quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Resenha: "Mais ou menos 9 horas"

MAIS OU MENOS 9 HORAS
Autor:
 Vitor Martins
Editora: Globo Alt
Número de páginas: 254
Nota: 4/5 ⭐

Oi, pessoal! Hoje trago a resenha do livro "Mais ou menos 9 horas", quarto publicado por Vitor Martins e também o quarto que leio dele (sou fã mesmo!). 


A obra acompanha Júnior, um rapaz de quase 30 anos que precisa encarar uma viagem de ônibus de cerca de 9 horas para poder presenciar o enterro do pai, com quem mantinha uma relação distante e complexa. Para completar, o seu ex, Otávio, namorado da época da escola, senta-se ao lado dele no ônibus, fazendo com que uma série de lembranças do período da adolescência retornem: os sonhos, os medos, as frustrações e vários outros sentimentos e experiências. Assim, "Mais ou menos 9 horas" alterna passado e presente através das memórias e vivências de Júnior, que narra a própria história nas páginas deste livro, refletindo sobre o impacto do passado em seu presente e sobre quais são suas perspectivas para o futuro. No fim das contas, seu reencontro com Otávio e a recente morte do pai influenciam Júnior de forma profunda, possibilitando tais reflexões.


- A gente vai morrer um dia.

- Mas a gente vai viver todos os outros.  


É uma premissa bastante interessante, e a narrativa é leve e em certos momentos divertida, tendo me arrancado risadas com o humor irônico de Júnior. Apesar disso, foi o livro de Vitor Martins que menos gostei, pois creio que me conectei mais com suas outras histórias. Enfim!


Júnior é um personagem que em muitos momentos me irritou com sua imaturidade e atitudes impulsivas, mas ele evolui ao longo da história - pelo menos. O autor criou um personagem com defeitos, complexidades e inseguranças, mas também com suas qualidades e méritos, o que o torna mais real e humano. Afinal, ninguém é todo o tempo bom, o tempo todo mau. Na verdade, não apenas Júnior foi um personagem bem escrito, como Otávio também. Um rapaz aparentemente com a vida ganha, mas que se deparava com uma série de incertezas sobre si mesmo e sobre sua vida. Dessa forma, os personagens de Vitor Martins apresentam questões com as quais o leitor pode facilmente se identificar, pois eles não são perfeitos - mas quem é?



- Eu não era bom - ele anuncia com a voz grave, recolocando os óculos no rosto. - E tentei ficar bom por um tempo. Mas só me frustrava toda vez. Daí acabei abandonando porque, na minha cabeça, não valia a pena perder tempo com alguma coisa para no fim das contas ser só medíocre, sabe? - Ele faz uma careta, como se estivesse envergonhado com a própria resposta.

Faço uma careta porque "perder tempo com alguma coisa para no fim das contas ser só medíocre" poderia ser o título da minha biografia [...].

 

Foi uma boa história para passar o tempo, bastante humana, e gostei da abordagem dos temas: o sentimento de luto por um pai que nunca esteve presente e por quem não se nutria afeto, as inseguranças de um menino gay em uma cidade pequena, a baixa autoestima de Júnior e seus relacionamentos. São temas complexos, mas que foram abordados de forma responsável e leve. Recomendo! 


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