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POETAS DE LISBOA Autores: Luís de Camões, Cesário Verde, Mário de Sá-Carneiro, Florbela Espanca e Fernando Pessoa Ilustrador: André Carrilho Editora: Shantarin Número de páginas: 192
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Oi, pessoal! Hoje trago a resenha do livro "Poetas de Lisboa", que comprei na Casa de Fernando Pessoa em minha viagem a Portugal. A obra é uma edição bilíngue espanhol-português. Também vi edições inglês-português e francês-português, mas não sei se há outras versões além dessas. Enfim!
A coletânea em questão reúne, respectivamente, algumas poesias de Luís de Camões, Cesário Verde, Mário de Sá-Carneiro, Florbela Espanca e Fernando Pessoa, nomes importantes da literatura portuguesa. Foi uma ótima oportunidade para entrar em contato com outros poetas, além de Pessoa, de quem eu já estava mais familiarizada. Além das poesias, o livro também conta com mini biografias (em espanhol, e embora eu não fale o idioma, a similaridade com o português ajuda bastante) dos poetas citados e ilustrações realizadas por André Carrilho, o que é muito interessante, pois permite que entendamos um pouco mais sobre quem escreveu aquelas palavras e nos faça compreendê-las um pouco melhor, ter uma perspectiva mais ampla sobre os poemas. Há também um prólogo, escrito por Pedro Serra, professor da Universidade de Salamanca, mas que também está em espanhol (num nível mais avançado, claramente, mas dá pra entender algumas coisas 😅). Além disso, há um poema de Alberto Caeiro (um dos principais heterônimos de Fernando Pessoa) que fala inteiramente sobre Cesário Verde, e ter entrado em contato com as poesias dele antes de ler o poema de Caeiro certamente ajudou a compreender os versos sob um olhar mais vasto!

Ler as poesias presentes no livro foi uma experiência enriquecedora, e já quero conferir outros poemas dos autores! Recomendo bastante caso você esteja buscando ler uma ótima coletânea poética ou conhecer um pouquinho, de forma introdutória, a literatura portuguesa :)
✿ ALGUMAS CITAÇÕES FAVORITAS ✿
"Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste." - Luís de Camões
"Eu posso ver os ombros teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura
[...]
Posso sentir-te em fogo, escandecida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de Verão" - Impossível!, de Cesário Verde
"Fui ontem visitar o jardinzinho agreste,
Aonde tanta vez a lua nos beijou,
E em tudo vi sorrir o amor que tu me deste [...]" - Flores Velhas, de Cesário Verde
"De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... -
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou..." - Quase, de Mário de Sá-Carneiro
"(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
[...]
Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo" - Dispersão, de Mário de Sá-Carneiro
"Abre os olhos e encara a vida!" - A uma rapariga, de Florbela Espanca
"Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu não te dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!" - Os versos que te fiz, de Florbela Espanca
"Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade s sou feliz." - Alberto Caeiro
"Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Porque tão longe ir pôr o que está perto -
O dia real que vemos? No mesmo hausto
Em que vivemos, morremos. Colhe
O dia, porque és ele" - Ricardo Reis
"A criança que fui chora na estrada .
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou." - Fernando Pessoa
"Outra vez te revejo,
Com o coração menos meu, a alma menos minha" - Lisbon Revisited (1926), de Álvaro de Campos
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