segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Sobre "O Grande Hotel Budapeste"!

setembro 15, 2025 0 Comments
O GRANDE HOTEL BUDAPESTE
Diretor:
 Wes Anderson
Elenco Principal: Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Jude Law, Saoirse Ronan, Tilda Swinton, Edward Norton
Ano: 2014
Onde assistir: Disney+
Nota: 4,5/5 ⭐

Ontem assisti a "O Grande Hotel Budapeste", terceiro filme de Wes Anderson que vejo. O primeiro foi "Moonlight Kingdom", que detestei fortemente (comentei melhor lá no meu Letterboxd:  https://letterboxd.com/mariaritamd/film/moonrise-kingdom/). Por conta disso, fiquei com um certo pé atrás em ver outro longa do diretor, mas semana passada assisti "O Fantástico Senhor Raposo" e fiquei maravilhada e com vontade de ver outro! Assim, cheguei ao "Grande Hotel Budapeste", longa mais aclamado do diretor. Aliás, Wes Anderson é bastante conhecido pelo seu estilo único de direção e pela forma como a fotografia é bem trabalhada em seus filmes, além de contar histórias um tanto excêntricas. "O Grande Hotel Budapeste" não foge à regra, mas, ao contrário de seu antecessor, "Moonrise Kingdom", seu mérito não parece residir unicamente nos aspectos visuais, apresentando um enredo realmente interessante no qual torcemos pelos personagens. 

Nesse sentido, o filme se desenrola a partir da leitura do livro "O Grande Hotel Budapeste", desenvolvido a partir de uma conversa entre o escritor (Tom Wilskson/ Jude Law) e Zero Mustafa (F. Murray Abraham/ Tony Revolori), dono do local. Quando ambos se conheceram, o lugar estava em decadência, mas, através do diálogo que travam, Zero conta a sua história a partir de sua relação com o hotel, remontando à década de 1930 e à efervescência do ambiente. Passamos, então, a acompanhar o concierge Gustave H. (Ralph Fiennes) e Zero em seus tempos de juventude, dupla protagonista do longa.
Gustave possuía o hábito de sair com várias senhoras mais velhas e ricas que se hospedavam no hotel, e, quando uma delas é assassinada e deixa um quadro para ele de herança, uma série de desavenças são desencadeadas em razão de disputas pelo patrimônio da mulher, principalmente por conta da figura de seu filho (Adrien Brody) e do capanga dele (Willem Dafoe). Os protagonistas, desse modo, precisam lidar com mortes, perseguições e falsas acusações de assassinato. 




Apesar de apresentar tais temáticas, "O Grande Hotel Budapeste" é divertidíssimo e bem leve! A forma como o enredo é desenvolvido chama a atenção e é realmente inteligente, recheado de metalinguagens, com uma "história dentro da história". Além disso, o humor é irreverente e, como já era de se esperar por ser uma marca do diretor, bastante excêntrico. O aspecto visual do longa potencializa essas características, sendo um verdadeiro deleite para os olhos! Ademais, o filme foi baseado na vida e nas obras de um escritor austríaco chamado Stefan Zweig, que inclusive residiu e faleceu aqui no Brasil. Não o conhecia, mas agora fiquei curiosa e vou buscar saber mais sobre ele! 




"O Grande Hotel Budapeste" me manteve genuinamente interessada em saber qual seria seu desfecho e em acompanhar como os eventos se desenrolariam, fazendo-me torcer pelos protagonistas. Recomendo!! E recomendo "O Fantástico Senhor Raposo" também, que, ao meu ver, embora seja bastante leve, é um pouco mais sério do que "O Grande Hotel Budapeste" - e talvez fale sobre ele aqui no blog no futuro. Talvez, se der na telha. Por ora, ficamos por aqui! :) 




sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Resenha: "Quatro Titias e um Casamento"

setembro 12, 2025 0 Comments
QUATRO TITIAS E UM CASAMENTO 
Autora:
 Jesse Q. Sutanto
Editora: Intrínseca
Número de páginas:  304
Nota: 3/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de "Quatro Titias e um Casamento", que comprei no sebo Cantinho Sempre Viva, em excelentes condições! A obra em questão é sequência de "Disque T para Titias", livro de comédia absurda que li em dezembro do ano passado e que foi bastante divertido e leve (clique aqui para acessar a resenha). Afinal, é bom um livro leve e bobinho assim de vez em quando, não? "Quatro Titias e um Casamento", por sua vez, começou muito bem, mas depois terminá-lo se tornou uma experiência um tanto sofrível. Não porque acredito que ele tenha se tornado de repente ruim, mas porque me desconectei com a história, que soou consideravelmente repetitiva em relação ao seu antecessor. 

Dividida em três partes, os principais acontecimentos da obra também se desenvolvem em torno de um casamento, assim como na anterior. Por aqui, entretanto, quem irá se casar é Meddy, protagonista e fotógrafa de casamentos, com Nathan, antigo amor que reencontrou durante os eventos de "Disque T Para Titias". Assim, Meddy está ansiosa para o grande dia, envolta nos preparativos com a ajuda de sua mãe e de suas três excêntricas tias, que descobriram uma família sino-indonésia que trabalha na organização de casamentos (assim como a delas!). Meddy fica encantada com eles e logo se anima ao conhecer Staphanie (sim, com "A" mesmo"), pois se identifica bastante com ela, uma vez que compartilham as origens e a profissão. Todavia, nas vésperas de seu casamento, Meddy escuta Staphanie falando ao telefone sobre "apagar alguém" durante a festa, o que a deixa surpresa e preocupada. Nesse mesmo momento, descobre que a família contratada para cuidar do evento é, na verdade, parte da máfia e, desse modo, ela, as tias e a mãe se reúnem para cuidar do caso e evitar desastres. É claro que, assim como aconteceu no livro anterior, muitas coisas dão errado e uma série de situações cômicas se desenrolam em seguida.


Nesse sentido, "Quatro titias e um Casamento" é de fato divertido, e me arrancou muitas risadas genuínas, especialmente em sua primeira metade. As partes em que as tias tentavam falar inglês de um modo britânico (pois o casamento ocorre na Inglaterra) são hilárias! Mas depois, à medida em que as personagens precisavam lidar com a máfia, fui perdendo cada vez mais o interesse pela história. Fui parando de me importar, porque, como afirmei anteriormente, algumas coisas se repetiram em relação ao antecessor. Além disso, considerei o final um tanto ruim, pois tudo foi solucionado em um capítulo, de forma bastante conveniente. Sabe quando em filmes, séries ou livros os personagens de repente juntam todas as peças e encontram magicamente soluções e respostas? Foi isso. Tudo bem, o final do outro livro também foi bem conveniente e rápido, mas creio que nesse aqui foi ainda pior. 

Sinceramente, eu queria ter gostado mais, porque "Disque T para Titias" foi realmente muito bom (dentro do que ele se propõe a ser, é claro). Talvez eu só tenha perdido a vibe no meio da leitura. A questão é que, pra mim, embora carregue semelhanças narrativas e compartilhe o tom de seu antecessor, "Quatro Titias e um Casamento" funciona de forma inferior. Ao tentar repetir a fórmula de "Disque T para Titias", ele me soou repetitivo e desinteressante. 

No fim da contas, não é um livro ruim. É só mediano. 

sábado, 6 de setembro de 2025

Tatami Galaxy e a busca por uma vida cor-de-rosa

setembro 06, 2025 0 Comments

TATAMI GALAXY
DIREÇÃO:
 Masaaki Yuasa, Akitoshi Yokoyama, Ryotaro Makihara, Tomoya Takahashi, Shingo Natsume, Michio Mihara, Junichi Fujise, Eunyoung Choi
ELENCO PRINCIPAL: Shintaro Asanuma, Hiroyuki Yoshino, Keiji Fujiwara, Yuhko Kaida, Maaya Sakamoto, Junichi Suwabe
ANO: 2010
NOTA: 4,3/ 5 ⭐


Oi, pessoal! Essa semana assisti, pelo YouTube, a um anime chamado "Tatami Galaxy", baseado em um livro japonês de mesmo título, e lançado em 2010. Possui somente 11 episódios bem curtinhos, o que permite que seja assistido rapidamente. Há também um filme que se passa no mesmo universo, "Night Is Short, Walk On Girl", de 2017, e uma outra série que funciona como continuação do anime, "The Tatami Time Machine Blues", de 2022, mas ainda não vi nenhum dos dois e irei, portanto, me concentrar somente em "Tatami Galaxy"! 


O anime acompanha Watashi ("Eu", em português), um rapaz em uma busca incessante pelo que ele chama de "vida universitária cor-de-rosa", ou seja: uma vida universitária perfeita, completamente bem aproveitada, sem arrependimentos e sem desperdícios de tempo. Na tentativa de alcançá-la, Watashi volta no tempo a cada episódio, recomeçando como calouro, e se junta a um clube social diferente esperando que a sua felicidade esteja em uma das possibilidades que não foram previamente exploradas. Entretanto, ele sempre se decepciona e se frustra com a realidade, voltando no tempo mais uma vez e explorando outro clube social. 


Sempre sonhando com o irreal, eu nunca olhava para o que estava em minha volta.


E, nesse sentido, acredito que "Tatami Galaxy" seja extremamente relacionável. Afinal, quem nunca imaginou que a vida estaria melhor se outros rumos tivessem sido tomados, se outras escolhas tivessem sido feitas, se as coisas tivessem sido diferentes? No anime, isso se torna real, porque Watashi tem a oportunidade de explorar de forma concreta todos os seus "E se?", mas descobre em sua jornada que, ainda assim, não existe uma realidade perfeita, não existe uma "vida universitária cor-de-rosa", precisando aprender a aceitar isso e a aceitar quem ele é. Aliás, creio que "Tatami Galaxy" seja ainda mais relacionável para quem está no começo da faculdade (como eu!), porque é justamente nesse ponto da vida em que o protagonista se encontra, sempre buscando algo que acredita ser perfeito nesse contexto em que ele está e tendo a impressão de que desperdiçou seus anos universitários. 




Além disso, eu amei os visuais do anime! O uso das cores, os ângulos usados, a atmosfera psicodélica. Na realidade, tudo sobre ele é único e diferente de absolutamente todas as coisas que eu tinha visto até então, e é tão satisfatório se deparar com uma obra fora da caixinha, original e criativa. Uma das características dele são os diálogos rápidos, que faz com que muitas pessoas o abandonem por terem dificuldade de acompanhar as legendas, mas isso só me impactou mais no primeiro episódio, pois depois eu me acostumei com o estilo da série. Ademais, é bastante interessante acompanhar as divagações de Watashi (que narra o anime) e sua corrente de pensamentos, pois ele é uma pessoa que pensa demais e pensa de forma muito veloz, então a rapidez dos diálogos é condizente com quem o protagonista é. Também é curioso como seu destino se liga a de alguns personagens, independentemente do rumo que escolha tomar, como Akashi e Ozu. Embora alguns episódios soem repetitivos, de uma forma geral isso não é incômodo, pois o anime tem uma qualidade muito boa e é curtinho! Por fim, ele encerra, através de seus três episódios finais, de uma forma instigante e inteligente, conectando os outros episódios e nos levando a refletir sobre a jornada de Watashi e sobre sua busca pela utópica "vida universitária cor-de-rosa", que, de certa forma, também é uma busca de todos nós. Desse modo, "Tatami Galaxy" pondera sobre temas como aceitação, a própria vida e suas possibilidades, entre outros tópicos, enquanto explora o psicológico de Watashi. Entretanto, é uma obra bem leve e agradável, e o final é esperançoso e bonito de se assistir!




Gosto muito quando termino de ver um filme ou uma série e a obra me deixa reflexiva e com um sentimento genuíno de ter visto algo bom e que valeu a pena. "Tatami Galaxy", por sua vez,  me proporcionou isso, por meio de sua história inteligente e de seus traços únicos, estando altamente recomendada!! :)


"Aquele ponto de sua expressão, que era como alguma cidade-fortaleza europeia, relaxou em um sorriso, e aquele sorriso deixou uma impressão que nunca saiu da minha mente"


sábado, 23 de agosto de 2025

Resenha: "O Veleiro de Cristal"

agosto 23, 2025 0 Comments

O VELEIRO DE CRISTAL
Autor:
 José Mauro de Vasconcelos
Editora: Melhoramentos
Número de páginas: 120
Nota: 4,5/5 ⭐

No seu pequeno mundo de poucos acontecimentos gostava de decorar as melhores coisas. Decorar na saudade para depois se lembrar devagarzinho e com ternura. 


Oi, pessoal! Ontem fui novamente ao Cantinho Sempre Viva, ótimo sebo daqui de Aracaju, e comprei três livros novos, todos em excelente estado de conservação! Um desses livros foi justamente "O Veleiro de Cristal", que chamou rapidamente a minha atenção por ser de José Mauro de Vasconcelos, mesmo autor de "O Meu Pé de Laranja Lima" (um de meus livros favoritos!) e de "Coração de Vidro". Inclusive, as resenhas de ambos podem ser encontradas aqui no Sementes Literárias, respectivamente: aqui e aqui! Dessa forma, "O Veleiro de Cristal" é a terceira obra que leio do autor, e, assim como as outras duas, me encantou pela simplicidade e beleza da narrativa. 


O livro, bem curtinho, possui apenas uma parte ("Monólogo da Solidão") e pode ser lido rapidamente, algo facilitado pela forma como José Mauro de Vasconcelos escreve: com simplicidade e lirismo. Assim, acompanhamos a história de Eduardo, um garoto de 12 anos que possui uma deficiência e que, por conta do preconceito das pessoas ao seu redor, precisa lidar com a rejeição - inclusive de seus pais - e com a exclusão. A única pessoa que verdadeiramente o enxerga como indivíduo, para além de sua deficiência, é a sua tia Anna. 



Edu, então, prestes a fazer uma cirurgia em seu coração, parte com Anna para uma casa (que é chamada por ele carinhosamente de "veleiro de cristal") no alto de uma serra e próxima ao mar, como uma forma de fazer com que o menino descanse e fortaleça a própria saúde. Lá, ele se conecta com as belezas do lugar e com alguns seres que residem no local, como um tigre de cobre, uma coruja empalhada e um sapinho, com os quais conversa em seus momentos de solitude. Através de sua imaginação, Edu lida com a própria realidade e com as dificuldades que enfrenta, buscando poesia no mundo que o cerca. 


- Você [o tigre] vai falar sempre? Ou só é agora?

- Toda vez que você encostar o seu ouvido no meu coração eu falarei.

- Você nunca tinha falado antes?

- Nunca ninguém encostou o ouvido no meu coração. 


Desse modo, "O Veleiro de Cristal" é uma história bastante sensível e bonita, que cativa graças à própria narrativa e à forma delicada como ela é contada. Aliás, quem gosta de "O Meu Pé de Laranja O Lima" provavelmente irá gostar deste aqui, pois a escrita singela e doce pode ser novamente encontrada e alguns temas também - como a imaginação usada pelas crianças para lidarem com uma realidade difícil, a ternura nas relações que construímos, etc. Recomendo bastante! 


sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Terminei de assistir a "Por Amor" e ficarei com saudades...

agosto 22, 2025 0 Comments



(Escrevi essa postagem no dia 07 de agosto e, no entanto, esqueci de publicar e ela estava nos rascunhos até hoje!) 


Oi, pessoal! No segundo boletim informativo do Sementes Literárias, informei que estava terminando de assistir a "Por Amor", terceira novela que vejo de Manoel Carlos! A primeira foi "Mulheres Apaixonadas", em 2023, pela qual era (e sou) completamente encantada e que foi uma verdadeira obsessão quando assisti (conviver comigo naquela época era conviver, paralelamente, com a novela). A segunda eu não assisti na íntegra, mas vi vários capítulos e trechos de outros: "História de Amor", no começo desse ano. E a terceira é "Por Amor", que terminei de ver hoje! Todas eu assisti com a minha mãe, que nutre um certo hiperfoco por Manoel Carlos e meio que passou isso pra mim hahaha 

Aliás, acredito que esta seja a primeira vez que falo sobre novela aqui no blog! Enfim!


A novela se inicia em Veneza, em uma viagem entre Helena (interpretada por Regina Duarte) e sua filha Maria Eduarda (interpretada por Gabriela Duarte, filha de Regina na vida real). Lá, Helena conhece o arquiteto Atílio (Antônio Fagundes), logo se apaixonam, e, quando retornam ao Rio de Janeiro, têm a oportunidade de desenvolverem esse relacionamento. Além disso, Eduarda casa-se com o chato do Marcelo (Fábio Assunção) assim que retorna de viagem. O principal conflito da novela ocorre quando Eduarda e Helena engravidam no mesmo período e, após darem à luz no mesmo dia e o filho de Eduarda falecer, Helena decide trocar os bebês por amor à filha, sustentando uma grande mentira e afetando a vida de inúmeros outros personagens. Assim, a ideia central do enredo é apresentar diversas formas de amor, especialmente o amor entre uma mãe e uma filha, mostrando até onde os personagens são capazes de ir guiados por esse sentimento.


Ademais, somos apresentados a outros personagens, como a cruelíssima-porém-cômica Branca (vilã bem conhecida de Susana Vieira), mãe de Marcelo, Léo (Murilo Benício) e Milena (Carolina Ferraz) esposa do empresário Arnaldo (Carlos Eduardo Dolabella), Laura (Viviane Pasmanter), ex-namorada de Marcelo completamente obcecada e louca (literalmente) por ele, Orestes (Paulo José), que precisa lidar com alcoolismo e que é pai de Eduarda e Sandrinha (Cecília Dassi), padrasto de Nando (Edu Moscovis) e marido da cabelereira Lídia (Regina Braga), Sirléia (Vera Holtz), vizinha e amiga de Helena, Virgínia (Ângela Vieira), irmã de Helena, Meg (Françoise Fortoun), uma nova-rica excêntrica, mas de bom coração, e tantos outros personagens! Obviamente, não daria para citar todos aqui. 


"Por Amor" apresenta uma série de tramas paralelas interessantes, como o já citado alcoolismo de Orestes, o namoro de Milena e de Nando, a vida pacata e simpática na vila em que Helena trabalha como decoradora de interiores, as vilanias terríveis de Branca, etc. É, assim como as outras novelas de Maneco, uma crônica do cotidiano, em que os personagens vivenciam dilemas reais e palpáveis. É claro que algumas tramas envelheceram como leite, especialmente tendo em vista que a novela foi gravada entre 1997 e 1998, como a trama de racismo envolvendo o preconceituoso do Wilson e sua esposa - uma mulher negra -Márcia (ambos são moradores da vila). A abordagem foi realmente péssima, mas não creio que isso anule a qualidade da novela, é somente uma ressalva a se fazer, afinal, os tempos eram outros. Outra trama que creio que teria sido diferente se houvesse sido feita hoje em dia envolve o destino de Marcelo e Eduarda. A propósito, na época da primeira exibição de "Por Amor", havia até um site chamado "Eu Odeio a Eduarda", mas como o passar dos anos as pessoas mudaram o próprio olhar sobre a personagem, que foi realmente injustiçada pelo público. A evolução dela é muito bonita de se acompanhar, e creio que foi um dos pontos altos do folhetim!


Além disso, a trilha sonora é maravilhosa e combina perfeitamente com o texto afiado de Manoel Carlos. Minhas favoritas são "More Than This", "Dindi" e "Paralelas", mas todas as canções são marcantes, especialmente "Per Amore", interpretada por Zizi Possi. 

Para exemplificar a beleza do texto de Maneco, gostaria de deixar registrada aqui uma cena que considero uma das mais bonitas de toda a novela!



Entre paixões, brigas, sofrimentos e alegrias, sentimos junto dos personagens e torcemos genuinamente por eles. Assim como "Mulheres Apaixonadas", esta aqui deixará saudades... ❤

Resenha: "Cartas para minha avó", de Djamila Ribeiro

agosto 22, 2025 0 Comments

 

CARTAS PARA A MINHA AVÓ
Autora:
Djamila Ribeiro
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 200
Nota: 4,8/5 ⭐️

Há uma enorme diferença entre acostumar-se e aceitar. Passei a aceitar sua ausência física e carregar sua força, e falo de você com lágrimas de alegria e gratidão pela oportunidade do encontro, mas nunca me acostumei com sua ausência. 


Olá, pessoal! Recentemente concluí a leitura do livro "Cartas para a minha avó", primeiro que leio da ativista e filósofa brasileira Djamila Ribeiro. Minha mãe pegou emprestado de uma amiga dela e, após terminar de lê-lo, disse que achava que eu iria gostar também (e foi o que de fato aconteceu!). A obra possui uma linguagem simples e bastante acessível, o que a torna bastante dinâmica e rápida de ser lida, uma vez que você nem sente o tempo passar. 


"Cartas para a minha avó", como o próprio nome indica, apresenta-se como uma série de correspondências de Djamila à sua falecida avó, Antônia. Através das cartas, então, Djamila rememora suas vivências e nos apresenta suas memórias, possibilitando que o leitor conheça mais sobre a autora: sua infância, sua adolescência, suas experiências como uma mulher negra, suas relações familiares, suas amizades, sua jornada acadêmica, sua espiritualidade... por isso, é a obra mais pessoal da autora, em que ela se revela e permite ao leitor descobrir um pouco de seu mundo. Aliás, gosto muito de ouvir (ou, nesse caso, ler) pessoas contando suas próprias histórias, porque sinto que sempre podemos aprender com a experiência do próximo e porque isso me retira - mesmo que por um breve instante - do universo particular no qual estou imersa e me permite enxergar outras realidades para além da minha. Me faz bem. Portanto, adentrar, mesmo que um pouquinho, no universo de Djamila, foi uma ótima experiência!


Restituir a humanidade também é assumir fragilidades e dores próprias da condição humana. Somos [mulheres negras] subalternizadas ou somos deusas. E pergunto: quando seremos humanas?





A autora possui uma forma de escrever que cativa, pois, ao mesmo tempo em que é simples e direta, é também poética e reflexiva. Muitas coisas que li me impactaram e me fizeram pensar sobre experiências que não vivencio, como o racismo com o qual Djamila precisou (e precisa) lidar durante toda a sua vida. É muito fácil não pensar sobre determinado sintoma social quando não somos afetados por ele, então as memórias narradas pela escritora permitem, de forma bastante acessível e real, que nos coloquemos em seu lugar e pensemos sobre questões que marcam o imaginário popular e que, no entanto, muitas vezes passam despercebidas por nós. Além do racismo, Djamila também fala bastante sobre os machismos que sofreu ao longo de sua trajetória, sobre sua relação com a maternidade, sobre o luto, entre tantos outros temas. Entretanto, ela não narra apenas sobre si mesma: ela analisa também aqueles que a cercam, comentando bastante sobre como a mentalidade enraizada com relação ao que é ser mulher e ao que é ser uma pessoa negra impactou aqueles ao seu redor (como sua mãe, seu pai, sua própria avó...). Desse modo, ao escrever tais cartas, Djamila se reconecta com sua própria identidade e passa a ter um olhar mais gentil com relação ao seu passado e às vivências que teve. 


Penso que amar é ser suave com a diferença do outro.


Assim, "Cartas para a minha avó" apresenta-se como uma leitura bastante interessante e agradável, que recomendo bastante para aqueles que buscam algo rápido, bonito e reflexivo!




segunda-feira, 28 de julho de 2025

Resenha: "O Louco, O Mensageiro e O Andarilho"

julho 28, 2025 0 Comments
O LOUCO, O MENSAGEIRO E O ANDARILHO
Autor:
 Khalil Gibran
Editora: Lafonte
Número de páginas: 160
Nota: 3,6/5 ⭐


Minha filha, nós somos os infinitamente pequenos e os infinitamente grandes e somos o caminho entre os dois.

 

Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de três obras, mas cuja edição lida por mim reúne as três em um só livro: "O Louco (suas parábolas e poemas), O Mensageiro e O Andarilho", de Khalil Gibran. Peguei emprestado de um amigo meu da faculdade e a experiência foi boa e agradável!


Por que disputar o que seremos / quando nem sabemos o que somos?


Os três livros trazem textos curtos (parábolas e poesias, mais especificamente) que levantam reflexões sobre a vida e as coisas que a cercam: sentimentos (como o amor, a alegria, a tristeza, entre outros), atitudes, questionamentos... Creio que seria um ótimo livro de cabeceira, desses que se lê aos pouquinhos antes de dormir, possíveis de serem lidos fora de ordem (embora eu não tenha feito isso) e através dos quais refletimos sobre as coisas que envolvem nossa existência. Além disso, embora contenha textos escritos há bastante tempo, estes seguem relevantes e pertinentes na atualidade. Das três obras, a que mais gostei foi "O Mensageiro"!




Entre meus textos favoritos, destacam-se "Derrota", que me fez lembrar da música "O Vencedor", dos Los Hermanos, "Críticos", que me fez pensar sobre a questão da revitimização (que é quando uma vítima, ao denunciar o que sofreu, torna-se vítima novamente - de julgamentos, por exemplo), "A útima vigília", em que o Mensgaeiro reflete sobre o amor e que foi um dos textos mais bonitos dos três livros, "O louco" (presente no livro "O Andarilho"), entre tantos outros! Foi uma leitura interessante e está recomendada! :)


Derrota, minha Derrota, minha solidão e meu distanciamento; 

Você é mais cara a mim do que mil triunfos,

E mais doce para o meu coração do que toda a glória do mundo.