domingo, 22 de novembro de 2020

Precisamos falar sobre... a luta antirracista

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Em junho desse ano presenciamos muitos protestos antirracistas em decorrência da morte de George Floyd nos Estados Unidos, e a ascensão do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em português). Pessoas do mundo todo foram às ruas, se posicionaram em suas redes sociais, e um amplo debate foi instaurado, que permanece mesmo após 5 meses do ocorrido. 


20 de novembro é o dia da consciência negra no Brasil, e, em sua véspera, o país presencia um caso de violência policial, onde João Aberto, um homem negro de 40 anos, foi morto espancado por seguranças do supermercado Carrefour. O local vem sendo alvo de críticas (merecidas, diga-se de passagem), e palcos de protestos ao redor do Brasil inteiro. É curioso? 


Não sou negra. Nunca me pararam em alguma loja por "agir de forma suspeita", nunca me disseram que tal produto era "caro demais para mim", nunca fui negligenciada por conta da cor da minha pele. Nunca sofri racismo. Dizer que todas as vidas importam (o que é algo muito óbvio), no contexto do movimento negro, é desmerecer a luta antirracista, e o equivalente a dizer que todas as casas importam em um incêndio. Não é meu lugar de fala, mas creio que seria errado presenciar um caso absurdo desses e não me posicionar, ainda mais quando possuo um blog de livros. 


É tão curioso e extraordinário como algumas pessoas possuem uma enorme dificuldade (ou seria apenas egoísmo?) de sair da própria bolha e tentar enxergar a realidade do outro! Racismo reverso não existe. Você não sofreu preconceito porque te chamaram de "branquela". Você (e nem eu) nunca terá dificuldade de encontrar um emprego apenas por conta de sua cor de pele. As pessoas não trocarão de calçada ao te avistar indo na direção delas. 


Os exemplos que aqui cito são casos que vi pessoas negras comentando na internet. Não precisa ser negro para reconhecer a existência do racismo estrutural no país. Um absurdo o que ocorreu, e mais absurdo ainda é saber que não é o único (e muito menos o último) caso de violência policial contra pessoas negras no mundo. 


Pessoas brancas, escutem o que as pessoas negras têm a dizer! Suas lutas, seus anseios, seus desejos e sonhos, suas perspectivas, suas realidades... e compartilhem o que vocês ouviram, fortaleçam a luta. Pessoas negras têm vozes, escute-as. Parem de tentar diminuir suas lutas de resistência, e juntem-se a elas! É o que eu estou fazendo aqui, por meio do Sementes Literárias. 


Não é um blog de política, mas desde quando ler não é política? O simples ato de existir é político, e é por isso que escrevo esse texto. Seu silêncio disfarçado de neutralidade também é político. Não se engane. 


"Acima de um passado que está enraizado na dor

Eu me levanto

Eu sou um oceano negro, vasto e irrequieto,

Indo e vindo contra as marés, eu me levanto.

Deixando para trás noites de terror e medo

Eu me levanto"- Maya Angelou, ativista do movimento negro nos Estados Unidos e escritora best-seller


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