sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Resenha: "Tina- Respeito"

TINA: RESPEITO
Autora (roteiro e ilustrações):
 Fefê Toquarto
Editora: Panini Comics
Número de páginas: 100
Nota: 4/5⭐

Oi, pessoal! Tudo bem? Eu estou devendo uma resenha de Ponte para Terabítia, que li no final do mês passado. Porém, como li esse livro ontem, decidi fazer a resenha para não acumular mais :) 

Nesse ano estou lendo mais quadrinhos e tirinhas, como vocês já devem ter percebido, isto porque sempre gostei do gênero, mas nunca dei uma chance de "ampliar meu leque", de fato. Foi quando me lembrei de uma graphic novel que havia ouvido falar e tinha achado interessante: Tina-Respeito. A graphic faz parte do selo "Graphic MSP", do Maurício de Sousa. 


A Graphic MSP é um selo da Maurício de Sousa Editora, publicado pela Panini Comics. O projeto, que surgiu em 2012, possui a intenção de trazer uma releitura dos personagens originais do Maurício, feita por quadrinistas nacionais, sem, no entanto, fazer com que eles percam sua essência. "Tina-respeito" é apenas uma graphic desta coleção incrível, que segue crescendo. Foi a primeira que li, e pretendo ler outras futuramente 🥰❤ Ah, sabia que o live-action "Turma da Mônica: Laços" foi inspirado em uma graphic lançada pelo selo? Pois é :) 

A obra  é bem curtinha, dando para ler em uma "sentada". Eu a devorei em cerca de 1 hora e meia, tamanha a fluidez da leitura! O livro, com roteiro e ilustrações da quadrinista Fefê Toquarto, faz uma releitura da Tina, personagem criada na década de 70. Na trama, a personagem precisa lidar com o assédio que sofreu em seu primeiro emprego, além de nos depararmos com suas expectativas para com o trabalho, sua vida, etc. Podemos também rever alguns personagens que fazem parte do universo da Tina, como a Pipa e o Rolo. Ao final da leitura, encontramos ainda uma seção com extras (bem interessante, por sinal!), que mostram o processo da autora na escrita e ilustração do livro, escolha da capa, do teaser (divulgado na CCXP - Comic Con Experience - de 2018) e também um pouco da história da personagem, que, como dito anteriormente, surgiu nos anos 70, como hippie

Referência à Tina original (quando sua trajetória começou), hippie dos anos 70

As ilustrações são belíssimas e delicadas, e as cores são vivas e igualmente belíssimas. Algumas vezes eu parava na página apenas para ficar admirando a ilustração 😅❤ Gostei bastante da história, pois ela traz consigo inúmeras reflexões. Porém, creio que o final foi um pouco corriqueiro, mas isso não foi algo que me incomodou muito. O tema principal, o assédio, é um tanto pesado, mas a Fefê Toquarto conseguiu retratá-lo com delicadeza e leveza! 

Além disso, a edição é linda e bem trabalhada! Capa dura, com ilustrações por todo o livro... um charme só! 💞

Reflexão abordada no livro

Infelizmente, a graphic causou muita polêmcia, por tratar de um tema tão importante e atual como é o assédio. Li alguns comentários negativos (que, felizmente, não foram a maioria), que criticavam a obra simplesmente pelo fato abordar o assédio e de trazer uma Tina exigindo por respeito e onde ela não se cala. 

A Fefê Toquarto fez uma belíssima ilustração para o dia da mulher (colocarei ela logo abaixo do parágrafo seguinte), onde vemos a Tina com uma expressão levemente irritada, com dois cartazes, um com o símbolo de vênus (representando o gênero feminino e a luta feminista) e uma pilha de livros do movimento (Bell Hooks, Djamila Ribeiro, Angela Davis etc). Um comentário na publicação da Maurício de Sousa Produções me chamou bastante a atenção. Ele dizia: "A Tina era tão feminina e delicada. Horrível com essa careta de revoltada" (escrito por uma mulher, o que me entristece mais ainda). Isso foi apenas um exemplo, é claro que outros comentários (até piores do que este) foram feitos, mas escolhi este justamente por mostrar a ignorância das pessoas com relação ao feminismo e à obra. 

Claramente as pessoas não entendem o contexto do livro e não buscam tomar conhecimento. Além disso, ser feminina não significa ser sempre graciosa e feliz com o mundo ao redor. Nós, mulheres, temos motivos suficientes para fazermos "careta de revoltada", e isso não reduz a feminilidade de ninguém, ou torna uma pessoa "horrível". O dia da mulher não foi criado para ser celebrada a feminilidade de uma mulher, mas sim suas lutas, o que ela conquistou, e o que ela ainda tem que conquistar, portanto, o comentário foi equivocado em vários sentidos. 

Linda ilustra, né?

Leiam a graphic, é linda e vale a pena a leitura (tanto para homens como para mulheres)! "Tina-respeito" é um daqueles livrinhos para se ler em uma tarde, tranquilamente, e ainda refletir sobre a vida. Recomendo! ❤🥰 Você já conhecia o selo Graphic MSP? Já leu algum da coleção? Gosta de quadrinhos? Me conta sua opinião, vou adorar lê-la! ❤
 

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