sábado, 27 de setembro de 2025

Resenha: "Perguntaram-me se acredito em Deus"

setembro 27, 2025 0 Comments
PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS
Autor:
 Rubem Alves
Editora: Paidós
Número de páginas: 176
Nota: 4,5/5 ⭐

 

Deus é como o vento. Sentimos na pele quando ele passa, ouvimos a sua música nas folhas das árvores e o seu assobio nas gretas das portas. Mas não sabemos de onde vem nem para onde vai. Na flauta, o vento se transforma em melodia. Mas não é possível engarrafá-lo. No entanto, as religiões tentam engarrafá-lo em lugares fechados a que elas dão o nome de 'Casa de Deus'. Mas se Deus mora numa casa, estará ele ausente do resto do mundo? Vento engarrafado não sopra...


Essa semana fiz a leitura de "Perguntaram-me se acredito em Deus", obra que nasceu a partir de uma indagação feita a Rubem Alves, autor do livro, ao final de um debate sobre educação promovido em 2007. Assim, somos permeados por uma narrativa poética e muito bonita que busca levantar reflexões acerca dessa pergunta que, acredito, já invadiu o pensamento de todos nós. É, portanto, um livro bastante espirituoso - e não necessariamente religioso, então pensei ser uma boa pedida para mim, pois gostaria de me conectar mais com meu lado espiritual, pois recentemente iniciei minha preparação para a crisma e porque o título da obra sempre me chamou a atenção. 


Cada religião é um mosaico, um jeito de ajuntar os cacos. Cada religião é uma sonata: uma rede de temas. Escolhi os cacos de que mais gosto para fazer o meu mosaico, o meu livro de estórias, a minha sonata, o meu altar à beira do abismo.


Nesse sentido, "Perguntaram-me se acredito em Deus" reflete acerca da figura divina em 22 pequenos capítulos, abordando temas como o amor, a natureza e vários outros, através de trechos da Bíblia e de inúmeras poesias. Isso é feito por meio da figura de Mestre Benjamin, que reúne pessoas em sua tenda e conta estórias relacionadas à espiritualidade.  Me conectei bastante com a visão de Deus apresentada no livro, e compartilho da concepção do autor. Muitos, por exemplo, acreditam que basta ir à Igreja todas as semanas e rezar constantemente para se estar conectado a Deus e para ser bom, mas isso não basta. Na realidade, não creio nem que seja necessário, embora seja válido, é claro. Há mais Deus naqueles que verdadeiramente praticam o bem e que buscam admirar as belezas da vida, que admitem os próprios erros e que buscam genuinamente evoluir, reconhecendo que a caminhada é mais bonita quando compartilhada. Mesmo que não acreditem em Deus, há Deus nessas pessoas. Inclusive, creio que seja um ótimo livro para todos, mesmo para aqueles que são ateus, por conta das temáticas universais retratadas e da forma como elas são desenvolvidas: com muita leveza e com uma linguagem encantadoramente singela e poética! Há, então, trechos bíblicos e trechos de poesias de autores como Alberto Caeiro (que muito aborda Deus em seus versos, como na poesia em que fala sobre o Deus criança - uma das minhas favoritas dele!), Cecília Meireles, Walt Withman (muito citado em "Sociedade do Poetas Mortos"), entre outros! 

Tem um lindo poema de Emily Dickson, transcrito no livro, que acredito que sumariza bem a abordagem que ele faz de Deus: 


Alguns guardam o Domingo indo à Igreja -

Eu o guardo ficando em casa - 

Tendo um Sabiá como cantor -

E um Pomar por Santuário. -

Alguns guardam o Domingo em vestes brancas -

Mas eu só uso minhas Asas -

E ao invés do repicar dos sinos da Igreja,

nosso pássaro canta - na palmeira.

É Deus que está pregando, pregador admirável - 

E o seu sermão é sempre curto.

Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final - 

eu o encontro o tempo todo no quintal.


Além disso, gostaria de destacar também a edição da editora Paidós. É belíssima! Chique e delicada, combina bastante com a narrativa apresentada. Há a presença de ilustrações que embelezam ainda mais o livro, combinando com determinados trechos que receberam destaque na edição. 



"Perguntaram-me se acredito em Deus" é, portanto, uma leitura rápida e muito bonita, que vale bastante a pena! Recomendo muito :) 

Ah, e se você tiver curiosidade para saber mais sobre o momento que fez com que esse livro nascesse, o momento em que Rubem Alves foi perguntado se ele acreditava em Deus, leia o texto que ele mesmo escreveu à Folha de São Paulo na época, sobre o episódio (acesse clicando aqui). Vale a pena! :)


MAIS ALGUMAS CITAÇÕES FAVORITAS 🌸


"E esse caracol de sons foi enrolando tudo, tomando a forma de um homem e de uma mulher que se abraçavam e se separavam, por vezes entravam um dentro do outro de tal forma que nem era possível saber qual era qual, e Deus entrou na dança, corpos nus, e achavam bonita a nudez porque eram crianças que brincavam uma com a outra, o corpo da mulher era brinquedo para o homem, o corpo do homem era brinquedo para a mulher, e, de vez em quando, eles desapareciam numa explosão de cores e perfumes, e Deus se viu refletido pela primeira vez nos olhos deles, duas crianças, homem e mulher..." - Página 34

" 'Quantas pessoas aqui na minha tenda estão pensando no ar?' ele perguntou. 'Por favor, levantem uma mão...'
Ninguém levantou a mão..
'Ninguém levantou a mão... Ninguém está pensando no ar. Ninguém nem sabe direito o que é o ar. E, no entanto, todos nós o estamos respirando. O ar é a nossa vida, e não precisamos pensar nele nem dizer o seu nome para que ele nos dê vida. Mas o homem que se afoga no fundo das águas só pensa no ar. Deus é assim. Não é preciso pensar nele e pronunciar seu nome. Ao contrário, quando se pensa nele o tempo todo, é porque está se afogando... [...]' " - Página 55



"Tudo o que vive é pulsação do sagrado." -
 Página 57

"Somos poemas encarnados. Somos as estórias que moram em nós." - Página 94 

"[...] Não fiquem inquietos por aquilo que ainda não aconteceu e nem se sabe se acontecerá. Tratem de cuidar dos males do amanhã, amanhã. O mal de cada dia é suficiente para aquele dia." - Página 137. Essa aqui me lembrou uma passagem de "A Boy Named Charlie Brown", de 1969. Vou colocá-la aqui embaixo! 



segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Sobre "O Grande Hotel Budapeste"!

setembro 15, 2025 0 Comments
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE
Diretor:
 Wes Anderson
Elenco Principal: Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Jude Law, Saoirse Ronan, Tilda Swinton, Edward Norton
Ano: 2014
Onde assistir: Disney+
Nota: 4,5/5 ⭐

Ontem assisti a "O Grande Hotel Budapeste", terceiro filme de Wes Anderson que vejo. O primeiro foi "Moonlight Kingdom", que detestei fortemente (comentei melhor lá no meu Letterboxd:  https://letterboxd.com/mariaritamd/film/moonrise-kingdom/). Por conta disso, fiquei com um certo pé atrás em ver outro longa do diretor, mas semana passada assisti "O Fantástico Senhor Raposo" e fiquei maravilhada e com vontade de ver outro! Assim, cheguei ao "Grande Hotel Budapeste", longa mais aclamado do diretor. Aliás, Wes Anderson é bastante conhecido pelo seu estilo único de direção e pela forma como a fotografia é bem trabalhada em seus filmes, além de contar histórias um tanto excêntricas. "O Grande Hotel Budapeste" não foge à regra, mas, ao contrário de seu antecessor, "Moonrise Kingdom", seu mérito não parece residir unicamente nos aspectos visuais, apresentando um enredo realmente interessante no qual torcemos pelos personagens. 

Nesse sentido, o filme se desenrola a partir da leitura do livro "O Grande Hotel Budapeste", desenvolvido a partir de uma conversa entre o escritor (Tom Wilskson/ Jude Law) e Zero Mustafa (F. Murray Abraham/ Tony Revolori), dono do local. Quando ambos se conheceram, o lugar estava em decadência, mas, através do diálogo que travam, Zero conta a sua história a partir de sua relação com o hotel, remontando à década de 1930 e à efervescência do ambiente. Passamos, então, a acompanhar o concierge Gustave H. (Ralph Fiennes) e Zero em seus tempos de juventude, dupla protagonista do longa.
Gustave possuía o hábito de sair com várias senhoras mais velhas e ricas que se hospedavam no hotel, e, quando uma delas é assassinada e deixa um quadro para ele de herança, uma série de desavenças são desencadeadas em razão de disputas pelo patrimônio da mulher, principalmente por conta da figura de seu filho (Adrien Brody) e do capanga dele (Willem Dafoe). Os protagonistas, desse modo, precisam lidar com mortes, perseguições e falsas acusações de assassinato. 




Apesar de apresentar tais temáticas, "O Grande Hotel Budapeste" é divertidíssimo e bem leve! A forma como o enredo é desenvolvido chama a atenção e é realmente inteligente, recheado de metalinguagens, com uma "história dentro da história". Além disso, o humor é irreverente e, como já era de se esperar por ser uma marca do diretor, bastante excêntrico. O aspecto visual do longa potencializa essas características, sendo um verdadeiro deleite para os olhos! Ademais, o filme foi baseado na vida e nas obras de um escritor austríaco chamado Stefan Zweig, que inclusive residiu e faleceu aqui no Brasil. Não o conhecia, mas agora fiquei curiosa e vou buscar saber mais sobre ele! 




"O Grande Hotel Budapeste" me manteve genuinamente interessada em saber qual seria seu desfecho e em acompanhar como os eventos se desenrolariam, fazendo-me torcer pelos protagonistas. Recomendo!! E recomendo "O Fantástico Senhor Raposo" também, que, ao meu ver, embora seja bastante leve, é um pouco mais sério do que "O Grande Hotel Budapeste" - e talvez fale sobre ele aqui no blog no futuro. Talvez, se der na telha. Por ora, ficamos por aqui! :) 




sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Resenha: "Quatro Titias e um Casamento"

setembro 12, 2025 0 Comments
QUATRO TITIAS E UM CASAMENTO 
Autora:
 Jesse Q. Sutanto
Editora: Intrínseca
Número de páginas:  304
Nota: 3/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de "Quatro Titias e um Casamento", que comprei no sebo Cantinho Sempre Viva, em excelentes condições! A obra em questão é sequência de "Disque T para Titias", livro de comédia absurda que li em dezembro do ano passado e que foi bastante divertido e leve (clique aqui para acessar a resenha). Afinal, é bom um livro leve e bobinho assim de vez em quando, não? "Quatro Titias e um Casamento", por sua vez, começou muito bem, mas depois terminá-lo se tornou uma experiência um tanto sofrível. Não porque acredito que ele tenha se tornado de repente ruim, mas porque me desconectei com a história, que soou consideravelmente repetitiva em relação ao seu antecessor. 

Dividida em três partes, os principais acontecimentos da obra também se desenvolvem em torno de um casamento, assim como na anterior. Por aqui, entretanto, quem irá se casar é Meddy, protagonista e fotógrafa de casamentos, com Nathan, antigo amor que reencontrou durante os eventos de "Disque T Para Titias". Assim, Meddy está ansiosa para o grande dia, envolta nos preparativos com a ajuda de sua mãe e de suas três excêntricas tias, que descobriram uma família sino-indonésia que trabalha na organização de casamentos (assim como a delas!). Meddy fica encantada com eles e logo se anima ao conhecer Staphanie (sim, com "A" mesmo"), pois se identifica bastante com ela, uma vez que compartilham as origens e a profissão. Todavia, nas vésperas de seu casamento, Meddy escuta Staphanie falando ao telefone sobre "apagar alguém" durante a festa, o que a deixa surpresa e preocupada. Nesse mesmo momento, descobre que a família contratada para cuidar do evento é, na verdade, parte da máfia e, desse modo, ela, as tias e a mãe se reúnem para cuidar do caso e evitar desastres. É claro que, assim como aconteceu no livro anterior, muitas coisas dão errado e uma série de situações cômicas se desenrolam em seguida.


Nesse sentido, "Quatro titias e um Casamento" é de fato divertido, e me arrancou muitas risadas genuínas, especialmente em sua primeira metade. As partes em que as tias tentavam falar inglês de um modo britânico (pois o casamento ocorre na Inglaterra) são hilárias! Mas depois, à medida em que as personagens precisavam lidar com a máfia, fui perdendo cada vez mais o interesse pela história. Fui parando de me importar, porque, como afirmei anteriormente, algumas coisas se repetiram em relação ao antecessor. Além disso, considerei o final um tanto ruim, pois tudo foi solucionado em um capítulo, de forma bastante conveniente. Sabe quando em filmes, séries ou livros os personagens de repente juntam todas as peças e encontram magicamente soluções e respostas? Foi isso. Tudo bem, o final do outro livro também foi bem conveniente e rápido, mas creio que nesse aqui foi ainda pior. 

Sinceramente, eu queria ter gostado mais, porque "Disque T para Titias" foi realmente muito bom (dentro do que ele se propõe a ser, é claro). Talvez eu só tenha perdido a vibe no meio da leitura. A questão é que, pra mim, embora carregue semelhanças narrativas e compartilhe o tom de seu antecessor, "Quatro Titias e um Casamento" funciona de forma inferior. Ao tentar repetir a fórmula de "Disque T para Titias", ele me soou repetitivo e desinteressante. 

No fim da contas, não é um livro ruim. É só mediano. 

sábado, 6 de setembro de 2025

Tatami Galaxy e a busca por uma vida cor-de-rosa

setembro 06, 2025 0 Comments

TATAMI GALAXY
DIREÇÃO:
 Masaaki Yuasa, Akitoshi Yokoyama, Ryotaro Makihara, Tomoya Takahashi, Shingo Natsume, Michio Mihara, Junichi Fujise, Eunyoung Choi
ELENCO PRINCIPAL: Shintaro Asanuma, Hiroyuki Yoshino, Keiji Fujiwara, Yuhko Kaida, Maaya Sakamoto, Junichi Suwabe
ANO: 2010
NOTA: 4,3/ 5 ⭐


Oi, pessoal! Essa semana assisti, pelo YouTube, a um anime chamado "Tatami Galaxy", baseado em um livro japonês de mesmo título, e lançado em 2010. Possui somente 11 episódios bem curtinhos, o que permite que seja assistido rapidamente. Há também um filme que se passa no mesmo universo, "Night Is Short, Walk On Girl", de 2017, e uma outra série que funciona como continuação do anime, "The Tatami Time Machine Blues", de 2022, mas ainda não vi nenhum dos dois e irei, portanto, me concentrar somente em "Tatami Galaxy"! 


O anime acompanha Watashi ("Eu", em português), um rapaz em uma busca incessante pelo que ele chama de "vida universitária cor-de-rosa", ou seja: uma vida universitária perfeita, completamente bem aproveitada, sem arrependimentos e sem desperdícios de tempo. Na tentativa de alcançá-la, Watashi volta no tempo a cada episódio, recomeçando como calouro, e se junta a um clube social diferente esperando que a sua felicidade esteja em uma das possibilidades que não foram previamente exploradas. Entretanto, ele sempre se decepciona e se frustra com a realidade, voltando no tempo mais uma vez e explorando outro clube social. 


Sempre sonhando com o irreal, eu nunca olhava para o que estava em minha volta.


E, nesse sentido, acredito que "Tatami Galaxy" seja extremamente relacionável. Afinal, quem nunca imaginou que a vida estaria melhor se outros rumos tivessem sido tomados, se outras escolhas tivessem sido feitas, se as coisas tivessem sido diferentes? No anime, isso se torna real, porque Watashi tem a oportunidade de explorar de forma concreta todos os seus "E se?", mas descobre em sua jornada que, ainda assim, não existe uma realidade perfeita, não existe uma "vida universitária cor-de-rosa", precisando aprender a aceitar isso e a aceitar quem ele é. Aliás, creio que "Tatami Galaxy" seja ainda mais relacionável para quem está no começo da faculdade (como eu!), porque é justamente nesse ponto da vida em que o protagonista se encontra, sempre buscando algo que acredita ser perfeito nesse contexto em que ele está e tendo a impressão de que desperdiçou seus anos universitários. 




Além disso, eu amei os visuais do anime! O uso das cores, os ângulos usados, a atmosfera psicodélica. Na realidade, tudo sobre ele é único e diferente de absolutamente todas as coisas que eu tinha visto até então, e é tão satisfatório se deparar com uma obra fora da caixinha, original e criativa. Uma das características dele são os diálogos rápidos, que faz com que muitas pessoas o abandonem por terem dificuldade de acompanhar as legendas, mas isso só me impactou mais no primeiro episódio, pois depois eu me acostumei com o estilo da série. Ademais, é bastante interessante acompanhar as divagações de Watashi (que narra o anime) e sua corrente de pensamentos, pois ele é uma pessoa que pensa demais e pensa de forma muito veloz, então a rapidez dos diálogos é condizente com quem o protagonista é. Também é curioso como seu destino se liga a de alguns personagens, independentemente do rumo que escolha tomar, como Akashi e Ozu. Embora alguns episódios soem repetitivos, de uma forma geral isso não é incômodo, pois o anime tem uma qualidade muito boa e é curtinho! Por fim, ele encerra, através de seus três episódios finais, de uma forma instigante e inteligente, conectando os outros episódios e nos levando a refletir sobre a jornada de Watashi e sobre sua busca pela utópica "vida universitária cor-de-rosa", que, de certa forma, também é uma busca de todos nós. Desse modo, "Tatami Galaxy" pondera sobre temas como aceitação, a própria vida e suas possibilidades, entre outros tópicos, enquanto explora o psicológico de Watashi. Entretanto, é uma obra bem leve e agradável, e o final é esperançoso e bonito de se assistir!




Gosto muito quando termino de ver um filme ou uma série e a obra me deixa reflexiva e com um sentimento genuíno de ter visto algo bom e que valeu a pena. "Tatami Galaxy", por sua vez,  me proporcionou isso, por meio de sua história inteligente e de seus traços únicos, estando altamente recomendada!! :)


"Aquele ponto de sua expressão, que era como alguma cidade-fortaleza europeia, relaxou em um sorriso, e aquele sorriso deixou uma impressão que nunca saiu da minha mente"