quarta-feira, 6 de março de 2019

Resenha: "Quarto de Despejo- Diário de uma favelada", de Carolina Maria de Jesus

QUARTO DE DESPEJO- DIÁRIO DE UMA FAVELADA
Autora:
 Carolina Maria de Jesus
Editora: Abril Educação
Número de páginas: 200

Terminei de ler, neste Carnaval, "Quarto de despejo", da Carolina Maria de Jesus. O livro foi publicado em 1960, mas o diário foi escrito em 1955, 1958, 1959 e no primeiro dia de 1960.

Peguei este livro emprestado da escola municipal onde minha mãe trabalha. Comecei a lê-lo há muito tempo, mas então veio as provas, deveres e eu fiquei com menos tempo. Então chegou o Carnaval e eu pensei: "A hora é agora de terminar de lê-lo!".

Leitura necessária, envolvente , e, a cada página, uma "facada" em seu coração. É possível existir várias realidades além da que você conhece... e isso você pode comprovar ao ler a realidade chocante que é apresentada em "Quarto de Despejo". O livro ainda conta com belas ilustrações, que torna a leitura ainda mais atraente.

Ah, vale ressaltar que o livro foi publicado propositalmente com a linguagem da autora, que muitas vezes contrariava a língua portuguesa, isso para o livro ser ainda mais impactante.

No final de "Quarto de despejo", você ainda encontra algumas informações a mais sobre Carolina, no formato de uma entrevista.
Entrevista com Carolina Maria de Jesus

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Carolina Maria de Jesus nasceu por volta de 1914 em Mina Gerais, mas se mudou para a favela do Canindé, em São Paulo. Ela trabalhava como catadora de papel, e podemos dizer que ganhava uma miséria, às vezes não dava nem para comprar comida.

Carolina era, certamente, uma mulher a frente de seu tempo. Isso pode ser confirmado ao ler seu diário, ao ler seu relato sobre a vida na favela.
Ela possuía 3 filhos: João José, José Carlos e Vera Eunice. Não era casada, pois não gostava de depender de homem nenhum, então criava todos seus filhos sozinha.

"Quando estou na cidade, tenho a impressão de que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão de que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo"- Conta Carolina em seu diário

No livro, acompanhamos sua luta cotidiana contra a fome, que é angustiante. Ela até havia pensado em se suicidar, conta várias vezes em seu diário. Muitas vezes, tinha que catar comida no lixo!

Carolina criticava os políticos, que nas campanhas eleitorais sempre davam as caras na favela, e depois de eleitos, tomavam um chá do sumiço.

Ela cita tantas coisas impactantes, que no final do post deixarei algumas citações que marcaram a minha leitura.

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 MAIS FOTOS

Verso do livro 
Ilustração
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CITAÇÕES

" A democracia está perdendo seus adeptos"

"Quem deve dirigir é quem tem capacidade. Quem tem dó e amisade ao povo.Quem governa o nosso país é quem tem dinheiro, quem não sabe o que é a fome, a dor, e a aflição do pobre. Se a maioria revoltar-se, o que pode fazer a minoria? Eu estou ao lado do pobre, que é o braço. Braço desnutrido. Precisamos livrar o paiz dos políticos açambarcadores." 

"Para mim o mundo em vez de evoluir está retornando a primatividade"

"Só quem passa fome é quem dá valor a comida"

"O branco é que diz que é superior. Mas que superioridade apresenta o branco? Se o negro bebe pinga, o branco bebe. A enfermidade que atinge o preto atinge o branco. Se o branco sente fome, o negro tambem. A natureza não seleciona ninguem."

"Um sapateiro perguntou-me se meu livro é comunista. Respondi que é realista. Ele disse que não é aconselhável escrever a realidade"

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NOTA 

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5 ESTRELAS

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FOTO DE CAROLINA MARIA DE JESUS

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Créditos de imagem: http://valkirias.com.br

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