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| ANTOLOGIA POÉTICA Autora: Anna Akhmátova Editora: L&PM Número de páginas: 208 Nota: 4/5 ⭐ |
Na inconsciência dos dias me esqueci de como os anos fluem / e não posso mais voltar atrás.
Oi, pessoal! Recentemente terminei de ler "Antologia Poética", que reúne alguns poemas da escritora russa Anna Akhmátova. Peguei esse livro no consultório de minha alergista, que possui um projeto bem legal em que você pode levar um livro e trocar por outro ;) Minha mãe estava olhando os livros, quando, um pouco distante, vi a capa deste e pensei em se tratar de uma fotografia de Virginia Woolf. Ao pedir para olhar o livro e vê-lo mais de perto, percebi que na verdade era um livro de poesias de Anna Akhmátova, que nunca tinha ouvido falar antes (na verdade, nunca havia ouvido falar nada sobre poesia russa!), então achei uma ótima oportunidade para conhecê-la.
Descobri, então, que Akhmátova é um dos maiores nomes de poesia russa, tendo redefinido a forma como mulheres escreviam seus poemas (antes dela, costumavam se espelhar nos poetas homens e na forma como eles escreviam).
Seus poemas são bastante marcados pelo contexto de sua vida e da realidade vivenciada pela Rússia no período em que eles foram escritos (Primeira e Segunda Guerras Mundiais e a paralela ascensão da União Soviética). Bastante marcada pela morte de seu primeiro marido na guerra, pela prisão do filho e pela morte do terceiro marido num campo de concentração, tais sofrimentos estão também expressos em seus versos, censurados durante o regime stalinista. É uma realidade completamente diferente da minha, - mais distante ainda porque é um contexto histórico muito destoante do brasileiro - mas as notas ao final da obra me ajudaram a me situar no contexto apresentado nos poemas e a compreendê-los melhor! Há também uma enorme apresentação no começo do livro, muito bem escrita por Lauro Machado Coelho (responsável também pelas notas, seleção e organização dos poemas), mas admito que só a li quando concluí a leitura das poesias. De qualquer forma, vale bastante a pena, pois passamos a conhecer mais da vida da autora e, consequentemente, de suas próprias poesias.
Todos nós somos um pouco hóspedes desta vida. / Viver é apenas um pequeno hábito.
Houve um tempo em que só sorriam
os mortos, felizes em seu repouso.
E como um apêndice supérfluo, balançava
Leningrado [atual São Petersburgo], pendurada às suas prisões.
E quando, enlouquecidos pelo sofrimento,
os regimentos de condenados iam embora,
para eles as locomotivas cantavam
sua aguda canção de despedida.
As estrelas da morte pairavam sobre nós e a Rússia inocente torcia-se de dor
sob as botas ensanguentadas
e os pneus das Marias Pretas [nome popular dado aos carros usados pela polícia política stalinista, como indica as notas ao final do livro]
Foi uma experiência interessante poder conhecer mais uma poetisa e me debruçar sobre suas palavras! Recomendo!




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