segunda-feira, 21 de junho de 2021

Resenha: "Lonely Hearts Club"

 

LONELY HEARTS CLUB
Autora:
 Elisabeth Eulberg
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 240
Nota: 3/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de um livro que li esse mês e que estava com grandes expectativas para a leitura: "Lonely Hearts Club", da escritora Elisabeth Eulberg e publicado aqui no Brasil pela Intrínseca. Infelizmente, acabei me decepcionando com a leitura, mas já era de se esperar por conta do tamanho de minhas expectativas. É um livro razoável, mas irei falar mais sobre isso no decorrer da resenha. 


A história acompanha a adolescente Panny Lane Bloom, que, após sofrer uma traição e ser bastante magoada, decide não namorar mais nenhum garoto até o fim do ensino médio. Com isso, ela decide criar o "Lonely Hearts Club" (Clube dos Corações Solitários em português), inspirada nos Beatles. O clube é muito importante para ela e para as outras meninas, que estavam cansadas de se anularem dentro de relacionamentos e de serem magoadas por causa de meninos. Assim, elas apoiam umas às outras, mostrando que garotas são muito mais do que relacionamentos românticos com meninos. Dessa forma, o livro fala bastante sobre sororidade e amizade - embora se contradiga em alguns momentos...


Uma característica muito marcante na obra pode ser percebida já na capa e no título: as referências aos Beatles (e esse foi um dos motivos para minhas expectativas para a leitura terem sido tão altas). A capa do livro faz referência à capa do álbum de "Abbey Road", de 1969, e o título faz referência ao álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", de 1967. Algo que gostei na edição brasileira é que eles decidiram manter o título original, em inglês, pois a referência à banda fica ainda mais explícita. Outras referências foram acrescentadas ao longo do livro, como as partes que o dividem, que recebem o nome de músicas dos Beatles e combinam com o que vai acontecer naquele momento da história. Além disso, o próprio nome da protagonista (Penny Lane) faz referência a uma música da banda, e suas irmãs se chamam Rita ("Lovely Rita", de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band") e Lucy ("Lucy in the sky with diamonds", do mesmo álbum). Enfim, o livro está recheado de referências e isso é um ponto bastante positivo! 


Primeira parte do livro, com um trechinho da música e sua tradução logo abaixo



Com uma premissa tão maravilhosa (e resenhas tãoo positivas na internet) espera-se que o livro seja igualmente maravilhoso. Mas não é o que acontece. O casal principal da obra é simplesmente entediante, e, como ele recebe uma atenção considerável na história, merecia ter recebido um desenvolvimento melhor. Às vezes eu tinha a impressão que o relacionamento dos envolvidos não era saudável, por conta de alguns acontecimentos. Além disso, o livro é MUITO clichê em determinados momentos, do tipo que me faz querer revirar os olhos. Claro que isso pode ser um ponto positivo para algumas pessoas, mas para mim é negativo pois torna a história cansativa. Outro ponto negativo é o foco de determinadas passagens do livro, que se concentram muito nos garotos. Pelo menos isso melhora no decorrer do livro... Além disso, a obra conta com passagens que contradizem a própria premissa, como essa (não leia caso queira evitar spoilers):


Ela agarrou Ryan pela mão e o arrastou para a pista de dança. Para uma criatura que não passava de um graveto de um metro e meio sem alma, ela certamente tinha a força de cem jogadores de futebol americano. 

A raiva e indignação começaram a fervilhar dentro de mim. Parte de mim queria interromper os dois. Só pra irritar Missy. 

Mas eu não jogava mais esse joguinho. Eu estava com minhas garotas.

Ainda que o fato de Missy ter vencido esse round me tirasse do sério. 


(SPOILER 🚨)  No trecho acima, Penny Lane diz que não iria mais disputar por um garoto ("mas eu não jogava mais esse joguinho"), e, logo em seguida, diz que a outra garota havia "vencido o round", o que contradiz o que ela havia afirmado. Na passagem, notamos um pouco de rivalidade feminina por parte da própria Penny Lane, e isso contradiz a premissa do livro. A própria personagem da Missy é extremamente caricata e clichê: a menina que deseja ser popular, que faz de tudo para chamar a atenção dos garotos, que enxergar as outras garotas como "rivais"...


As melhores amigas de Penny Lane, Tracy e Diane, merecem um destaque especial na resenha, pois apresentaram um desenvolvimento muito bom, sendo maravilhoso poder acompanhar o crescimento delas na história. Elas passaram a ser mais independentes e empoderadas, o que mostra a efetividade do clube de servir como rede de apoio. A amizade e a sua importância foram pontos bem retratados na obra, o que é ótimo! Penny Lane também é uma personagem empoderada, mas devo dizer que suas amigas me cativaram mais (especialmente Diane). Em alguns momentos, a protagonista é um tanto contraditória (como no trecho que escrevi acima do parágrafo anterior), implicante e chata (SPOILER 🚨 Como quando ela e Tracy estavam indo a uma festa, e Ryan, seu "crush", havia sido convidado por Tracy. Assim, quando sua melhor amiga estava se arrumando, Penny Lane sugeriu, em pensamento, que "era óbvio que [ela] usando todas as armas para conquistar Ryan", como se ela não pudesse se arrumar para si mesma, por puro ciúmes!). 


Se você quiser algo bemmm bobinho, para espairecer a cabeça, e caso você tenha paciência para determinados clichês - alguns deles explicitados aqui na parte dos spoilers - eu recomendo o livro. No entanto, de uma maneira geral, não recomendo, pois, apesar de seus pontos positivos e alguns acertos, ele é bastante contraditório e dispensável. 



❁ CITAÇÕES FAVORITAS ❁


" [...] Para ser sincera, estou cansada de tudo. Os joguinhos... os garotos... tudo. Duvido que haja aqui alguma menina que nunca tenha ficado obcecada imaginando se aquele garoto, iria ligar, ou se teria companhia para ir a uma festa. E por causada pressão para fazer isso e aquilo com um garoto, acabamos nos conformando com alguém que não vale a pena. E quando realmente encontramos um carinha que pensamos ser especial, esquecemos as amigas. [...] Ou então mudamos alguma coisa em nós mesmas para agradar a um garoto, em vez de fazer o que nos deixa feliz ou o que sabemos que é certo. Por que fazemos isso? Por que nos damos o trabalho?" - Página 114

"Precisamos nos apoiar para lembrarmos como somos especiais." - Página 114

Nenhum comentário:

Postar um comentário