terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Resenha: "Scott Pilgrim contra o mundo: Volume 2"

dezembro 26, 2023 0 Comments
SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO: VOL. 2
Autor:
 Bryan Lee O'Malley
Editora: Quadrinhos na Cia.
Número de páginas: 408
Nota: 4/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de "Scott Pilgrim contra o mundo: Volume 2", que ganhei de presente de Natal dos meus pais (aliás, Feliz Natal, galerinha!). O volume 1 foi lido e resenhado por mim no começo desse ano, e eis o link: https://sementesliterariasbooks.blogspot.com/2023/03/resenha-scott-pilgrim-vol-1.html. Então, obviamente, esta resenha conterá spoilers do volume anterior. Siga por sua conta e risco. 

Ah, importante dizer que a série Scott Pilgrim possui, originalmente, 6 volumes, mas a edição brasileira reúne 2 volumes a cada livro. Dessa maneira, o volume 2 da edição brasileira reúne os volumes 3 ("Scott Pilgrim And The Infinite Sadness") e 4 ("Scott Pilgrim Entra Na Linha") da edição original. Assim, esta resenha irá falar sobre "Scott Pilgrim And The Infinite Sadness" e sobre "Scott Pilgrim Entra na Linha".  

No final do volume 2 (edição brasileira), nós nos deparamos com algumas dicas de mangás por Bryan Lee O'Malley, o quadrinista responsável por Scott Pilgrim, e com canções (formando uma playlist) que combinam com a vibe da série e dos personagens. Há também uma seção bônus, com historinhas e artes dos personagens de Scott Pilgrim feitas por amigos de Bryan, o que é bastante interessante e legal! :)



Algumas páginas da seção bônus do livro


Eu ainda não vi o filme baseado nos quadrinhos, mas pretendo assistir assim que terminar de ler as HQs. No entanto, assisti à série animada que estreou recente na Netflix. A minha intenção inicial era assisti-la só depois que eu tivesse lido tudo de Scott Pilgrim, pra evitar spoilers. No entanto, eu tava ansiosa pra ver e fiquei sabendo que o anime tinha uma pegada diferente dos quadrinhos (e a Ramona era a protagonista!), então resolvi assistir mesmo assim. A série tá excelente e vale muito a pena assistir. A premissa dela, que eu achei super criativa, pois permite explorar ainda mais a história, é responder à seguinte questão: "o que teria acontecido se o Scott não tivesse derrotado de fato o primeiro ex-namorado do mal da Ramona?". E aí, ao longo de 8 episódios de 30 minutos, a gente mergulha - mais uma vez - nesse universo divertidíssimo criado por Bryan Lee O'Malley. Vale dizer que a abertura da série tá fantástica e eu não pulei em nenhum momento, porque dá muito gosto de assistir. Vou colocar aqui pra vocês verem. 



SCOTT PILGRIM AND THE INFINITE SADNESS

No final do volume anterior, vemos que Scott e Ramona se deparam com seus ex-namorados no palco do show do Clash At Demonhead: Envy Adams, vocalista da banda, e Todd Igran, seu namorado e o baixista com poderes paranormais adquiridos graças ao veganismo. Em "Scott Pilgrim And The Infinite Sadness", Scott precisará encarar o passado e enfrentar não apenas Todd, o terceiro ex-namorado do mal de Ramona, mas também a presença de Envy. Assim, nos aprofundamos mais no relaiconamento de Envy e de Scott, além de conhecer um pouco melhor Todd e seus poderes veganos.

O humor segue sarcástico e muito bom, e toda a questão dos poderes veganos de Todd (que, inclusive, foi o melhor da turma na Academia Vegan) é muito engraçada! Além disso, o traço de Bryan Lee O'Malley segue cativante e empolgante!



SCOTT PILGRIM ENTRA NA LINHA

Após derrotar Todd, no terceiro volume da série, Scott passará um bom tempo aguardando a chegada do quarto ex-namorado (ex-namoradO?) de Ramona, uma vez que são 7 ao todo, e, até o momento, ele só tinha derrotado 3. Enquanto isso, ele está tentando se tornar uma pessoa melhor (já não era sem tempo!). Arrumou um emprego e está animado com isso, e, no volume anterior, teve inclusive uma conversa esclarecedora com Knives (sua ex-namorada de 17 anos) na qual reconhecia não ter sido legal com ela e outras coisinhas, o que já é um começo. Ademais, uma antiga amiga de Scott e Kim Pine está na cidade, Lisa Miller, e ela irá estremecer ~um pouco~ o relacionamento de Scott e Ramona. 

O humor também continua muito bom, e o traço segue muito bacana e interessante. Algo que eu creio que mereça destaque sobre os desenhos dee Bryan Lee O'Malley e que realmente chama a minha atenção é o fato de que seus personagens constantemente mudam de roupa e estilo, e eu sempre me pego pensando o quanto eu usaria determinado lookinho na vida real. Isso é incrível e muito criativo! 

🌸 POR HOJE É SÓ, PESSOAL! 🌸

Recomendo!! Estou animada para ler o terceiro e último volume (edição brasileira), que também ganhei dos meus pais no Natal. Até breve, galerinha ;)



quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Resenha: "Suzette - ou o grande amor"

dezembro 13, 2023 2 Comments
SUZETTE - OU O GRANDE AMOR
Autor:
 Fabien Toulmé
Editora: Nemo
Número de páginas: 336
Nota: 5/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje eu trago a resenha de "Suzette - ou o grande amor", livro que estava na minha lista desde o ano passado.  Eu tinha começado a lê-lo no começo desse ano, mas acabei não concluindo. Então agora nas férias eu reiniciei a leitura e a concluí, e foi uma experiência bastante agradável!


"Suzette - ou o grande amor" é uma história cativante sobre uma avó (Suzette) e uma neta (Noémie) que partem em uma jornada para reencontrar um antigo amor da senhora em questão. Depois de perder o marido, Suzette acaba revelando à Noémie que ela não foi feliz no casamento e que nunca conseguiu esquecer um amor da juventude: o italiano Francesco Benedetti. Noémie, então, a partir de histórias contadas pela avó e com a ajuda de seu namorado Hugo, decide procurar por Francesco na internet e descobrir onde ele poderia estar vivendo. Depois de uma longa busca, ela finalmente se depara com dois "Francescos" que poderiam ser o Franscesco de sua avó. Para "tirar a prova dos nove", a jovem convence a avó a partirem em uma viagem de carro para a Itália em busca desse antigo amor, e, meio relutante, Suzette acaba aceitando. Em meio a essa viagem, Noémie também acaba tendo que lidar com questões de seu próprio relacionamento com Hugo, que está um pouco estremecido. 




Essa é a premissa do quadrinho, que por si só já é bastante adorável e até lembra um pouco o filme "Cartas Para Julieta" hahaha! O livro é bastante delicado e recheado de diálogos fofos e reflexivos. O contraste de gerações marca presença por aqui, e é muito interessante observar as visões que Noémie e Suzette têm sobre a vida. Elas aprendem muito uma com a outra, e a visão contrastante que possuem acerca da vida não é motivo de conflitos, mas de diálogos pertinentes e engrandecedores (para ambas). Suzette, por exemplo, é de uma época em que as mulheres aprendiam a colocar as necessidades do marido e dos filhos à frente das suas, e era comum elas se anularem dentro do casamento. Além disso, ela também tem muito tabu com relação a sexo, enquanto Noémie encara o assunto com bastante naturalidade. A relação das duas, vale dizer, é muito bonita e muito bem trabalhada pelo autor <3


Suzette: Além do lado tabu, acho que a forma como a gente fazia amor na minha época era muito diferente. Na igreja nos diziam: 'Deve-se fazer amor para ter filhos'. E é claro que isso acaba condicionando a forma como percebe a coisa. Acho que, como muitas mulheres, fui submissa ao desejo do meu marido. E acho que se pode dizer que eu não era muito 'ardente'. Talvez seja justamente por isso que ele foi atrás de outras. 

Noémie: Nada disso! Também cabia a ele te tornar mais ardente. Desde sempre, existe um lado muito patriarcal na relação sexual [...]. Na real, a relação sexual, tal como costuma ser praticada, valorizando a penetração, é menos uma questão de prazer e de partilha que de dominação e de conquista da mulher pelo homem. 


É importante também dizer que o traço de Fabien Tolmé é muito bonito. As cores usadas (predominantemente o azul, o amarelo e o laranja) são muito bem trabalhadas e, em conjunto com o traço do quadrinista, passam a sensação de leveza e agradabilidade visual ao leitor. Particularmente, adoro quando os quadrinhos possuem um estilo mais cartunesco e único, porque creio que através dele o autor imprime um pouco mais de personalidade ao desenho. Além disso, ele pode explorar uma forma mais diferente de encarar o mundo ao redor, uma vez que não se limita ao realismo ou a um traço que busca alcançá-lo.  



O livro também conta com músicas que têm letras bem poéticas! Fui pesquisar pra ver se elas existiam na vida real, mas, infelizmente, não existem. Vou deixar aqui a letra de uma música apresentada no livro para vocês compreenderem o que estou falando.


Adoro o perfume dos teus cabelos negros,

ver as gotas de chuva molharem sua camisa branca.

Gostaria de poder te admirar para sempre.

Infelizmente, a vida não é uma dança.

Nossos passos, às vezes, nos afastam

sem que nossos braços possam nos reter.

Mas me ame enquanto pode,

me ame enquanto pode

antes que o amor desapareça.


Quando eu li isso eu fiquei: "Meu Deus, que coisa mais linda!".


Outro mérito do livro é a leveza com a qual ele retrata o amor, e, em destaque, o amor na terceira idade. É uma graça acompanhar a jornada de Suzette enquanto vivencia esse afeto adormecido pelo passar dos anos, pelos caminhos tortos que a vida é... E também é muito divertido acompanhar Simone, vizinha e melhor amiga de Suzette, enquanto se envolve com vários senhores em bailinhos da terceira idade e em sites de relacionamento! Adorável demais!!! 


"Suzette - ou o grande amor" é uma leitura que vale super a pena! É divertida, é leve, é reflexiva, é bonita (tanto em sua história como em seus traços)... foi uma leitura excelente, que deixou um quentinho em meu coração! Estou muito feliz de conhecer mais um quadrinista para acompanhar, e agora com certeza quero ler as outras obras de Fabien Toulmé! Super recomendo!! 💙

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Resenha: "O dia em que a minha vida mudou por causa de um chocolate comprado nas Ilhas Maldivas"

dezembro 08, 2023 0 Comments
O DIA EM QUE A MINHA VIDA MUDOU POR CAUSA DE UM CHOCOLATE COMPRADO NAS ILHAS MALDIVAS
Autora:
 Keka Reis
Ilustrador: Vin Vogel
Editora: Seguinte
Número de páginas: 184
Nota: 3,8\5 ⭐


Livro de estreia de Keka Reis, "O Dia em que a minha vida mudou por causa de um chocolate comprado nas Ilhas Maldivas" (Ufa! Título grande) acompanha Mia, uma pré-adolescente que está no sexto ano, em um atípico dia na escola. Tudo começou quando ela recebeu um bilhete de seu melhor amigo, Bereba (Paulo) com os seguintes dizeres: "Quer sentar do meu lado hoje na perua?" e dois quadradinhos com "Sim" e "Não" ao lado deles. Acompanhando o bilhete, havia ainda uma barra do chocolate Pura Magia, o favorito de Mia! O chocolate em questão é muito importante para a garota, pois foi o último presente que o pai deu a ela antes de vir a falecer por causa de um infarto, quando ela tinha apenas quatro anos. Durante os anos seguintes, Mia queria comer o chocolate Pura Magia o tempo inteiro, porque sempre que o fazia se lembrava de seu pai. No entanto, a empresa produtora do chocolate veio à falência e a menina nunca mais tinha visto e colocado um chocolate Pura Magia na boca de novo, até aquele momento. 


Com o bilhete e o chocolate em mãos, Mia entrou em pânico! Será que o Bereba gostava dela? E será que ela gostava do Bereba também? E se ele foi até a China ou até as Ilhas Maldivas para comprar o chocolate pra ela, então ele devia gostar bastante dela, não? Todos esses questionamentos atravessam a cabeça da protagonista, que relata seus sentimentos e pensamentos no livro, enquanto conta sobre esse dia diferentão e marcante em sua vida. A linguagem usada é muito simples e dinâmica, e a obra se assemelha bastante a um diário. Assim, a leitura flui facilmente e de forma rápida, sendo possível realizá-la em algumas horas ou pouquíssimos dias. Além disso, também há a presença de ilustrações fofíssimas de Vin Vogel, que também colaboram para a dinamicidade da leitura.




"O dia em que a minha vida mudou por causa de um chocolate comprado nas Ilhas Maldivas" estava na minha lista de leituras em 2018, e eu ~quase~ o comprei naquela época. Lembro-me de estar com dois livros na mão na Escariz, livraria aqui da minha cidade: "Para todos os garotos que já amei" e o que resenho hoje. Escolhi o primeiro. Tinha acabado de ver o filme e estava mega ansiosa para finalmente ler o livro, que inclusive foi o primeiro que resenhei aqui nos Sementes Literárias. Passado todo tempo, no começo desse ano, decidi finalmente comprar a obra de Keka Reis, por estar buscando algo levezinho e porque a leitura parecia agradável e fofa. Comecei a ler, mas acabei deixando de lado bem no comecinho. Agora nas férias, então, peguei ele pra ler pra valer! Comecei ontem à tarde e terminei hoje pela tarde também. E realmente: foi uma leitura levezinha, agradável e fofa!


Creio que esta seja uma ótima opção para quem está na mesma faixa-etária da Mia, e também para quem esteja buscando algo com gostinho de infância. A leitura até me fez relembrar um pouco de quando eu tinha a idade da Mia (ok, não foi muito tempo atrás). Eu acho muito engraçado como a Mia enxerga os alunos mais velhos, "os adolescentes originais de fábrica", como ela chegou a chamá-los, pois eu os enxergava de forma semelhante. Grandões, intimidadores. E hoje em dia eu sou uma "adolescente original de fábrica" e não vejo nada demais em mim ou nas pessoas ao meu redor hahaha Eu com certeza não me considero grandona e, muito menos, intimidadora. Acho que aos 17 anos sou meio grande, mas às vezes acho que sou meio pequena também, os dois ao mesmo tempo. Enfim, divaguei aqui hahaha 


Como costuma acontecer com os livros da Seguinte, este aqui é acompanhado por um marcador


Por fim, digo que recomendo este livro de título gigante! É uma leitura divertida e adorável <3 Ah, curiosidade: o livro foi finalista do Prêmio Jabuti na categoria Infantil e Juvenil. Já quero ler o segundo (que, claro, também conta com um enorme título): "O dia em que a minha vida mudou por causa de um pneu furado em Santa Rita de Quatro"! :)


Se você olhar de novo, alguma coisa boa sempre aparece. É uma questão de ponto de vista

 

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Resenha: "Peanuts completo: 1953 a 1954"

dezembro 06, 2023 0 Comments
PEANUTS COMPLETO: 1953-1954
Autor:
 Charles M. Schulz
Editora: L&PM
Número de páginas: 314
Nota: 5/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de mas um livro da coleção "Peanuts: completo"! Já tenho outros dois resenhados por aqui, "Peanuts Completo: 1950-1952" e "Peanuts Completo: 1955-1956" (este aqui eu li em 2019, mas eu pretendo reler em breve). Resumidamente, a coleção busca reunir todas as tiras já publicadas de Peanuts, e ainda há lançamentos pendentes (afinal, são mais de 17.000 tirinhas e são 50 anos de publicação diária e dominical!). Originalmente, a coleção foi lançada em capa dura, mas a editora responsável pela publicação dos volumes, a L&PM, está relançando-os em brochura. Eu achei isso ótimo, pois torna os livros mais acessíveis. Enfim! O volume que irei resenhar hoje é "Peanuts Completo: 1953-1954", o segundo da coleção. 


Dando continuidade ao volume anterior, aqui podemos ler mais tirinhas de Peanuts. Já percebemos mudanças nos traços de Charles M. Schulz e até a adição de alguns personagens, como Chiqueirinho e Charlotte Braun (que teve pouquíssimas aparições nas tiras).É aqui neste volume, inclusive, que Linus ganha seu maior companheiro, ainda bebê: o querido cobertor que carrega sempre por aí. Além disso, o humor segue sutil, irônico e adorável, típico de Peanuts! O livro também conta com uma introdução escrita por Walter Cronkite, e, ao final, com uma minibiografia do autor escrita por Gary Groth (sendo esta bem mais resumida do que a presente no primeiro volume da coleção, mas também muito bem escrita e interessante). 



Recomendo demais! As tirinhas de Peanuts são encantadoras e inteligentes, e certamente merecem ser conferidas. Foi uma ótima leitura! Sempre válido e agradável revisitar o bom e velho Charlie Brown 💛🖤 


ALGUMAS TIRINHAS FAVORITAS 










sábado, 25 de novembro de 2023

Dica de filme: "Verão de 85"

novembro 25, 2023 0 Comments

VERÃO DE 85 (ÉTE 85)
Diretor:
 François Ozon
Elenco principal: Benjamin Voisin, Félix Lefebvre, Philippine Velge, Valeria Bruni Tedeschi, Melvil Poupaud, Isabelle Nanty, Bruno Lochet
Classificação indicativa: 14 anos
Ano: 2020
Onde assistir: Telecine * Apple TV
Nota: 4,8/5 ⭐

Oi, pessoal! Hoje irei indicar um filme que assisti recentemente no Telecine, "Verão de 85" (coincidentemente, foi o 85° filme que vi este ano, de acordo com as minhas anotações). O longa superou as minhas expectativas, tem uma história interessante, uma bela fotografia e uma trilha sonora bem agradável também. 


"Verão de 85" acompanha uma breve história de amor que ocorreu na Normandia, litoral da França, durante o verão de 1985. A história se desenrola entre flashbacks ensolarados e um presente de tons frios e melancólicos, ficando claro que há algo de errado no ar. 

Logo no início, somos apresentados a Alexis (Félix Lefebvre), protagonista e narrador da história. Ele está dirigindo um barquinho, mas, após uma tempestade, o barco acaba virando. Desesperado e sem saber como agir, Alexis é socorrido por David (Benjamin Voisin), e os dois se tornam amigos instantaneamente. Entretanto, Alexis logo anuncia em sua narração que David está morto no presente, e então ficamos nos questionando o porquê dessa tragédia. No momento atual, o filme mostra que Alexis está sendo julgado por causa de um crime relacionado à morte de David, situação que é esclarecida à medida que o longa avança. Os telespectadores, então, embarcam nessa relação de amor que culmina em um triste fim, se perguntando o que poderia ter acontecido.



Depois de ser resgatado por David, Alexis e ele passam a sair juntos. Assim, a relação de amizade logo se transforma em um romance. Inclusive, Alexis até passa a trabalhar na loja de artigos marítimos da mãe de David. Em determinado momento, também vale dizer, David propõe um pacto a Alexis: se um deles morresse, o outro deveria dançar sobre o túmulo do que se foi. A contragosto, Alexis acaba aceitando a proposta, e, após a morte de David, está determinado a cumprir com sua palavra. 


No presente, Alexis precisa lidar ao mesmo tempo com o luto e com o acontecimento que culminou em seu julgamento. Dessa forma, o rapaz possui uma enorme dificuldade de falar sobre o ocorrido, se negando a fazê-lo quando a assistente social pede que narre os acometimentos para que ela possa ajudá-lo. Então, Alexis conta com a ajuda de seu professor de literatura, que propõe a ele que escreva sobre o assunto para conseguir lidar melhor com seus sentimentos e para conseguir contar a história à assistente social. 


Além disso, algo que certamente merece destaque e que eu gostei muito é a bela maneira como "Verão de 85" nos mostra os momentos de Alexis e David: a simplicidade e naturalidade nos gestos e nos olhares e a beleza da intimidade através de planos fechados. A fotografia e a caracterização oitentista das personagens estão fantásticas, e realmente chamaram a minha atenção!  




É interessante observar o relacionamento de Alexis e David e a diferença com que cada um enxerga a relação na qual estão envolvidos. Alexis se apaixona intensamente pelo amigo, enquanto David encara o relacionamento como uma efêmera diversão, e é claro que essa diferença de perspectivas resulta em mágoas. Essa diferença de expectativas. Outra questão levantada pelo longa é sobre o quão bem conheciam um ao outro e sobre o quanto Alexis era apaixonado por uma idealização de David, através de um diálogo que Alexis teve com sua amiga Kate (Philippine Velge). Quantos de nós não inventamos nossos amores, projetamos nossas visões sobre o outro? 


Créditos: @cinemalgbt via Instagram


"Verão de 85" é uma excelente e reflexiva pedida, que retrata a singeleza da sexualidade, dos amores e da juventude de forma instigante e belíssima. Está mais do que recomendado! 


sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Resenha: "Eu nasci pra isso"

novembro 24, 2023 0 Comments
EU NASCI PRA ISSO
Autora:
 Alice Oseman
Editora: Seguinte
Número de páginas: 368
Nota: 4/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de "Eu nasci pra isso", de Alice Oseman (mesma autora de Heartstopper)! Li em 1 semana (terminei ontem) e foi uma experiência agradável :)


O livro acompanha Angel Rahimi e Jimmy Kaga-Ricci, sendo narrado em primeira pessoa e alternando entre o ponto de vista dos dois. Angel é super fã do Ark, banda de rock que está dominando o mundo, e a acompanha desde que o Ark tinha começado a postar vídeos tocando no YouTube, quando os membros tinham acabado de entrar na adolescência. Assim, Angel viaja a Londres para assistir ao show da banda e passar a semana na cidade, ficando hospedada na casa da avó de sua amiga virtual, Juliet, que conhece graças ao interesse em comum pelo Ark. Angel fica super animada para passar a semana se dedicando ao Ark ao lado de Juliet, além de ficar feliz porque estava finalmente conhecendo a amiga com quem falava há anos na internet. No entanto, seus planos são frustrados quando ela descobre que Juliet chamou Mac para passar a semana com elas também. Mac é um amigo virtual de Juliet, e também estava indo ao show do Ark. 


Em vários momentos me identifiquei com Angel e sua paixão pelo Ark, pois sou super fã do Arctic Monkeys e do Coldplay e adoro acompanhá-los! Entretanto, devo admitir que em certas passagens da narrativa eu achei a personagem um tanto chatinha e implicante, mas dá pra relevar. Algo perceptível em Angel é a forma como ela usa a banda para se distrair de seus problemas pessoais. Ela se agarra a essa paixão com todas as suas forças pois é por causa da banda que Angel acredita que ainda há algo de bom no mundo. Para ela, o Ark é perfeito, e a vida de seus integrantes é perfeita. Então, enquanto tudo estiver bem com o Ark, tudo ficará bem com ela. Eu creio que muitas pessoas podem acabar se identificando com Angel nesse aspecto também, pois nossas paixões realmente nos ajudam a atravessar a vida, mas precisamos entender que ela não se resume a nossas paixões, e essa é uma das lições da obra. 



Do outro lado da moeda temos Jimmy Kaga-Ricci, um dos membros da famosa boyband, junto de seus amigos Lister Bird e Rowan Omondi. Através de seu ponto de vista, conhecemos a loucura dos bastidores da vida pessoal da banda e o cotidiano frenético que levam. Além disso, Jimmy sofre seriamente de ansiedade, e toda a fama e a vida corrida apenas pioram o quadro. Para ser sincera, gostei mais de acompanhar o ponto de vista de Jimmy porque me permitiu refletir melhor sobre a vida que os famosos levam, e nem sempre eles passam por situações agradáveis em decorrência da fama: a falta de privacidade, o assédio constante, a saudade de casa, a vida desassossegada e de aparências... Essa questão faz Jimmy refletir sobre a própria carreira e sobre os caminhos que a banda está levando. Afinal, o Ark é um verdadeiro sonho para ele, mas a fama está custando a sua saúde mental, a sua felicidade. É muito interessante ver que para os fãs tudo parece perfeito, mas a realidade muitas vezes é  completamente diferente. Além de Jimmy, Lister e Rowan também precisavam lidar com seus problemas pessoais, como o fato de que Lister é alcóolatra e Rowan está em um relacionamento fadado ao fim. 


- Todo mundo é normal, não acham? - Bliss comenta. - Tipo, todo mundo é normal, todo mundo é esquisito, todo mundo só está tentando tocar a própria vida, manter a calma, seguir em frente. E se agarrar a qualquer coisa que lhes permita continuar.

- É - digo.

- É por isso que as pessoas entram em fandoms, formam bandas e tal. Só querem se agarrar ao que faz com que se sintam bem. Mesmo que seja tudo uma grande mentira. 

 

Gostei muito de ver como Alice Oseman contrasta a visão de Jimmy com a visão de Angel, pois nos permite ver o lado do famoso e o lado do fã. Mas eles não se resumem a isso: os dois tem as suas questões, as suas personalidades. Em determinado momento, os caminhos de ambos se cruzam, porém eu não irei dizer como, obviamente. Ah, e quando eu comprei o livro eu pensei que seria um romance, mas não é nada disso (isso não me decepcionou, é claro). Enfim! Outra coisa que gostei muito foi a forte representatividade presente na história. Angel, por exemplo, é mulçumana e Jimmy é um homem trans (inclusive, acho que esse é o primeiro livro que leio protagonizado por uma pessoa trans). Todavia, essas coisas são apenas detalhes de quem eles são, uma pequena parte de um enorme universo. Não é tudo. Alice Oseman retrata seus personagens de forma muito natural, como de fato é. Angel não se limita a ser mulçumana e Jimmy não se limita a ser trans, eles são muito mais do que uma parte de suas características. "Eu nasci pra isso" também faz várias referências bacanas, como ao Radiohead e ao The Killers, entre outras. O livro foi escrito em 2018 (embora tenha sido lançado no Brasil somente esse ano), mas poderia facilmente ter sido escrito em 2023 mesmo. 


O livro vem com um marcador de páginas e eu também ganhei um pôster bem bonito (porque comprei a versão com brinde), que possui o desenho da capa. Já pendurei inclusive! Olha aqui 👇🏼



Enfim, recomendo! Foi uma leitura bem interessante e agradável ;)


terça-feira, 14 de novembro de 2023

Resenha: "O Amor Natural"

novembro 14, 2023 0 Comments
O AMOR NATURAL
Autor:
 Carlos Drummond de Andrade
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 112
Nota: 3,3/5⭐


Oi, pessoal! Hoje trago a resenha do livro "O Amor Natural", de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1992, 5 anos após a sua morte. Já conhecia alguns poemas dele, e inclusive a escola ensinou (bem superficialmente, claro) um pouco sobre ele, quando estudamos os Modernistas da geração de 30. Entretanto, nunca havia lido uma obra sua, e "O Amor Natural" foi a primeira delas. É claro que, não sendo uma grande conhecedora da obra de Drummond e das características do autor, receio que a minha resenha acabe sendo um tanto superficial. Talvez no futuro faça uma releitura. Enfim.

O autor reuniu as suas poesias eróticas neste livro, e pediu para que ele fosse publicado somente após a sua morte a fim de evitar escândalos e polêmicas. Assim, "O Amor Natural" foi publicado postumamente por seus descendentes. A edição que li conta ainda, com um posfácio escrito por Mariana Quadros, refletindo sobre "O Amor Natural": os poemas contidos nele, a visão de Drummond acerca da obra e a face revelada do autor nesse livro. Tem também uma pequena cronologia da vida do autor no final do livro, juntamente com fotos suas. 

 

Os poemas aqui reunidos, como já apontado, são eróticos, sutis. Entretanto, eu diria que alguns são até pornográficos, explícitos, escancarados. Fiquei bastante chocada!! Talvez choque até mesmo aqueles que estão acostumados com as poesias de Drummond. Isso não significa, obviamente, que os poemas não possuem qualidade ou que eu não tenha gostado. Eu gostei de uns, não gostei de outros, alguns eu nem gostei nem desgostei e outros eu nem compreendi plenamente.


Foi uma leitura interessante e instigante, mas classificaria minha experiência como mediana e não acho que tenha sido uma leitura marcante. De qualquer forma, acho que valeu a pena pois pude conhecer alguns poemas que gostei bastante, tais como, "Sob o Chuveiro Amar", "Em Teu Crespo Jardim, Anêmonas Castanhas", "No Pequeno Museu Sentimental" e "Era Bom Alisar Seu Traseiro Marmóreo". Outra poesia favorita é "O Chão É Cama", que já conhecia há um tempinho pois tinha visto uma postagem na internet que falava sobre "O Amor Natural" e transcrevia esse poema. 

Por fim, recomendo a obra para quem quer conhecer uma faceta Carlos Drummond de Andrade pouco comentada ou para quem está em busca desse tipo de leitura! ;)


🌸 TRECHOS FAVORITOS 🌸


"O chão é cama para o amor urgente" - O Chão é Cama


"Vou beijando a memória desses beijos." - No Pequeno Museu Sentimental


"Você meu mundo meu relógio de não marcar horas; de esquecê-las. Você meu andar meu ar meu comer meu descomer. Minha paz de espadas acesas" - Você Meu Mundo Meu Relógio de Não Marcar Horas


"Só a bunda existia, o resto era miragem" - Era Bom Alisar Seu Traseiro Marmóreo 


"Em teu crespo jardim, anêmonas castanhas

detêm a mão ansiosa: Devagar.

Cada pétala ou sépala seja lentamente

acariciada, céu; e a vista pouse,

beijo abstrato, antes do beijo ritual,

na flora pubescente, amor; e tudo é sagrado." - Poema completo "Em Teu Crespo Jardim, Anêmonas Castanhas"