Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de um livro que li esse mês e que estava com grandes expectativas para a leitura: "Lonely Hearts Club", da escritora Elisabeth Eulberg e publicado aqui no Brasil pela Intrínseca. Infelizmente, acabei me decepcionando com a leitura, mas já era de se esperar por conta do tamanho de minhas expectativas. É um livro razoável, mas irei falar mais sobre isso no decorrer da resenha.
A história acompanha a adolescente Panny Lane Bloom, que, após sofrer uma traição e ser bastante magoada, decide não namorar mais nenhum garoto até o fim do ensino médio. Com isso, ela decide criar o "Lonely Hearts Club" (Clube dos Corações Solitários em português), inspirada nos Beatles. O clube é muito importante para ela e para as outras meninas, que estavam cansadas de se anularem dentro de relacionamentos e de serem magoadas por causa de meninos. Assim, elas apoiam umas às outras, mostrando que garotas são muito mais do que relacionamentos românticos com meninos. Dessa forma, o livro fala bastante sobre sororidade e amizade - embora se contradiga em alguns momentos...
Uma característica muito marcante na obra pode ser percebida já na capa e no título: as referências aos Beatles (e esse foi um dos motivos para minhas expectativas para a leitura terem sido tão altas). A capa do livro faz referência à capa do álbum de "Abbey Road", de 1969, e o título faz referência ao álbum "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", de 1967. Algo que gostei na edição brasileira é que eles decidiram manter o título original, em inglês, pois a referência à banda fica ainda mais explícita. Outras referências foram acrescentadas ao longo do livro, como as partes que o dividem, que recebem o nome de músicas dos Beatles e combinam com o que vai acontecer naquele momento da história. Além disso, o próprio nome da protagonista (Penny Lane) faz referência a uma música da banda, e suas irmãs se chamam Rita ("Lovely Rita", de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band") e Lucy ("Lucy in the sky with diamonds", do mesmo álbum). Enfim, o livro está recheado de referências e isso é um ponto bastante positivo!
Primeira parte do livro, com um trechinho da música e sua tradução logo abaixo |
Com uma premissa tão maravilhosa (e resenhas tãoo positivas na internet) espera-se que o livro seja igualmente maravilhoso. Mas não é o que acontece. O casal principal da obra é simplesmente entediante, e, como ele recebe uma atenção considerável na história, merecia ter recebido um desenvolvimento melhor. Às vezes eu tinha a impressão que o relacionamento dos envolvidos não era saudável, por conta de alguns acontecimentos. Além disso, o livro é MUITO clichê em determinados momentos, do tipo que me faz querer revirar os olhos. Claro que isso pode ser um ponto positivo para algumas pessoas, mas para mim é negativo pois torna a história cansativa. Outro ponto negativo é o foco de determinadas passagens do livro, que se concentram muito nos garotos. Pelo menos isso melhora no decorrer do livro... Além disso, a obra conta com passagens que contradizem a própria premissa, como essa (não leia caso queira evitar spoilers):
Ela agarrou Ryan pela mão e o arrastou para a pista de dança. Para uma criatura que não passava de um graveto de um metro e meio sem alma, ela certamente tinha a força de cem jogadores de futebol americano.
A raiva e indignação começaram a fervilhar dentro de mim. Parte de mim queria interromper os dois. Só pra irritar Missy.
Mas eu não jogava mais esse joguinho. Eu estava com minhas garotas.
Ainda que o fato de Missy ter vencido esse round me tirasse do sério.
(SPOILER 🚨) No trecho acima, Penny Lane diz que não iria mais disputar por um garoto ("mas eu não jogava mais esse joguinho"), e, logo em seguida, diz que a outra garota havia "vencido o round", o que contradiz o que ela havia afirmado. Na passagem, notamos um pouco de rivalidade feminina por parte da própria Penny Lane, e isso contradiz a premissa do livro. A própria personagem da Missy é extremamente caricata e clichê: a menina que deseja ser popular, que faz de tudo para chamar a atenção dos garotos, que enxergar as outras garotas como "rivais"...
As melhores amigas de Penny Lane, Tracy e Diane, merecem um destaque especial na resenha, pois apresentaram um desenvolvimento muito bom, sendo maravilhoso poder acompanhar o crescimento delas na história. Elas passaram a ser mais independentes e empoderadas, o que mostra a efetividade do clube de servir como rede de apoio. A amizade e a sua importância foram pontos bem retratados na obra, o que é ótimo! Penny Lane também é uma personagem empoderada, mas devo dizer que suas amigas me cativaram mais (especialmente Diane). Em alguns momentos, a protagonista é um tanto contraditória (como no trecho que escrevi acima do parágrafo anterior), implicante e chata (SPOILER 🚨 Como quando ela e Tracy estavam indo a uma festa, e Ryan, seu "crush", havia sido convidado por Tracy. Assim, quando sua melhor amiga estava se arrumando, Penny Lane sugeriu, em pensamento, que "era óbvio que [ela] usando todas as armas para conquistar Ryan", como se ela não pudesse se arrumar para si mesma, por puro ciúmes!).
Se você quiser algo bemmm bobinho, para espairecer a cabeça, e caso você tenha paciência para determinados clichês - alguns deles explicitados aqui na parte dos spoilers - eu recomendo o livro. No entanto, de uma maneira geral, não recomendo, pois, apesar de seus pontos positivos e alguns acertos, ele é bastante contraditório e dispensável.
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