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O AUTO DA COMPADECIDA Autor: Ariano Suassuna Editora: Nova Fronteira Número de páginas: 207 Nota: 3,7/5 ⭐ |
Oi, pessoal! Hoje trago a resenha da obra "O Auto da Compadecida", peça escrita por Ariano Suassuna em 1955 e encenada pela primeira vez em 1957, tendo sido adaptada para o cinema três vezes (a adaptação mais famosa - e também a única que assisti - é a de 1999, do diretor Guel Arraes e contando com Selton Mello e Matheus Nachtergaele nos papeis principais). Peguei o livro emprestado na biblioteca da minha faculdade, a BICEN da UFS. Achei bem legal que lá tem várias obras literárias, para além das leituras acadêmicas e técnicas, e fiquei feliz quando encontrei "O Auto da Compadecida" por lá, pois era uma obra que pensava em ler já há algum tempo!
A peça, dividida em três atos, inicia com João Grilo e Chicó tentando convencer o padre João a benzer o cachorro do padeiro e da mulher dele, patrões da dupla. O padre inicialmente se recusa a tal ato, e, então, João Grilo inventa que o cachorro é, na verdade, do Major Antônio Moraes, coronel da cidadezinha sertaneja Taperoá. Rapidamente o padre muda de ideia e decide benzer o cachorro, que, no entanto, morre antes de receber a benção. Assim, o padeiro e a mulher decidem pedir que o animal seja enterrado com uma cerimônia em latim, o que também desagrada o padre. Entretanto, João Grilo inventa mais uma mentira, afirmando que o cachorro deixou um testamento a ser dividido entre os membros da Igreja, o que faz com que o padre e o bispo atendam ao pedido dos donos do cão. Logo depois, inesperadamente, chega Severino de Aracaju (sim, minha cidade!) e outro cangaceiro para roubarem a cidade e matar os personagens da peça. No fim das contas, quase todos morrem (com exceção de Chicó), tendo que enfrentar um Julgamento para saberem se irão para o paraíso, o inferno ou o purgatório, deparando-se com as figuras do Encouraçado - ou seja, o demônio -, de Manuel (Jesus) e da Compadecida, que irá interceder pelas almas daquelas pessoas.
Através de uma história dinâmica, leve e divertida, Ariano Suassuna celebra o Nordeste e a sua cultura, inspirando-se em livretos de cordel para escrever a peça. Além disso, as peripécias de João Grilo, com sua esperteza e malandragens já bem conhecidas pelo público brasileiro, e as histórias mirabolantes do ingênuo e frouxo Chicó encantam e deixam a obra ainda mais engraçada. A adaptação cinematográfica, que inclusive pretendo reassistir, conseguiu capturar bem a essência da peça e expandir o universo desenvolvido por Suassuna (até li com as vozes dos atores!).
A edição que li, da Nova Fronteira, ainda conta com um prefácio, escrito por Henrique Oscar. Por meio dele podemos entender melhor o contexto em que a peça foi escrita e as críticas sutis levantadas por Suassuna, como a corrupção do clero, a Justiça brasileira, entre outras. Há também, ao final do livro, um texto de Braulio Tavares relacionando o "Auto da Compadecida" às tradições e à memória nordestina e outro texto, dessa vez escrito por Carlos Newton Junior, narrando um pouco sobre a vida do autor. Tais escritos enriquecem e ampliam a experiência de leitura, tornando-a mais rica e nos fazendo compreendê-la melhor. Por fim, a edição ainda conta com ilustrações de Manuel Dantas Suassuna, filho de Ariano Suassuna.
Ler "O Auto da Compadecida" foi uma experiência agradável, boa e divertida, sendo a segunda peça que leio em minha vida (a primeira foi "Lisbela e o Prisioneiro", já resenhada aqui no Sementes Literárias: clique aqui para acessá-la). Recomendo para quem busca uma leitura leve, engraçada e bem dinâmica!
Amei a resenha!! Sempre tive vontade de ler essa peça porque adoro o filme. Agora que sei que está disponível na BICEN, vou ler, com certezaaa
ResponderExcluirOii, Sofia!! Que bom ter você por aqui ❤ Muito obrigada pelo seu comentário! Acredito que você vai gostar do livro, é bem gostosinho. Beijosss! 😘
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