quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Dica de filme: "Tudo bem no Natal que vem"

dezembro 09, 2020 0 Comments


TUDO BEM NO NATAL QUE VEM
Direção:
 Roberto Santucci
Elenco principal: Leandro Hassum, Elisa Pinheiro, Arianne Botelho, Miguel Rômulo, Danielle Winitis.
Ano: 2020
Classificação indicativa: 12 anos (embora pudesse facilmente ser 10)
Gênero: Comédia dramática
Nota: 4/5 ⭐
Onde assistir: Netflix

Estreou na Netflix o filme brasileiro natalino "Tudo bem no Natal que vem", com Leandro Hassum. Logo que comecei a assistir, percebi a enorme semelhança com Click (2006), estrelado por Adam Sandler.


Jorge (Leandro Hassum) detesta o Natal. Nascido no dia 24 de dezembro, ele nunca teve uma festa de aniversário comemorada decentemente, e afirma que é difícil dividir a atenção com o outro aniversariante: Jesus. Assim, ele não suporta nada que envolve o Natal e para ele é um alívio que a data seja comemorada apenas 1 vez no ano. No entanto, no Natal de 2010, o avô de sua esposa lança-lhe uma maldição, que se concretiza quando Jorge cai do telhado de sua casa: todo dia seria Natal para ele. 


Explico: quando Jorge cai do telhado, em 2010, ele acorda no dia 24 de dezembro de 2011 se lembrando apenas do Natal passado, como se ele não tivesse vivido os outros 364 dias do ano. O "Jorge verdadeiro" é justamente aquele que está presente apenas no Natal, e muitas vezes ele precisa lidar com as consequências dos atos que o Jorge do ano inteiro criou. É justamente com esse enredo que a narrativa me lembra de Click, quando o protagonista interpretado pelo Adam Sandler viu o que sua vida se tornaria se ele continuasse a agir de determinada forma, e também quando ele se via impossibilitado de corrigir as besteiras que fez enquanto estava no "piloto automático" (no caso de Jorge, nos outros 364 dias do ano). 



É uma narrativa interessante, embora um pouco cansativa e repetitiva em alguns momentos. Um ponto muito positivo do longa é justamente o fato dele ser brasileiro: nos identificamos ainda mais com os fatos narrados do que nos filmes estadunidenses, por exemplo, e isso aproxima o espectador da obra. O longa nos faz refletir sobre a forma como agimos, sobre recomeços e claro, sobre o próprio Natal. 


"Tudo bem no Natal que vem" possui risadas garantidas, mas também emociona em alguns momentos (não chorei, mas cheguei a ficar com um nó na garganta rsrsrsr). Recomendo o filme por tudo que falei acima, mas também porque precisamos valorizar o que é da nossa terra ;)




terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Resenha: "O livro dos ressignificados"

dezembro 01, 2020 2 Comments
O LIVRO DOS RESSIGIGNIFICADOS
Autor:
 João Doederlein
Editora: Paralela/Companhia das letras
Número de páginas: 216
Nota: 5/5 ⭐


Oi, pessoal! Hoje trago uma resenha escrita por minha melhor amiga: Maiara Morais. Ela leu "O Livro dos Ressignificados", do @akapoeta, e gostou bastante! Então, decidi chamá-la para escrever a resenha aqui pro blog. Espero que gostem! <3 

Ah, em breve ela trará mais resenhas aqui pro Sementes Literárias também. Fiquemos no aguardo. :)

A resenha

O poeta João Doederlein escreve desde os seus onze anos de idade. Desde então, veio conquistando uma legião de fãs e admiradores de suas poesias nas redes sociais, usando o pseudônimo @akapoeta.




Este foi o seu primeiro livro a ser publicado. Vendeu mais de quarenta mil cópias, chegando a ser um dos livros mais vendidos de 2018. Além de ser tornar um best-seller para a carreira do autor.


O livro dos ressignificados traz uma coleção imensa de poesias contemporâneas, com o objetivo de dar novos significados às palavras, sentimentos e lembranças vividas pelo autor. 


Apesar de ser um livro leve, é bastante reflexivo e profundo. Cada palavra é escrita com muita expressividade, porque elas ganham vida, uma história, o que torna este livro tão singular. 



Nele, estão presentes ilustrações para algumas palavras e seus significados. O livro é dividido em seis partes: o jardim, o zodíaco, o coração, a mente ,a cidade e a história de nós dois. Cada parte é iniciada por alguma poesia ou algum texto, apresentando o assunto abordado.

Uma leitura inspiradora, causando no leitor uma sensação de conforto e até um pouco de romance. 


A beleza desse livro se ocasiona a partir das emoções contidas nas definições, pois haverá sempre um novo conceito por trás da formalidade do dicionário. Irei deixar alguns trechos do livro, que mais me sensibilizaram:

“O mar beija a praia o tanto de vezes que eu queria poder beijar você.’’

“Perdão é doar compreensão para quem se perdeu.’’

“São as duas aspas que fazem do seu sorriso poesia.”

“Transbordar é ser piscina em dia de chuva.”


 A mensagem deste livro é transmitir uma nova perspectiva sobre os detalhes do dia a dia ou os sentimentos do eu lírico. Mostra que existe muita pluralidade na simplicidade, naquilo que nós não imaginamos que tenha.

                                                                                                    - Maiara Morais 




domingo, 29 de novembro de 2020

Resenha: "O palhaço está em greve"

novembro 29, 2020 0 Comments


O PALHAÇO ESTÁ EM GREVE
Autor:
 Marco Túlio Costa
Editora: Galera Junior (Record)
Número de páginas: 98 
Nota: 4/5 ⭐


Entrei no site do LeLivros (usado para baixar livros gratuitamente), e cliquei na seção de infanto-juvenis (meu gênero literário favorito!), procurando por um livro rápido e aparentemente bom. Encontrei um com o título "O palhaço está em greve", que automaticamente chamou a minha atenção. Cliquei e li a sinopse. Gostei: política para crianças! Baixei, mandei pro Kindle, e li. De leitura fácil e rápida, concluí o livro em menos de 24 horas (os famosos "livros para se ler em uma sentada")


"O palhaço está em greve" é uma metáfora, do início ao fim. Em apenas 98 páginas, somos teletransportados para a realidade do palhaço Risolito, interpretado por José Hilário. A leitura começa com o personagem acorrentado às grades do Fórum da Justiça, e a imprensa fazendo cobertura do caso, com seu sensacionalismo típico. Questionado sobre o motivo de estar fazendo greve, o palhaço começa a contar sua história, e o livro assume a narrativa de primeira pessoa por alguns capítulos. De forma lúdica e simples, o livro mostra para o pequeno leitor a importância de nos unirmos e protestarmos em favor dos nossos direitos. 


Não são as vitórias que nos tornam dignos, mas as causas por que lutamos. 

 

No Circo Nacional (metáfora para o próprio mundo), os trabalhadores recebiam salários baixos e desiguais, com inúmeros impostos e taxas injustas. Falava-se em um leão que estava sempre faminto e precisava de carne de primeira e luxos, como justificativa para tais impostos e salários indignos. Logo podemos perceber que o leão representa o dono do circo, como o autor da obra mostra no decorrer da leitura. A forma como Marco Túlio Costa resolveu retratar o tema é bastante interessante, e chama atenção pela simplicidade com que ele conseguiu fazer isso.


Não pode ser um sistema desigual. O espetáculo é uma obra coletiva. Distribuímos gargalhadas de todos os tipos, todos saem encantados. Mas a renda da bilheteria não é repartida de forma justa. 


José Hilário, percebendo tais condições deploráveis, resolve conversar com seus colegas e com o próprio dono do circo. Vendo que não é o único a ser tratado de forma injusta e que de nada adiantou uma conversa com Lucrécio Goldwin, dono do circo, resolveu se mobilizar. O palhaço representa diversos trabalhadores ao redor do mundo, lutando contra a exploração que o sistema capitalista impõe e por seus direitos como cidadãos. 


Como é que alguém pode evoluir na vida acorrentado ao conformismo?


"O palhaço está em greve" é leve, divertido e essencial! Recomendaria para crianças de 9 ou 10 anos, mas também para os adolescentes (como eu) e adultos que buscam uma leitura de fácil entendimento, porém capaz de fazer com que a gente saia um pouco de nossa própria bolha. O livro é uma metáfora construída para crianças, mas que funciona muito bem com adultos. 




domingo, 22 de novembro de 2020

Precisamos falar sobre... a luta antirracista

novembro 22, 2020 4 Comments
Créditos: ?

Em junho desse ano presenciamos muitos protestos antirracistas em decorrência da morte de George Floyd nos Estados Unidos, e a ascensão do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em português). Pessoas do mundo todo foram às ruas, se posicionaram em suas redes sociais, e um amplo debate foi instaurado, que permanece mesmo após 5 meses do ocorrido. 


20 de novembro é o dia da consciência negra no Brasil, e, em sua véspera, o país presencia um caso de violência policial, onde João Aberto, um homem negro de 40 anos, foi morto espancado por seguranças do supermercado Carrefour. O local vem sendo alvo de críticas (merecidas, diga-se de passagem), e palcos de protestos ao redor do Brasil inteiro. É curioso? 


Não sou negra. Nunca me pararam em alguma loja por "agir de forma suspeita", nunca me disseram que tal produto era "caro demais para mim", nunca fui negligenciada por conta da cor da minha pele. Nunca sofri racismo. Dizer que todas as vidas importam (o que é algo muito óbvio), no contexto do movimento negro, é desmerecer a luta antirracista, e o equivalente a dizer que todas as casas importam em um incêndio. Não é meu lugar de fala, mas creio que seria errado presenciar um caso absurdo desses e não me posicionar, ainda mais quando possuo um blog de livros. 


É tão curioso e extraordinário como algumas pessoas possuem uma enorme dificuldade (ou seria apenas egoísmo?) de sair da própria bolha e tentar enxergar a realidade do outro! Racismo reverso não existe. Você não sofreu preconceito porque te chamaram de "branquela". Você (e nem eu) nunca terá dificuldade de encontrar um emprego apenas por conta de sua cor de pele. As pessoas não trocarão de calçada ao te avistar indo na direção delas. 


Os exemplos que aqui cito são casos que vi pessoas negras comentando na internet. Não precisa ser negro para reconhecer a existência do racismo estrutural no país. Um absurdo o que ocorreu, e mais absurdo ainda é saber que não é o único (e muito menos o último) caso de violência policial contra pessoas negras no mundo. 


Pessoas brancas, escutem o que as pessoas negras têm a dizer! Suas lutas, seus anseios, seus desejos e sonhos, suas perspectivas, suas realidades... e compartilhem o que vocês ouviram, fortaleçam a luta. Pessoas negras têm vozes, escute-as. Parem de tentar diminuir suas lutas de resistência, e juntem-se a elas! É o que eu estou fazendo aqui, por meio do Sementes Literárias. 


Não é um blog de política, mas desde quando ler não é política? O simples ato de existir é político, e é por isso que escrevo esse texto. Seu silêncio disfarçado de neutralidade também é político. Não se engane. 


"Acima de um passado que está enraizado na dor

Eu me levanto

Eu sou um oceano negro, vasto e irrequieto,

Indo e vindo contra as marés, eu me levanto.

Deixando para trás noites de terror e medo

Eu me levanto"- Maya Angelou, ativista do movimento negro nos Estados Unidos e escritora best-seller


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Escritores no Sementes: Ruth Rocha

novembro 16, 2020 0 Comments

Oi, pessoal! O blog tem um quadro no Instagram chamado "Escritores no Sementes", onde eu posto informações sobre alguns escritores e escritoras 😍❤️ O quadro conta, por enquanto, com duas postagens, e eles estão agrupados na hashtag #escritoresnosementes, no Instagram 😄 

Hoje decidi postar esse quadro aqui no site também! ;)


A primeira postagem foi em setembro, que foi sobre a Ruth Rocha! Os posts apresentam um formato diferente, já que foram feitos para o Instagram. Entretanto, creio que seja legal trazer essa diversidade por aqui. :)


A Ruth Rocha é uma das escritoras responsáveis por meu gosto pela leitura, uma das mais importantes autoras infanto-juvenis do país! Lembro-me que adorava seus livrinhos, e eles sempre eram paradidáticos na minha antiga escola. Veja, a seguir, um pouco mais sobre ela e sua carreira! 💚













sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Dica de série: Gilmore Girls

novembro 13, 2020 0 Comments

GILMORE GIRLS
Ano: 2000-2007
Temporadas: 7 + Revival
Elenco principal: Lauren Graham, Alexis Bledel, Kelly Bishop, Edward Herrmann, Scott Patterson, Melissa McCarthy, Keiko Agena, Liza Weil, Jared Padalecki, Milo Ventimiglia, Sean Gunn, Matt Czuchry, Yanic Truesdale
Nota: 4,8/5 ⭐ (tirei 0,2 por conta da sexta temporada)
Onde assistir: Netflix


Oi, pessoal! Hoje trago uma dica de série maravilhosa, uma das minhas favoritas: "Gilmore Girls"! A criadora da série é a mesma de "The Marvelous Mrs. Maisel" (Maravilhosa Sra. Maisel em português), que já indiquei por aqui, a Amy Sherman-Palladino. 


Estou assistindo Gilmore Girls pela segunda vez (a primeira foi em 2016, quando eu tinha 9/10 anos). Considero a série bastante importante pra mim, pois foi uma das primeiras que assisti, e todos os dias à noite via um episódio com minha mãe. Lembro-me que fui bem sortuda na época, pois o revival foi lançado um pouco antes de eu ter terminado todas as temporadas (ou seja, não precisei esperar nadinha rsrsrs). 

Agora estou na metade da terceira temporada, e espero trazer mais posts sobre a série no Sementes Literárias. Esse aqui é apenas o primeiro: uma introdução, sem spoilers, apenas da série original (não estou contando o revival da Netflix aqui). 


Gilmore Girls (traduzida para "Tal Mãe, Tal filha", no Brasil) conta a história de Lorelai (Lauren Graham) e sua filha, Rory Gilmore (Alexis Bledel), em uma cidadedezinha encantadora no interior dos Estados Unidos, Stars Hollow. Ao engravidar aos 16 anos, Lorelai se recusa a se casar com o pai de Rory, e sai da casa dos pais para criar a filha sozinha, o que esfriou ainda mais a relação que ela possuía com seus progenitores. A série começa quando Rory já está com 16 anos, e está prestes a iniciar os estudos em uma escola particular. No entanto, a escola é muito cara, e Lorelai decide ir à casa dos pais pedir dinheiro para Rory poder estudar. É nesse momento que fica estabelecido que Lorelai e Rory deveriam jantar todas as sextas-feiras na casa dos pais, em troca do dinheiro. Assim, Gilmore Girls dá seu pontapé inicial e nos apaixonamos pelo enredo da obra!


Na série, podemos acompanhar a relação única e linda entre Lorelai e Rory, assim como a relação complicada que Lorelai possui com os próprios pais, ao mesmo tempo em que vemos o crescimento de cada uma e seus dilemas. Gilmore Girls também apresenta coadjuvantes marcantes e igualmente encantadores, que acrescentam bastante à história, com suas personalidades únicas e memoráveis. O cotidiano é mostrado de uma forma bastante dinâmica, fazendo com que a gente queira maratonar todos os episódios! Diálogos rápidos, piadas inteligentes, inúmeras referências, e, claro, café. Muito café.  


Prepare-se para risadas garantidas, quentinho no coração, e fortes emoções! Rsrsrsrs. A série é leve, divertida, e atemporal. Inclusive, completou 20 anos em 2020! 


É isso, pessoal! Você já assistiu Gilmore Girls? O que achou? Você também tem uma série que guarda com muito carinho no coração? Me conta nos comentários! Até a próxima :)






terça-feira, 10 de novembro de 2020

Resenha: "Para gostar de ler - Volume 10 (contos)"

novembro 10, 2020 0 Comments

PARA GOSTAR DE LER VOLUME 10 - CONTOS
Autores: Aluísio Azevedo, A. de Alcântara Machado, Érico Veríssimo, Guimarães Rosa, Ivan Ângelo, Mário de Andrade, Orígenes Lessa, Otto Lara Resende, Ricardo Ramos
Número de páginas: 80
Editora: Ática
Nota: 3,9/5 ⭐


Oi, pessoal! Eu fiquei um bom tempo sem ler nada, perdi o ritmo... isso é muito frustrante, especialmente porque eu estava acostumada a ler 4 livros em um mês. Então, estou voltando aos pouquinhos, e, por isso, peguei um livro mega fino que comprei há 2 anos em um sebo, mas nunca havia lido, o volume 10 (contos) da coleção Para Gostar de Ler. Há um outro livro da coleção por aqui (volume 6- poesias) que resenhei no ano passado: https://sementesliterariasbooks.blogspot.com/2019/03/resenha-poesias-da-scolecao-para-gostar.html  (basta clicar no link e você será redirecionada pra resenha).  


Eu indicaria esse livro para quem está iniciando no mundo da leitura, ou para quem, como eu, perdeu seu ritmo e quer retomar. Ele é dividido em 3 partes, com 3 contos cada uma delas: "Lembranças", "Esperanças" e "Mudanças". A obra apresenta textos de diversos autores, como  Érico Veríssimo, Aluísio Azevedo, Orígenes Lessa, Mário de Andrade, entre outros. Apresenta contos diversos, e isso é algo que gostei bastante, além de oferecer a oportunidade de conhecer novos escritores!  


O início do livro conta, ainda, com uma espécie de "entrevista" com os autores dos textos (os diálogos dos autores falecidos na época de publicação da obra foram feitos a partir de trechos de depoimentos e memórias). 


Meus contos favoritos, de cada parte do livro, foram: 

  • Lembranças: "A Aranha", de Orígenes Lessa
  • Esperanças: "Aos vinte anos", de Aluísio Azevedo (porque tem uma enorme reviravolta)
  • Mudanças: "Herança", de Ricardo Ramos 


E você? Já leu esse livro ou algum outro da coleção? Conte-me nos comentários! <3 



segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Violetas

outubro 26, 2020 0 Comments


Ela virou a esquina, atenta ao barulho dos carros. Seguiu adiante e abriu o portão caindo aos pedaços do escondido jardim da casa abandonada, a apenas 2 quadras do lar da menina. Apesar do estado deplorável em que se encontrava a residência, não era possível dizer o mesmo do jardim: lindo, com flores diversas por todos os cantos, árvores de folhas verdes e brilhantes, um balancinho de madeira pendurado em um galho e acompanhando o ritmo da brisa suave, e caminhos de pedras por todo o local. Era fantástico. Um refúgio para menina, mas não apenas para ela. 

O jardineiro que cuidava do lugar costumava chegar meia hora antes da garota. Ele ia por motivos semelhantes ao dela: refugiar-se. Cuidava das plantas para esfriar a cabeça, e porque acreditava que elas, como seres vivos, mereciam cuidados decentes, e não podiam ser simplesmente abandonadas da mesma maneira que a casa foi.  

A garota, de olhos amendoados e reluzentes, cabelos cacheados volumosos e macios, e a pele tão negra quanto a noite, sentou-se no balanço à espera do jardineiro, que já era um senhor de idade. Ele chegou um pouco atrasado e mais tarde do que ela, a menina percebeu, mas não comentou nada. 

Ele começou a podar os arbustos na entrada do jardim. Quase ninguém ia lá: o local passava despercebido. Ninguém se interessava em entrar e ver o conteúdo, julgando o local pela fachada sombria e malcuidada. Era um alívio para o jardineiro e para a menina: um lugar quase secreto. Terminando de podar os arbustos, o jardineiro triou o boné bege da cabeça e esfregou a palma da mão na testa suada, consequência do trabalho e do sol escaldante sobre a própria cabeça. A garota olhava tudo, atenta, e ainda não haviam trocado uma palavra naquele dia. Ainda. 

Ele se sentou em um banquinho de mármore que havia ao lado do balanço de madeira, onde a menina ainda se encontrava sentada. Perguntou como foi o dia da garota. Ela respondeu, e perguntou como foi o dele. Então, eles começaram a conversar. Foi uma conversa tranquila e revigorante, como costumava ser sempre que se encontravam, às quartas-feiras e sextas da semana.  

O jardineiro era um velho solitário. Era viúvo, pai de 4 filhos. A esposa faleceu há 20 anos e os filhos brigaram na justiça pela herança, como se isso fosse mais importante do que a morte da mãe, ou o luto do pai. A briga durou anos, mas terminou com um acordo entre os 4 filhos. No entanto, quando isso aconteceu, a família já havia se divido. O jardineiro, depois da morte da esposa, ia para o jardim da casa abandona todos os dias. Se sentia melhor no meio da natureza do que no próprio lar (podemos chamar de "lar"?"), devorado pelo silêncio e amargura. Ele não falava com nenhum dos filhos há anos, e o jardim era o único lugar aonde podia ir. 
No entanto, houve um dia, 16 anos após a morte da esposa, que encontrou uma menininha no balanço, ao lado de um cachorro vira-lata. Nesse momento, ajoelhou-se e perguntou se estava perdida. "Não", ela teria respondido. O jardineiro perguntou também a sua idade, e na época ela respondeu, sem hesitar: "seis anos". Agora, a menina se encontrava com 10 anos, felicíssima por finalmente possuir todos os dedos da mão ocupados e já ter uma década de histórias para contar.  

Já a garota é filha de um dono de uma padaria pequena no bairro, e sua mãe trabalha como cabeleireira no próprio salão, que fica no andar de baixo da casa (que, apesar de ter dois andaras, não poderia ser classificada como grande). Não tem irmãos, mas tem um cachorrinho muito esperto, que é a alegria da casa da menina. Os pais, apesar de serem extremamente amorosos e cuidadosos, precisam trabalhar o dia inteiro, e a garota acaba ficando sozinha com o cachorro no andar de cima da casa. Não brinca na rua, porque é perigoso, e não se pode mais: as ruas absurdamente movimentadas não deixam. Tem alguns amiguinhos na escola, mas à tarde é o pior horário. É quando fica só, e tem que aguentar inúmeras horas se arrastarem, levando-a junto. 

No dia em que encontrou o jardineiro, havia pedido para ficar no salão com a mãe, que deixou. No entanto, levou o cachorro consigo, para a desaprovação da mãe. A menina, então, pediu para passear com o animal. A mãe ponderou, mas acabou deixando, avisando que ela só poderia ir até os limites da casa abandonada enorme que ficava a duas quadras dali. Nada depois disso. Ela também não poderia entrar lá, caso contrário estaria encrencada. A menina assentiu. Pegou o cachorro, colocou uma coleira e foi-se, pela calçada. No entanto, o cão é um animal muito maior e mais forte do que ela, e, quando estavam na rua da casa abandona, perto de voltar, ele se pôs a correr, escapando das mãos da menina. Para o maior desespero da garota, ele entrou no jardim da casa abandonada, que ela morria de medo. Porém, não poderia deixar o cachorro fugir, pois, caso contrário, estaria de castigo, e o cachorrinho é a sua grande companhia nas tardes tediosas da semana!  Respirou fundo e entrou. 

Quando se deparou com o jardim enorme, arborizado e bem-cuidado, prendeu a respiração. Estava sem acreditar no que via: como ninguém nunca pôs os pés ali? Por que todos diziam para se manter afastada de um lugar tão belo e divino? E, lá estava o cachorro: sentado em frente a um balanço de madeira, balançando o rabinho com uma feição animada e fofa. A menina passou as mãos pelos arbustos e árvores, colheu uns girassóis para dar para a mãe e se sentou no balanço, afagando o pelo do cachorro, que deitava e mostrava a barriga, pronto para a brincadeira. A menina riu. Nesse momento, um velho jardineiro chega, com a expressão cansada. A menina enrijeceu, com medo daquele desconhecido, que começou a fazer perguntas sobre ela. Porém, quando ele virou e começou a podar os arbustos, ela relaxou e deixou os ombros penderem. Eles conversaram um pouco, sobre si mesmos e a vida, e nem sentiram o tempo passar. 

Ela, no entanto, precisou retornar para sua casa, e disse que voltaria na sexta. Não sabia o porquê de querer voltar a se encontrar com aquele senhor. Ele parecia gentil, mas reservado, e aquele lugar era lindo. Havia gostado do jardim e do jardineiro, então ela acreditava que seria legal voltar ali, sempre com o cachorrinho. Na sexta-feira, disse que passearia com o cachorro, e dizia que dava várias voltas com o cachorrinho na quadra, explicando sua demora aos pais. Aos poucos, o passeio virou um hábito, que já somava 4 anos. 

Quartas e sextas: os melhores dias da semana, para a menina e o jardineiro (e, quem sabe, para o cachorrinho também?). O velho era carinhosamente chamado de vovô pela menina, e ele a chamava de "minha garotinha". Ele a ajudava com suas tarefas da escola, que ela levava escondido, e até brincavam juntos. Um dia, ele levou baralho e passaram a tarde toda jogando, tanto é que o jardineiro acabou se esquecendo de seu jardim naquele momento. Às vezes, liam os jornais juntos. 

Naquele dia, em especial, a garota ia aprender os ofícios da jardinagem. Insistira tanto que o velho acabou cedendo (sem muita dificuldade, diga-se de passagem, já que adorava a menina). O jardineiro se levantou do banco de mármore e a menina fez o mesmo, se levantando do balanço de madeira. 

- Antes de tudo, você precisa aprender cuidar de uma plantinha. Hoje começaremos com uma fácil: um cacto. 

- Um cacto?! - Reclamou a garotinha, revirando os olhos - Qualquer um cuida de um cacto. Eu quero uma planta melhor. 

- As plantinhas são seres vivos, minha garotinha, elas precisam de cuidados tanto quanto a gente. Como pode sugerir uma planta "melhor"? - Ele enfatizou as aspas com os dedos - Você rejeitaria um amigo assim? 

A menina pensou um pouco e aceitou. Levou o pequeno cacto para a casa, e, quando a mãe perguntou onde ela tinha arrumado aquela planta, ela respondeu que uma amiguinha dera na escola. A mãe estranhou, erguendo a sobrancelha de um modo desconfiado, mas não falou nada. A garota continuou a frequentar o jardim, e, a cada dia que se passava, estava melhor no ofício. O jardineiro estava orgulhoso de seu progresso. 

Dois anos se passaram, e a menina já era uma jardineira de primeira. Estava grande, bonita, e era muito inteligente. O jardineiro estava com a aparência mais cansada, isso é fato, mas não se deixava abalar. Também passava a impressão de ter cumprido um dever. 

Agora, ela ajudava o velho a cuidar do jardim, e ele estava mais bonito do que nunca. Para a sua casa, comprara diversas plantas, e cuidava de cada uma com muito carinho e dedicação. Seu cachorro falecera no ano anterior, e isso a abalou muito, mas todos a apoiaram, especialmente o jardineiro, que, a partir daquele dia, sempre entrega um buquê de flores para a menina nas sextas. Ela, então, diz que colheu essas flores no caminho, e, para se desculpar quanto a suas saídas nas quartas e sextas, dizia que havia se acostumado a caminhar com o cachorro, e preferia continuar com o hábito. 

Era sexta-feira. 6 anos de convivência, a idade que a menina tinha quando encontrou o jardineiro pela primeira vez. Ela estava sentada no banquinho de mármore observando o velho trabalhar, pensativa. Ele a conhecia bem mais do que o contrário, havia percebido, mas não comentava. Se levantou e começou arrancar ervas daninhas. As flores do dia eram violetas, para a surpresa da menina, que sempre recebia rosas, girassóis, lírios ou margaridas. 

- O que é isso? - Ela perguntou 

- Violetas para você. Sabe o que significam? 

A menina balançou a cabeça negativamente. 

- Lealdade eterna e paz. - O jardineiro respondeu 

A menina sorriu, com seu ar de início da adolescência e começando a desabrochar (exatamente como um flor). Ela não respondeu nada, apenas abraçou o velho jardineiro. Lágrimas surgiram nos olhos dele e nos da menina. Ele a fez prometer que ela sempre cuidaria do jardim, o que ela estranhou, mas acatou a promessa. Quando já estava anoitecendo, se despediram. 

Para total espanto da menina, a mãe se encontrava a apenas alguns metros de distância do jardim. Ela a seguira, pois estranhava aqueles buquês diversos logo depois da morte do cachorro, pois no caminho que a menina costumava percorrer não havia muitas flores. A mãe reclamou com a menina, que cabisbaixa, ouvia a tudo. Ela então, contou a história da casa, que era de extrema curiosidade da menina. 

- Há 22 anos, uma senhora que morava na casa faleceu. Ela era muito amiga da sua avó, sabia? Foi muito triste para todos especialmente para o marido dela. Os filhos se afastaram, e a única coisa que ele tinha era esse jardim, de onde você rouba as flores. O marido dela faleceu há 6 anos, mas por um motivo bem diferente. Um incêndio destruiu toda a casa, e os filhos não se preocuparam em reconstrui-la. O senhor acabou falecendo intoxicado com a fumaça, coitado. O jardim se mantém o mesmo desde então, misteriosamente. Mas aí eu te sigo e te vejo podando arbustos e entendo tudo. Durante todo esse tempo, você cuidava do jardim, mas eu não compreendo como uma garotinha podia cuidar de um lugar tão grande.  

- Mamãe, me desculpe por mentir durante todos esses anos. Mas... venha ver o jardim. É lindo! - A menina respondeu, enquanto processava a informação. 

A mãe a seguiu, hesitante. No entanto, quando atravessou o horrível portão de ferro, abriu a boca e não pôde emitir nenhum som. Agora compreendia a afeição da menina pelo lugar. 

A garota se afastou um pouco de sua mãe. Ela, então, olhou para o céu escuro e estrelado e suspirou. Por isso o jardineiro a ensinou a cuidar do jardim: para partir em paz. Deixou uma violeta em cima do banco de mármore onde o velho costumava se sentar. Chamou a mãe, e fechou o portão de ferro. 

- Lealdade eterna. - Ela sussurrou, voltando para casa

sábado, 24 de outubro de 2020

Dica de série: Friends

outubro 24, 2020 0 Comments

FRIENDS
Ano: 1994-2004
Temporadas: 10
Criação: David Crane e Marta Kauffman
Elenco principal: Courteney Cox, Matthew Perry, Lisa Kudrow, Jennifer Aniston, Matt LeBlanc e David  Schwimmer
Nota: 4,95/5 ⭐❤
Onde assistir: Netflix (por enquanto, pois futuramente a série sairá do catálogo)


Olá, pessoal! Hoje irei recomendar uma série clássica, muito gostosinha de se assistir: Friends! 

Assisti Friends em junho desse ano, até o início de setembro. Admito que antes eu tinha um certo preconceito com a série, porque todos falam tanto dela que eu ficava com o pé atrás. No entanto, quando resolvi dar uma chance, fui positivamente surpreendida! Eu amo Friends, mas devo admitir que a série é um tanto superestimada, pois há tantas outras produções incríveis que não recebem o mesmo reconhecimento... de qualquer forma, a série é ótima, e é dela que irei falar hoje!


Friends possui 10 temporadas, e isso pode intimidar um pouco, mas não se preocupe quanto a isso! Cada episódio dura um pouco mais do que 20 minutos, e eles são tão divertidos e dinâmicos que você nem sente o tempo passar, terminando a temporada (e toda a série) em um piscar de olhos.  


A série conta a história de seis amigos em Nova Iorque: Monica (Courteney Cox), Chandler (Matthew Perry), Phoebe(Lisa Kudrow), Rachel (Jennifer Aniston), Joey (Matt LeBlanc) e Ross (David Schwimmer). Os seis vivenciam juntos a vida adulta, e encorajam uns aos outros, mostrando a importância da amizade. Friends é uma série que com certeza irá lhe arrancar risadas, deixará um quentinho no seu coração, fará você se identificar com os personagens, e, quem sabe, lhe arrancará algumas lágrimas. Creio que Friends tenha esse poder de fazer com que a gente se sinta melhor porque é o cotidiano que vemos em tela,  mostrado de forma única, leve e divertida. 


Há algo que eu gostaria deixar bem esclarecido aqui: Friends é uma série dos anos 90. Isso significa que as coisas mudaram de lá pra cá, a sociedade evoluiu. No entanto, o que vemos em tela, com Friends, é um retrato e reflexo do pensamento da sociedade da época. Coisas que antigamente eram consideradas legais e "engraçadas", hoje sabemos que são erradas e desrespeitosas. Mas essa é a questão: Friends não é uma série dos dias atuais, embora seja atemporal. Digo isso porque a série carrega algumas problemáticas, como: falta de representatividade no elenco (6 protagonistas, todos brancos e héteros, sendo que às vezes nenhum negro aparece nos episódios), piadas machistas, homofóbicas e gordofóbicas, entre outras coisinhas. Não estou dizendo para passarmos pano nessas horas, claro que não, o que quero dizer é que, ao assistir uma série dos anos 90, temos que levar em conta esse fator. Fazer críticas, sim, mas pensando que as coisas seguem mudando, o pensamento da época não é o mesmo do de hoje em dia (e que bom!). 


Tendo isso em mente, creio que dê para aproveitar melhor a produção. Friends é uma série ótima, engraçada e inteligente, que creio que todos deveriam assistir. Admito que fiquei triste e chorei um pouco quando finalizei o último episódio, foi emocionante (afinal, 10 anos no ar). Inclusive, a série completou 25 anos em 2019, e a Warner disponibilizou um app comemorativo da série, com quizzes, papéis de parede, entre outras coisas bem legais! Para baixar o aplicativo em seu celular, basta clicar no link e instalar: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.wb.goog.friends25&hl=pt_BR 


Recomendo muito Friends, e, antes de finalizar esse post, digo: ROSS TRAIU A RACHEL, SIM! E, mesmo que não tivesse traído, o que ele fez foi ridículo e ele teve 0 consideração por ela. É isto rsrsrsrs  

Ah, quase ia me esquecendo! Qual é o seu "friend" favorito? O meu é a Monica Geller, super me identifico com ela! Gostou do post? Me conta nos comentários! Beijos e até a próxima :) 


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Cara nova!

outubro 23, 2020 2 Comments

Oi, pessoal! Escrevo esse post super feliz, por anunciar que O BLOG ESTÁ DE CARA NOVAA!! Uhuuu!

Eu vivia procurando templates que se encaixassem ao perfil do blog e ao meu, mas a maioria que eu encontrava eram minimalistas demaiss (e digamos que eu não seja a maior fã do minimalismo). Claro, eu encontrava templates que me agradavam, mas eles sempre apresentavam alguns problemas e eram difíceis de editar. Até que, por acaso, encontrei este template, e, ao aplicá-lo, deu super certo! 

Algo no template anterior me incomodava, achava simples demais. Agora, posso dizer que o blog está do meu gosto, e está lindo, lindo, lindo! 

É apenas isso, um post bem simples e rápido para anunciar essa nova era :) 

Espero que tenham gostado tanto quanto eu! <3 


Maria Rita 

domingo, 4 de outubro de 2020

Dica de série: "Emily em Paris"

outubro 04, 2020 2 Comments
EMILY EM PARIS
Ano:
 2020-...
Temporadas: 1
Classificação indicativa: 14 anos
Criador: Darren Star
Elenco principal: Lilly Collins, Lucas Bravo, Ashley Park, Camille Razat, Philippine Leroy-Beaulieu, William Abadie, Bruno Gouery e Samuel Arnold
Onde assistir: Netflix 🍿
Nota: 4,8/5⭐

"Emily em Paris" estreou na Netflix em 02 de outubro desse ano, e eu já assisti a série todinha. Do mesmo criador de Sex and the City (Darren Star), a série é super curtinha e tem apenas uma temporada (até agora), com 10 episódios com duração média de 30 minutos. Ou seja, perfeita para maratonar, ainda mais em tempos de pandemia! 

"Emily em Paris" acompanha Emily Cooper (Lilly Collins) na Cidade Luz, após ter sido enviada à cidade para trabalhar em uma empresa de marketing e levar a "visão americana (estadunidense)" à companhia. Em Paris, ela precisa se adaptar a sua nova vida, a um idioma que não domina, e aos costumes das pessoas ao redor. Assim, ela decide transformar seu perfil pessoal em uma espécie de blog, onde ela registra suas aventuras e descobertas na cidade.  É uma comédia romântica leve, agradável e que faz com que a gente mate um pouco a saudade de viajar (mesmo que através de uma tela)! 

O cenário parisiense é deslumbrante e encantador, e vamos descobrindo mais sobre a cidade junto de Emily. As situações inusitadas nos arrancam sorrisos, e, quando percebemos, já assistimos todos os 10 episódios! "Emily em Paris" era a série que precisávamos para descontrair nesses tempos sombrios. A comédia romântica me lembrou, em alguns momentos, de "O diabo veste Prada", especialmente pelos looks dos personagens e pela chefe ma-ra-vi-lho-sa de Emily rsrsrsrs

Nos primeiros episódios, o choque de cultura é bastante evidenciado, mas o povo francês é bastante estereotipado durante a produção, e acredito que esse seja o único ponto negativo da série. No entanto, no decorrer da temporada, esses estereótipos são deixados um pouco de lado, e são nos primeiros episódios que eles incomodam mais e se mostram mais presentes.

Vale super a pena assistir "Emily em Paris", especialmente para quem procura uma série rápida, divertida e que com certeza irá arrancar suspiros do telespectador (especialmente pelas paisagens de tirar o fôlego)! 

terça-feira, 8 de setembro de 2020

O poder da leitura na sociedade

setembro 08, 2020 0 Comments
(Texto escrito por mim em 23 de julho de 2020)

Recentemente, alguns questionamentos surgiram ao meu redor acerca da representatividade na literatura. Questionei-me sobre isso depois de terminar de ler "Conectadas", da escritora nacional Clara Alves. É um romance LGBTQIA+ bem fofinho! Me pus apensar: quantos livros LGBTQIA+ existem por aí? E quantos deles eu li? Quantos livros apresentam como protagonistas  minorias (que não são representadas de forma estereotipada)? Qual seria o papel da literatura nessa história? Esse texto nada mais é, cara leitora (o), uma reflexão minha acerca do tema. 

Primeiro, preciso deixar claro sobre o que significa essa palavra: representatividade. Nada mais é do que ter todas as pessoas, com suas peculiaridades de ser, sendo representadas. É a diversidade na mídia e em todos os cantos, sendo importante não apenas para a comunidade LGBTQIA+, mas também para as pessoas negras, mulheres (quando elas não sexualizadas, por exemplo), indígenas, mulçumanos, pessoas com deficiência, etc. Em outras palavras, são as minorias sendo representadas de forma coerente, sem estereótipo. Estereótipos estes que, quando espalhados, afetam a percepção que a própria sociedade possui acerca das pessoas, da vida, etc. Por exemplo, quem nunca se deparou com o estereótipo de que Nordeste é só seca? Ou Norte é apenas mato? Ou o de que todo gay é afeminado? Sendo que, quando um gay afeminado é representado, vemos uma perspectiva totalmente distorcida sobre ele, que geralmente é apresentado na posição de "melhor amigo gay", sendo este o seu único papel e valor na história. 

Reduzir as pessoas a estereótipos é completamente injusto e fora da realidade. Quando esses esterótipos são espalhados pela própria mídia, que afeta (e muito) a perspectiva que as pessoas têm acerca da sociedade, fica ainda mais difícil se desvencilhar deles, já que são tão naturalizados na nossa sociedade. Por serem naturalizados, são poucos aqueles que questionam os danos que esse estereótipos difundem, sendo um debate que necessita de muita escuta. Não adianta nada você dizer: "eu sou uma pessoa muito mente aberta", se você não escuta quando as minorias falam e se expressam. É, no mínimo, hipócrita. Por isso, quando alguma minoria for falar da representatividade para você, de suas próprias lutas, escute. Procure saber, é sempre primordial! 

Agora chegamos a um outro ponto: por que a representatividade é tão importante para as minorias? Bom, primeiro, posso te dar a resposta mais óbvia: "porque essa pessoa se sente representada, ué", mas vai muito além disso. Quando lemos algo, nos imaginamos naquele mundo, nos identificamos com os personagens, nos sentimos representados. Quando um LGBTQIA+, por exemplo, lê um livro com um protagonista LGBTQIA+, ele se identifica com aquilo, e isso é muito importante, pois ajuda a pessoa a se aceitar como ela é, e a ter orgulho de sua prórpria identidade. Além disso, a representatividade ajuda a naturalizar o que já é normal, mas não é vista dessa forma pela sociedade. Por exemplo, ler histórias com protagonistas negros ajuda os brancos a saírem um pouco da prórpria bolha, e conhecerem a realidade dessas pessoas. Por isso que muitos dizem (inclusive eu): ler gera empatia. A partir da leitura, nos conectamos com a história daqueles personagens, suas lutas e seus anseios. Quando esses protagonistas são minorias? Entramos em contato com parte de sua realidade, mesmo que seja uma história de ficção. Saímos de nossos casulos e olhamos para as vivências de outras pessoas. Passamos a enxergá-las. 

Não encontramos muitos livros por aí que falem da realidade da mulher negra na nossa sociedade racista e patriarcal, nem muitos que falem sobre a realidade dos refugiados no nosso mundo segregacionista e com manias de se achar a última cereja do bolo. Com mais livros abordando esses temas claramente pouco discutidos, creio que a sociedade consiga avançar mais rapidamente. 

Representatividade importa, e os livros são a nossa arma mais poderosa. Lembre-se disto. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Resenha: "Ponte para Terabítia"

setembro 02, 2020 2 Comments


PONTE PARA TERABÍTIA 
Autora:
 Katherine Paterson
Número de páginas: 160
Editora: Salamandra
Nota: 3/5 ⭐


Oi, pessoal! Li "Ponte para Terabítia" no final de junho, e estou fazendo a resenha agora :)

Este é um livro bem famoso, ganhador de inúmeros prêmios, e que deu origem ao filme de 2007. Creio que a minha opinião a respeito dele seja incomum, então acompanhe a resenha para saber mais 😉 

"Ponte para Terabítia" conta a história de Jesse Aarons, um menino de 10 anos que tem como objetivo ser o melhor corredor do colégio. Ele e sua família não possuem uma boa relação, sendo que seu pai não lhe dá muita atenção quando chega do trabalho, à noite, o que torna o menino um pouco solitário. No entanto, tudo muda quando Leslie Burke se muda para casa ao lado, e vence a todos em uma corrida. Logo eles desenvolvem uma amizade e se tornam inseparáveis. Assim, eles decidem criar "Terabítia", um mundo mágico onde criaturas fantásticas e sonhos são reais, usando o poder da imaginação. 

É um bom livro, mas esperava mais. Talvez porque eu praticamente só encontrei boas críticas na internet, e porque ele é tão aclamado. A solidão de Jesse em sua casa é tocante, e creio que esse seja um ponto bastante interessante no livro, sua amizade com Leslie é bem bonita e o livro levanta algumas questões interessantes. Porém, ao ler a obra, eu fiquei com a impressão de que os fatos ocorreram de forma muito corriqueira. Além disso, um fato muito importante e triste desse livro (que eu já sabia que ia ocorrer, mesmo não tendo assistido ao filme ou lido spoilers a respeito disso, já que era meio... previsível) foi bem desnecessário, em minha opinião. Se você já leu, creio que saiba do que estou falando (e, caso você leia um dia, entenderá). 

É um livro emocionante, em certos aspectos. Porém, não chorei, como quase todo mundo que o leu (e olha que eu sou meio chorona kkkk). O final é lindo, e deu aquele quentinho no coração. Uma leitura ótima e curta. Esperava mais, como já disse, mas creio que isso varie de leitor para leitor 🙃❤



CITAÇÕES FAVORITAS

"-Antes de chegar a hora e a gente viver alguma coisa, nunca dá mesmo para saber como vai ser" 

"Feche seus olhos, mas deixe sua mente bem aberta."

sábado, 29 de agosto de 2020

Resenha: "Coração de vidro"

agosto 29, 2020 3 Comments
CORAÇÃO DE VIDRO 
Autor:
 José Mauro de Vasconcelos
Editora: Melhoramentos
Número de páginas: 72
Nota: 5/5 ⭐


Olá, pessoal! Li "Coração de vidro" em janeiro, mas estou fazendo a resenha apenas hoje. 

José Mauro de Vasconcelos, mesmo escritor de "O meu pé de Laranja Lima", nos presenteia com quatro histórias delicadas, cheias de reflexões sobre como o ser humano é cruel com a natureza. As histórias se entrelaçam ao terem em comum uma mesma fazenda, em diferentes momentos e contextos. Com narração em primeira pessoa, podemos acompanhar a trajetória do Pássaro Azulão, do Peixinho Vermelho, do Cavalinho de Ouro e da Mangueira Moça. 

HISTÓRIA NÚMERO UM- A MISSA DO SOL

Em "A missa do Sol", conhecemos a história de um passarinho azul, que vivia feliz na companhia de outros pássaros na fazenda, sempre a cantarolar. No entanto, enquanto voava por fora dos limites da "floresta", um grupo de homens o capturou e ele viu sua liberdade se esvair. Dessa forma, acompanhamos a tristeza do fim dos dias do passarinho, preso em sua gaiola. É um conto bastante triste, e nos leva a refletir sobre como o ser humano é egoísta para com os animais. 



HISTÓRIA NÚMERO DOIS- O AQUÁRIO

Nesse conto, acompanhamos a trajetória do belo peixinho Clóvis, que, retirado de um açude na fazenda, foi viver em um aquário. Lá, acompanhamos sua solidão, suas tristezas e arrependimentos. Uma história igualmente tocante! 

HISTÓRIA NÚMERO TRÊS- O CAVALO DE OURO 

Nessa história, acompanhamos a trajetória do cavalinho Saturno, retirado dos braços de sua mãe para ser um cavalo de corrida. Ganhando diversas competições, Saturno se machuca e não pode mais correr. Dessa forma, sua realidade muda mais uma vez, e a solidão toma conta de sua vida. É uma história extremamente comovente, em diversos momentos! Em "O cavalo de ouro"  podemos ver como as pessoas "descartam" facilmente não apenas os animais, mas também os outros seres humanos.

HISTÓRIA NÚMERO QUATRO- A ÁRVORE 

Dona Candoca era uma mangueira-moça que vivia na fazenda, e nutria um carinho enorme pelo filho dos donos do local, o "Príncipe", que foi embora para ser internado em um colégio quando tinha somente 8 anos. Quanto voltou, já adulto, havia virado um "homem comum", que não se importava mais com a natureza. Isso partiu o coração de Dona Candoca, que faleceu em sua melancolia. Uma história muito triste, pois mostra como o ser humano dá pouco valor àqueles que se importam verdadeiramente conosco, e também à natureza, vendo destruição como sinônimo de progresso.



E assim termina essa resenha... 

É um livro curto, de apenas 72 páginas, mas delicado, belo e muito poético, com lições que levarei para toda a vida! Leitura essencial para crianças, mas também para os adultos mergulhados em suas próprias hipocrisias. Recomendo muitoo! ❤ 

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Resenha: "Sejamos todos feministas"

agosto 24, 2020 0 Comments
SEJAMOS TODOS FEMINISTAS
Autora:
 Chimamanda Ngozi Adiche
Editora: Compahia das Letras
Número de páginas: 63
Nota: 5/5⭐


"Sejamos todos feministas" é o primeiro livro de Chimamanda Ngozi Adiche que leio. Ela é bastante conhecida por obras que se tornaram clássicas, como Americanah e Hibisco Roxo, além de outros livros. Também é o primeiro livro que leio no meu novo Kindle (estou gostando bastante, e ainda estou aprendendo a mexer em algumas coisas rsrsrsrs)! 

A obra é uma versão de uma palestra que a autora deu no TEDxEuston, em 2012. Primeiro, assisti à palestra, que está disponível com legendas no YouTube (deixarei aqui, caso queiram conferir), e já conta com milhares de visualizações. Assisti há uns 2 meses, e, quando vi que o livro estava disponível gratuitamente na loja Kindle, tratei de baixá-lo! Não sei se era uma promoção, nem se ele ficará disponível de graça para sempre, mas baixei pra aproveitar kkkkk 😅 Vocês podem ativar a legenda em português, para assistir :)



"Sejamos todos feministas" é um livro curto, daqueles que dá pra ler em cerca de uma hora, em uma sentada. Também é ótimo para presentar alguém que deseja conhecer mais o movimento, tanto homens como mulheres. Esse livro é perfeito para quebrar vários tabus acerca do tema, além de ser um "tapa na cara" para quem diz que não precisamos do feminismo, que as mulheres já possuem todos os direitos conquistados, ou que distorcem o real significado do movimento. É uma ótima obra para começar a entender o feminismo!

Cheio de questionamentos, o livro gera em nós, leitoras, vários momentos de reflexão, e até mesmo revolta com as injustiças que nos são impostas. Certamente uma ótima leitura para quem quer sair da prórpria bolha também! Chimamanda foca na realidade das mulheres nigerianas, mas também fala do mundo de uma forma geral, já que o machismo está presente mundialmente.

"Sejamos todos feministas" é, basicamente, a palestra que ela deu em forma de livro, porém com algumas modificações. Isso não me incomodou, e acho extremamente válido assistir à palestra e ler o livro, pois alguns detalhes podem passar despercebidos.

Recomendo muito essa leitura, pois acredito que ela possa ser uma porta de entrada para o feminismo e para quem quer entender mais o movimento! ❤🥰

CITAÇÕES FAVORITAS :)

"Encontre o seu espaço, mas nunca esqueça que mesmo se não se encaixar em lugar algum, o seu corpo sempre será o seu primeiro lar. Cuide dele com carinho e atenção. Não porque ele precisa ser constantemente aprovado pelos outros, mas porque você vai se sentir livre quando aprender a se sentir confortável nele. Essa liberdade não é sobre poder ir para lugares distantes, é sobre ficar bem onde você bem entender"

"Se repetimos uma coisa várias vezes, ela se torna normal. [...] Se só os homens ocupam cargos de chefia nas empresas, começamos a achar 'normal' que esses cargos de chefia só sejam ocupados por homens"

"52% da população é feminina, mas os cargos de poder e prestígio são ocupados por homens" 

"Quanto mais perto do topo chegamos, menos mulheres encontramos"

"Nossa definição de masculinidade é muito estreita. Abafamos a humanidade que existe nos meninos, enclausurando-os numa jaula pequena e resistente." 

"Quanto mais duro um homem achar que deve ser, mais fraco será seu ego."

"O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos."

"Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das exéctativas do gênero." 

"O feminismo faz, obviamente, parte dos direitos humanos de uma forma geral - mas escolher uma expressão vaga como 'direitos humanos' é negar a especificidade e particularidade do problema de gênero." 

"E isso é parte do problema: os homens não pensam na questão de gênero, nem notam que ela existe." 

"Um homem pobre ainda tem o privilégio de ser homem, mesmo que não tenha o privilégio da riqueza" 

🍃🍃🍃🍃

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Sorteio!!

agosto 21, 2020 0 Comments

Olá, pesssoal! Tudo bem? Venho, por meio deste post, comunicar a ocorrência de um sorteio no Instagram do blog! Isso mesmo :) Então, corre lá e participa 😍 O insta é esse aqui (basta clicar em cima do nome): @sementesliterarias

Os prêmios são um marcador de páginas personalizado do Sementes Literárias + Livro "Uma história de verão", da Pam Gonçalves. Para participar, você precisa seguir algumas regrinhas, que foram explicadas no post. Também é necessário entrar em contato comigo (por meio do direct do Instagram) em até 48h 😉 Caso contrário, um novo sorteio será realizado. 💚 

 

Ahhh, se você não segue o blog no Instagram, aproveita e já segue! Assim, você poderá ter acesso a conteúdos exclusivos, além de acompanhar as novidades do blog! Além disso, o Instagram possibilita uma maior intereção da minha pessoa com você, leitora do blog. 🥰 

Por fim, gostaria de esclarecer que o marcador de páginas é exclusivo, e só existem 2 unidades dele (uma minha e a outra está sendo sorteada). Assim, você, além de ganhar o livro, recebe um marcador de páginas único e lindo! 😍❤

 Conto com a sua participação! Qualquer dúvida, podem me enviar por direct, lá pelo Instagram. Beijos e até breve! 💚😘



domingo, 16 de agosto de 2020

Resenha: "A herdeira", Kiera Cass

agosto 16, 2020 0 Comments
A HERDEIRA
Autora:
 Kiera Cass
Editora: Seguinte (o selo jovem da Compahia das Letras)
Número de páginas: 392
Nota: 2,5/5 ⭐


Li "A herdeira" em janeiro (sim, em janeiro!) e a resenha estava pendente, mas... não mais!! Antes tarde do que nunca hehehehe 🙃🙃

"A herdeira" é a sequência de "A Escolha", da série "A Seleção" .  Acredito que seja a capa mais bonita de toda a série 😍❤ No entanto, este livro não faz parte da trilogia da America Singer, e conta a história da filha dela, Eadlyn Schereave, 20 anos após o fim do livro anterior. Assim, não recomendo que você leia essa resenha caso ainda não tenha concluído a trilogia da America :)

"A herdeira" é narrado por Eadlyn, e é um livro que divide bastantee opiniões: enquanto uns amam, outros não gostam nem um pouquinho. Entendo que seja  outra história, a da Eadlyn, que possui uma personalidade bem diferente de sua mãe. É importante ter isso em mente, para evitar maiores decepções. 

No livro, ocorrerá uma nova Seleção, onde 35 garotos disputarão a mão de Eadlyn, a filha mais velha e herdeira do trono. O sistema de castas foi extinto no governo de America e Maxon, mas ele deixou várias marcas na sociedade, como o preconceito e segregação social. Revoltados com a situação, novos grupos de rebeldes começaram a atacar a monarquia. Isso me lembra um pouco da história do Brasil (em contextos diferentes, é claro), onde a escravidão foi extinta, mas nada se fez durante ANOS para reverter as cicatrizes deste triste período histórico (cujas marcas permanecem vivas até o dia de hoje). As cotas, por exemplo, é uma tentativa do Estado de reparação histórica. Bom, foi só um paralelo que fiz 🙃 A revolta do povo é totalmente compreensível. Assim, para controlar a situação, America e Maxon decidem criar outra seleção com a futura rainha, com o objetivo de distrair o povo e fazer com que eles "ganhem tempo" para pensar em algo para se fazer a respeito. A protagonista ficou super irritada com isso (obviamente), mas concordou em participar.


A Eadlyn é uma personagem forte e que não se deixa abalar. No entanto, é extremamente mimada, irritante e egocêntrica!! "A herdeira" foi um livro que custou a terminar, pelo menos para mim. Acredito que tenha sido uma sequência um tanto desnecessária. Acho extremamente válido a autora querer mostrar o futuro dos dois, mas creio que ela poderia ter feito isso de uma forma melhor, com uma história mais empolgante e cativante, de fato. A história não me prendeu muito, e os personagens não me cativaram, o que, claro, dificulta a conexão do leitor com a obra. 

Não estou animada para ler a sequência e a conclusão da série: "A Coroa". Não sei nem se vale a pena, visto que "A herdeira" foi uma decepção total... estou adiando bastante essa leitura, admito. Talvez eu leia "A coroa" um dia, quando tiver coragem 😅 Não recomendo "A herdeira", mas, como ele é um livro que divide bastante opiniões, talvez você leia e goste (afinal, vai do gosto de cada um ❤). 

E você? Gosta da Seleção? Leu a Herdeira? O que achou? Me conta aqui nos comentários! ❤




quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Resenha: "Uma fada veio me visitar"

agosto 12, 2020 0 Comments
UMA FADA VEIO ME VISITAR 
Autora: Thalita Rebouças
Editora: Rocco Jovens Leitores
Número de páginas: 144
Nota: 4/5 ⭐

Recentemente, li "Uma fada veio me visitar", da Thalita Rebouças e com ilustrações de Roberta Lewis. Sou fã da autora, com sua linguagem simples e extremamente divertida, e as situações cotidianas das personagens, que geram fácil identificação no leitor. Assim, decidi ler "Uma fada veio me visitar", que inspirou o filme "É fada!" de 2016. No entanto, vale ressaltar que o filme não é uma adaptação do livro, pois, pelo que li de sinopses e críticas, a história mudou completamente! Nunca assisti ao filme, mas admito que fiquei decepcionada ao constatar que o enredo era bem diferente do livro. Espero que ele ganhe uma adpatação, um dia :)

"Uma fada veio me visitar" é um livro bem curtinho, dando para ler uma sentada. Li em 2 dias, e gostei bastante! É uma história bem fofinha, que fala especialmente sobre amizade (e, diga-se de passagem, eu gosto muito de livros que falam sobre o tema), com a linguagem característica da Thalita, como apontei no início da resenha. Praticamente não consegui largá-lo até ter concluído a leitura! <3



Em uma véspera de prova de matemática, Luna, uma garota de 13-quase-14 anos, recebe a visita da fada Tatu, que, após ter dormido por 42 anos por conta de um castigo, precisa realizar sua primeira missão depois desse período. É aí que entra Luna, escolhida para ajudar Tatu. A missão envolve a Lara Amaral, a patricinha do colégio, fortemente detestada por Luna. Um tanto hesitante, a escolhida decide ajudar a fadinha, para livrá-la de outro castigo e ajudá-la a conseguir uma promoção no mundo das fadas. 

É uma história simples e divertida, que ensina, principalmente, a não julgar os outros pelo que eles aparentam ser ou ter, e a que empatia é primordial. Apresenta também inúmeras referências ao "mundo dos humanos", porém na versão da realidade das fadinhas, o que gera trocadilhos engraçados e que arrancam um sorrisinho nos lábios que quem lê. Enquanto lia, fiquei imaginando como seria legal possuir uma fada, e talvez essa tenha sida uma das intenções da autora com o livro. 



Uma ótima obra para aqueles que estão inciando no mundo da leitura, mas também para quem busca algo leve, rápido e fofo! Certamente um livro que ficará guardado com carinho no meu coração ❤

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Resenha: "Tina- Respeito"

agosto 07, 2020 2 Comments
TINA: RESPEITO
Autora (roteiro e ilustrações):
 Fefê Toquarto
Editora: Panini Comics
Número de páginas: 100
Nota: 4/5⭐

Oi, pessoal! Tudo bem? Eu estou devendo uma resenha de Ponte para Terabítia, que li no final do mês passado. Porém, como li esse livro ontem, decidi fazer a resenha para não acumular mais :) 

Nesse ano estou lendo mais quadrinhos e tirinhas, como vocês já devem ter percebido, isto porque sempre gostei do gênero, mas nunca dei uma chance de "ampliar meu leque", de fato. Foi quando me lembrei de uma graphic novel que havia ouvido falar e tinha achado interessante: Tina-Respeito. A graphic faz parte do selo "Graphic MSP", do Maurício de Sousa. 


A Graphic MSP é um selo da Maurício de Sousa Editora, publicado pela Panini Comics. O projeto, que surgiu em 2012, possui a intenção de trazer uma releitura dos personagens originais do Maurício, feita por quadrinistas nacionais, sem, no entanto, fazer com que eles percam sua essência. "Tina-respeito" é apenas uma graphic desta coleção incrível, que segue crescendo. Foi a primeira que li, e pretendo ler outras futuramente 🥰❤ Ah, sabia que o live-action "Turma da Mônica: Laços" foi inspirado em uma graphic lançada pelo selo? Pois é :) 

A obra  é bem curtinha, dando para ler em uma "sentada". Eu a devorei em cerca de 1 hora e meia, tamanha a fluidez da leitura! O livro, com roteiro e ilustrações da quadrinista Fefê Toquarto, faz uma releitura da Tina, personagem criada na década de 70. Na trama, a personagem precisa lidar com o assédio que sofreu em seu primeiro emprego, além de nos depararmos com suas expectativas para com o trabalho, sua vida, etc. Podemos também rever alguns personagens que fazem parte do universo da Tina, como a Pipa e o Rolo. Ao final da leitura, encontramos ainda uma seção com extras (bem interessante, por sinal!), que mostram o processo da autora na escrita e ilustração do livro, escolha da capa, do teaser (divulgado na CCXP - Comic Con Experience - de 2018) e também um pouco da história da personagem, que, como dito anteriormente, surgiu nos anos 70, como hippie

Referência à Tina original (quando sua trajetória começou), hippie dos anos 70

As ilustrações são belíssimas e delicadas, e as cores são vivas e igualmente belíssimas. Algumas vezes eu parava na página apenas para ficar admirando a ilustração 😅❤ Gostei bastante da história, pois ela traz consigo inúmeras reflexões. Porém, creio que o final foi um pouco corriqueiro, mas isso não foi algo que me incomodou muito. O tema principal, o assédio, é um tanto pesado, mas a Fefê Toquarto conseguiu retratá-lo com delicadeza e leveza! 

Além disso, a edição é linda e bem trabalhada! Capa dura, com ilustrações por todo o livro... um charme só! 💞

Reflexão abordada no livro

Infelizmente, a graphic causou muita polêmcia, por tratar de um tema tão importante e atual como é o assédio. Li alguns comentários negativos (que, felizmente, não foram a maioria), que criticavam a obra simplesmente pelo fato abordar o assédio e de trazer uma Tina exigindo por respeito e onde ela não se cala. 

A Fefê Toquarto fez uma belíssima ilustração para o dia da mulher (colocarei ela logo abaixo do parágrafo seguinte), onde vemos a Tina com uma expressão levemente irritada, com dois cartazes, um com o símbolo de vênus (representando o gênero feminino e a luta feminista) e uma pilha de livros do movimento (Bell Hooks, Djamila Ribeiro, Angela Davis etc). Um comentário na publicação da Maurício de Sousa Produções me chamou bastante a atenção. Ele dizia: "A Tina era tão feminina e delicada. Horrível com essa careta de revoltada" (escrito por uma mulher, o que me entristece mais ainda). Isso foi apenas um exemplo, é claro que outros comentários (até piores do que este) foram feitos, mas escolhi este justamente por mostrar a ignorância das pessoas com relação ao feminismo e à obra. 

Claramente as pessoas não entendem o contexto do livro e não buscam tomar conhecimento. Além disso, ser feminina não significa ser sempre graciosa e feliz com o mundo ao redor. Nós, mulheres, temos motivos suficientes para fazermos "careta de revoltada", e isso não reduz a feminilidade de ninguém, ou torna uma pessoa "horrível". O dia da mulher não foi criado para ser celebrada a feminilidade de uma mulher, mas sim suas lutas, o que ela conquistou, e o que ela ainda tem que conquistar, portanto, o comentário foi equivocado em vários sentidos. 

Linda ilustra, né?

Leiam a graphic, é linda e vale a pena a leitura (tanto para homens como para mulheres)! "Tina-respeito" é um daqueles livrinhos para se ler em uma tarde, tranquilamente, e ainda refletir sobre a vida. Recomendo! ❤🥰 Você já conhecia o selo Graphic MSP? Já leu algum da coleção? Gosta de quadrinhos? Me conta sua opinião, vou adorar lê-la! ❤