Créditos pela ilustração: Monica Garwood |
Oi, pessoal! Hoje é 08 de março, Dia Internacional da Mulher. Uma data em que nossa nossa luta diária pela garantia de nossos direitos e por equidade deveria ser o foco (não apenas hoje, mas sempre), e que, no entanto, acaba sendo algo pouco debatido. Obrigada pelas flores, chocolates e pela gentileza (que deveria ser diária, não pontual), mas nós deveríamos sair do raso e mergulhar um pouco, não? Parabéns pra nós, guerreiras, que merecemos respeito e admiração, mas não apenas no dia de hoje. Seria bom se aqueles que fazem discursos bonitos em homenagem às mulheres e compartilham coisas inspiradoras sobre isso na internet realmente colocassem em prática aquilo que pregam em um dia de 365. Seria muito bom se aquele ser humano que vive fazendo piadinha machista e julgando outras mulheres parasse pra refletir um pouco sobre como o próprio comportamento é desrespeitoso, em vez de apenas falar os mesmos clichês de sempre. A data foi, inclusive, criada para se debater sobre os direitos das mulheres, mas sinto que o foco foi um tanto desviado.
Não estou reclamando dos elogios e das homenagens, não. A questão não é essa. A questão é a hipocrisia que paira no ar, o incômodo de que, numa data criada para questionar nossa posição na sociedade e debater sobre o assunto, mal se fale no tema! Na minha escola, por exemplo, chamaram uns garotos da minha sala para prestar homenagem às mulheres e para distribuírem um chocolate Baton entre as meninas. Um dos meninos falou o que basicamente encontramos em qualquer imagem do Google ao se pesquisar "Feliz Dia da Mulher", e o outro falou que há uma questão histórica atrelada às mulheres que acaba nos colocando em uma posição inferior na sociedade e falou que o respeito tem que ser todos os dias, não apenas hoje (assim como o primeiro garoto). Legal a homenagem, e legal as falas dos meninos. Mas eu esperava que tivesse um pouco mais do que isso. Nem que fosse um vídeo, uma palestra, ou uma apostila falando sobre o principal objetivo da data. E também teria sido legal se tivessem chamado algumas meninas, afinal, é o nosso dia, não é? Enfim.
Eu espero que as pessoas comecem a abrir mais a mente delas e tente ir mais a fundo nas questões da mulher, coisa realmente proposta pelo 08 de março. Desigualdade salarial, altos índices de violência contra a mulher, maternidade compulsória (e, essa mesma sociedade que julga uma mulher que não quer ser mãe, julga as que são!), jornada dupla de trabalho, baixa participação feminina na política, entre tantas outras questões revoltantes! Por que poucas pessoas falam sobre isso no dia de hoje? Por que ficar restrito à homenagens e a clichês superficiais? Não falar sobre o problema apenas colabora para que ele perpetue. Em vez de palavras bonitas e discursos prontos, por que não tentar ouvir o que as mulheres têm a dizer sobre a própria luta, por que não buscar consumir conteúdos feitos por mulheres (nas artes, por exemplo), por que não abrir a mente e entender que as flores não são suficientes? A sociedade já deveria ter entendido isso. É triste que uma data criada com um propósito social de extrema relevância seja reduzida a bombons e a textos hipócritas na internet.
Por fim, gostaria de indicar algumas músicas que gosto, feitas por mulheres, para mulheres, sobre mulheres. Temos "Rebel Girl", que apresenta uma letra inspiradora sobre empoderamento feminino e "Violet", que fala sobre violência contra a mulher. Por fim, temos também "Descontruindo Amélia" que faz referência a uma música brasileira chamada "Ai, que saudade da Amélia", de letra machista e que coloca a mulher em uma posição submissa. Assim, a música cita várias questões e problemáticas relacionadas à realidade da mulher contemporânea.
Feliz dia da mulher! Fica a reflexão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário