domingo, 29 de junho de 2025

Alguma canção já marcou a sua vida?

AS CANÇÕES
Diretor:
 Eduardo Coutinho
Ano: 2011
Nota: 4,7/5 ⭐
Onde assistir: Netflix


"Documentário" nunca foi um gênero cinematográfico sobre o qual me debruçasse com frequência, embora vez ou outra algum chamasse a minha atenção e eu demonstrasse curiosidade sobre esse tipo de filme ou série. Entretanto, recentemente estou assistindo mais documentários do que o meu habitual, um atrás do outro - e querendo ver mais! Um dos responsáveis por isso é o diretor brasileiro Eduardo Coutinho. O primeiro filme que vi dele foi o maravilhoso "Jogo de Cena". O segundo e igualmente maravilhoso foi "Edifício Master". E o terceiro é aquele sobre o qual falo nesse texto: "As Canções", lançado em 2011. Mas não irei parar nele, pois em minha lista ainda há outras obras do diretor que pretendo visitar. 


Com relação aos três longas vistos por mim (até o presente momento), todos compartilham o fato de retratarem histórias de pessoas comuns, dessas histórias que cativam e atraem o nosso olhar pela sinceridade com que são narradas e pela vida que transbordam da tela. Poderiam, facilmente, ser de rostos que banalmente cruzamos nas ruas. Poderiam ser nossas também. E tudo é gravado de modo simples, talvez influenciado pela visão de que as histórias são maiores do que os filmes em si. E isso basta. 


"As Canções" retrata tais histórias através da relação das pessoas com músicas que marcaram as vidas delas. Nesse aspecto, me lembrei bastante de meus avós, pois muitas das canções cantadas (sim, cantadas!) pelas pessoas que relatam suas vivências são músicas que eles gostam e também cantam, como "Esmeralda". Assim, conhecemos um pouco daqueles indivíduos, que se revelam para as câmeras por meio da própria narrativa e das emoções que evocam com suas canções. Saudosamente, há quem chore, há quem sorria, e o telespectador sente um pouquinho também, do outro lado da tela. São histórias de amor (em sua maioria, românticas): há a mulher que nunca esqueceu um grande amor da juventude, o filho que escreveu uma belíssima canções em memória da relação com o falecido pai, o homem que reatou um relacionamento influenciado por uma música de Jorge Ben Jor, a mulher que lida com o divórcio de um importante amor, etc. Ouvir tais histórias é um ato de empatia, é ver beleza no aparentemente banal que a vida é, é mergulhar em 91 minutos de filme e nem sentir o tempo passar. 


Além de tudo isso, "As Canções" acaba por, talvez sem querer querendo, deixar reflexivo o telespectador acerca da própria vida, das pessoas ao redor e das músicas que carregamos no peito. É como se, indiretamente, fosse feita a quem assiste ao longa a mesma pergunta que fizeram na produção do documentário, buscando pessoas para participar do filme: "Alguma música já marcou a sua vida? Cante e conte a sua história". E isso nos deixa pensativos, também, sobre o poder da música em nossa vida, em nosso cotidiano. 


Engraçado que sei exatamente sobre qual música eu falaria se fosse participar do documentário: "Amor I Love You", da Marisa Monte. Não é minha música favorita dela, mas comecei a ouvir Marisa Monte por causa dessa canção, além de ter marcado muito a minha vida e ser, com certeza, a música que mais cantei. Ela me lembra da minha mãe (da minha família, como um todo), mas, especialmente, ela me lembra de mim mesma. Nunca esqueço a letra, por mais tempo que passe sem escutá-la. "Pássaro de Fogo", de Paula Fernandes, por sua vez, me lembra da minha infância e de meu avô, que sempre pedia que eu cantasse as duas músicas que citei pra ele... 


Outras canções também poderiam fazer parte da minha lista de músicas marcantes, como "Trouble", do Coldplay (uma das minhas músicas favoritas da vida), "Cornerstone", do Arctic Monkeys (que ouvia loucamente quando tinha 14/15 anos e que tive a felicíssima oportunidade de ver ao vivo aos 16), "Anjo", do Roupa Nova (que cantei em um asilo daqui de Aracaju, em uma tarde muito agradável), "Um dia, Um Adeus", de Guilherme Arantes (que me lembra de quando era viciada em um CD dele, aos 9/10 anos de idade), entre tantas outras canções... 


É um exercício bom este de relembrar nossas melodias, que revelam um pouco de nós mesmos e de nossas memórias, assim como feito no documentário simples - e muito bonito em sua singeleza - de Eduardo Coutinho. "As Canções" está escondido no catálogo da Netflix, e feliz daqueles que puderem encontrá-lo por lá. Vale a pena. Os minutos passam, os créditos sobem... e as histórias? Ah, estas ficam. 

Assim como As Canções. 

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