terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Resenha: "Arlindo"

ARLINDO
Autora:
 Luiza de Souza (@ilustralu) 
Editora: Seguinte
Número de páginas: 200
Nota: 4,8/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje eu trago a resenha de "Arlindo", livro que adquiri por meio do Dia do Quadrinho Grátis. Esse dia na verdade foi final de semana passada, nos datas10 e 11 de dezembro. Eis o que diz o site do evento: 

"Como o nome já diz, o Dia do Quadrinho Grátis é um dia em que as lojas especializadas participantes, espalhadas pelo país, distribuem quadrinhos gratuitamente para todo mundo que entrar na loja! Um evento, inspirado no “Free Comic Book Day” americano, que já está em sua quinta edição no Brasil! O Dia do Quadrinho Grátis acontecerá nos dias 10 e 11/12/2022, durante um evento, organizado pela Editora Devir, chamado: Virada Nerd.[...] A Amazon.com.br distribuirá gratuitamente a versão digital de uma seleção de quadrinhos, com exclusividade [...]"


Eu fiquei sabendo da iniciativa por causa do Instagram da Seguinte, editora que publicou "Arlindo", pois este era um dos livros disponíveis para serem baixados gratuitamente no site da Amazon. Como era um livro que eu já queria ler há bastante tempo, corri para adquirir o meu! Achei a iniciativa super bacana, porque facilita o acesso a esse tipo de literatura e ainda ajuda a divulgá-la, de forma legalizada. Mesmo que você não tenha um Kindle, você pode acessar o livro por meio do aplicativo do Kindle no celular ou pelo site https://ler.amazon.com.br. Eu, por exemplo, mesmo tendo o e-reader, preferi ler pelo meu celular porque no Kindle as imagens são preto e branco (e as cores em Arlindo são muito bem trabalhadas e lindas!!!). A forma como a autora utilizou as cores rosa, amarelo e azul também torna o livro visualmente ainda mais bonito, pois ela combinou perfeitamente as cores com a fofura que é a história e com seus traços dinâmicos e também bonitos. 


    Explosão de cores!!!!

A obra acompanha o adolescente Arlindo (ou "Lindo", para os mais íntimos) em uma pequena cidade conservadora do Rio Grande do Norte em meados dos anos 2000. Assim, podemos ver a sua relação com os colegas, amigos, familiares e também podemos perceber como a homofobia é bastante presente e limitante, não apenas em sua vida, mas na de qualquer pessoa LGBTQIA+. O protagonista precisa lidar com a falta de acolhimento do pai, extremamente homofóbico e machista, com as fofocas da cidade sobre a sua sexualidade, e, ainda, com as zoações na escola, pelo simples fato de ele ser quem ele é. Nesse aspecto, Arlindo encontra apoio em seus amigos, Mari, Lis, o novato Pedro e Luis Felipe, na sua tia, mãe, avó e também na figura de sua irmã caçula. A forma como essas relações são construídas é bastante convincente e fofa, fazendo com que o tema da amizade e família sejam bastante recorrentes e importantes na história. É muito bonito ver como a quadrinista retrata os sentimentos e as relações das personagens, de forma tão delicada e sutil que se torna encantador observar o mudinho de Arlindo, mesmo que por um breve momento, já que se trata de uma leitura bem rapidinha e gostosa de se fazer. As personagens são verdadeiramente cativantes! 


Além disso, "Arlindo", como consequência da época em que o enredo se passa, é recheado de referências aos anos 2000! Como eu não vivi essa época (quero dizer, em 2009, final da década, eu tinha apenas 3 aninhos. Não conta muito, conta?), foi muito legal poder vivenciar através dos quadrinhos coisas que eram super comuns naquela época e que hoje em dia não são mais recorrentes ou simplesmente não existem mais, como locadoras, troca de mensagens por MSN, DVDs e CDs (mas, no caso destes, eu usava bastante até 2016\2017, quando eu comecei a usar o streaming), etc. Existem também inúmeras referências musicais, com destaque para Pitty e para Sandy e Júnior. Elas estão presentes através dos CDs, das cantorias cotidianas, simples conversas e, até mesmo, em uma espécie de status do MSN, em que você podia escrever uma frase (muitas pessoas usavam para colocar trechos de música). Achei super legal que várias das músicas eu conhecia e gostava!! Teve também referência ao The Smiths e à música "Eu não sei dançar", da Marina Lima, que eu recomendei na penúltima postagem. Enfim, adorei isso!! Outro aspecto super legal é brasilidade fortemente presente na obra. É fácil se identificar com as personagens e com as falas delas, e achei engraçado como um monte de coisa que a mãe de Arlindo fala a minha também diz. Isso faz com que nos conectemos ainda mais com aquele universo, como se realmente fizéssemos parte da turminha do Arlindo e estivéssemos lá, torcendo por ele. 


MSN! 

"Arlindo" é uma obra belíssima, tanto visualmente como com relação à sua história, que fala, sobretudo, sobre amor, acolhimento e sobre ser quem se é, enquanto busca seu lugar no mundo. Vale super a pena a leitura, que dá gostinho de quero mais, aquece nosso coração e nos presenteia com esperança. Assim, fica bem claro que a beleza do livro não se restringe ao título: é lindo, lindo, lindo. 


<3

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