade entre elas e também entrar em contato com as vivências de outras personagens. É interessante ver como as garotas lidam de formas diferentes com o feminismo e como elas vão, aos poucos e à medida que se conscientizam, abraçando a causa. Um exemplo disso é Claudia, melhor amiga de Vivian, que inicialmente se mostrava relutante com relação ao movimento, mas que depois acabou se identificando como feminista ao entender melhor sobre o que o feminismo trata. Também temos Lucy, que acabou de se mudar de colégio, onde vivia uma realidade completamente diferente, já que sua antiga escola não era conservadora como East Rockport.
- Sabe - digo - acho massa ela [Lucy] dizer que é feminista.
Claudia não responde na hora. Por um segundo acho que já dormiu.
- É, pode ser - ela responde, e percebo que está escolhendo as palavras com muito cuidado.
- Você quer dizer que não tem certeza se acha massa? - pergunto, também escolhendo as palavras com muito cuidado.
- Quero dizer que acho que não precisa de rótulo. A palavra "feminista" é estranha e assustadora para as pessoas. Acabam pensando que você odeia os homens. Prefiro dizer que sou, sabe, a favor da igualdade.
- E o feminismo não é exatamente isso? Igualdade? Não acho que signifique que você não pode querer sair com os caras. [...]
Outro ponto positivo do livro é a forma como ele mostrou como os homens muitas vezes não compreendem as nossas lutas e não saem de suas bolhas e como é difícil para eles fazerem isso, justamente por não sofrerem com as opressões do machismo. Essa visão foi apresentada por meio do personagem Seth, namorado de Vivian. Ele apoia o feminismo, mas não entende determinadas pautas, reproduzindo falas machistas como "nem todo homem...". É interessante como a obra aborda isso, promovendo o debate e não o cancelamento.
LIVRO X FILME
Agora, fazendo algumas comparações com o filme... Irei deixar de fora comentários irrelevantes, como o fato de Vivian ser loira no filme e ter cabelo preto no livro.
O desenvolvimento das personagens, no livro, se deu de maneira bastante natural e fluida, o que não ocorreu no filme. No longa-metragem, as personagens tiveram um desenvolvimento bem superficial, e isso foi algo que me incomodou antes mesmo de ler o livro para poder fazer comparações. Além disso, a forma como o feminismo foi abordado no livro também foi melhor desenvolvida. O relacionamento entre Seth e Vivian no filme é um tanto sem graça, porque, novamente, não é algo que possui um bom desenvolvimento. No livro, nós realmente torcemos pelo relacionamento dos dois, que é verdadeiramente fofo. O "Seth do filme" foi apresentado como o "rapaz perfeito", o que o torna sem graça, diferentemente do "Seth do livro", que apresenta qualidades e defeitos, assim como qualquer ser humano. Em outras palavras: seu personagem ganhou uma profundidade melhor e mais adequada.
Sei que os filme são menos detalhados em comparação às obras originais, mas isso não significa que eles não possam adaptá-las melhor ou de forma mais coerente. O longa-metragem não mudou muita coisa com relação ao livro, mas excluiu fatos interessantes e relevantes ao desenvolvimento da história, o que acabou comprometendo a qualidade final. Então, é uma obra relativamente fiel, mas com um desenvolvimento ruim. Uma adaptação bastante mediana.
Definitivamente, o livro merecia uma adaptação melhor!
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